domingo, 31 de outubro de 2010

DONDE VÊM ESTAS DESGRAÇADAS POLÍTICAS QUE NOS CABE DERROTAR


Num artigo do Guardian, Georges Monbiot faz uma boa exposição das ideias neo liberais que enformam as politicas seguidas por governos e organizações internacionais, como o FMI e a União Europeia, e das trágicas consequências provocadas pela sua aplicação.


"No seu livro The Shock Doctrine, Naomi Klein mostra como o “capitalismo de desastre” foi concebido pelos neoliberais extremistas da Universidade de Chicago. Esta gente acreditava que a esfera pública devia ser eliminada, que o capital devia ser livre para fazer o que quisesse, que os impostos deviam ser reduzidos e as despesas sociais ser substancialmente reduzidas ou mesmo eliminadas.

Acreditavam que a liberdade pessoal total num mercado completamente livre produz uma economia, e relações entre as pessoas, perfeitas. Era um sistema utópico tão fanático como o dum culto religioso. E era profundamente anti popular. Durante muito tempo os seus únicos apoiantes foram os dirigentes de grandes multinacionais e meia dúzia de marados no governo dos USA.

Numa democracia, em condições normais, os que são prejudicados pelo corte das prestações sociais terão sempre mais votos dos que os que lucrariam com isso. Por isso o Programa de Chicago não podia ser imposto nessas circunstâncias. Como o guru da Escola de Chicago, Milton Friedman, explicou “ somente uma crise – real ou sentida – produz mudanças reais”. Depois duma crise surgir “o governo tem seis a nove meses para impor alterações substanciais; se não actuar decisivamente durante esse período, não voltará a ter uma oportunidade tão boa”.

A primeira oportunidade foi proporcionada pelo golpe de Pinochet no Chile. O golpe foi tramado entre duas facções: os generais e um grupo de economistas treinados na Universidade de Chicago, e financiado pela CIA. Aquelas ideias já tinha sido rejeitadas pelo eleitores (com a eleição de Allende), mas agora o eleitorado era irrelevante. As políticas da Escola de Chicago – privatização, desregulação, cortes de impostos e despesas – foram catastróficos. A inflação subiu para 375% em 1974.

Mesmo assim, Friedman insistiu que o programa estava a avançar muito devagar. Numa visita ao Chile em 1975 convenceu Pinochet a endurecer as medidas. O resultado foi um massivo crescimento do desemprego e a quase extinção da classe média. Mas os muito ricos, e as grandes empresas, pagando poucos impostos, desreguladas e engordadas com as privatizações, tornaram-se muito mais poderosas.

Em 1982 as receitas de Friedman tinham causado um crash espectacular. O desemprego chegou aos 30%; a dívida disparou. Pinochet despediu os economistas de Chicago, re-nacionalizou as empresas mais afectadas, e a economia começou a recuperar. O chamado milagre chileno só começou depois das doutrinas de Friedman serem abandonadas. O programa catastrófico da Escola de Chicago empurrou quase metade da população para baixo da linha da pobreza e fez do Chile um dos países com maior índice de desigualdade social."

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