quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ATIÇARAM A CANZOADA E AGORA NÃO VAI SER FÁCIL TORNAREM A PÔR-LHES O AÇAIMO.


A direita neo liberal e conservadora para além de perder as eleições, perdeu a compostura, a vergonha, o juízo, e a ténue camada de verniz que usa para se tentar fazer passar por democrática e civilizada.

Durante quase dois meses Cavaco e Passos, acolitados pelos seus mais próximos, e seguidos pela turba ululante dos que vêm os seus tachos em risco, têm tentado, com pouco sucesso, incendiar o país.

Mesmo depois do inquilino de Belém ter metido o rabo entre as pernas e se ter resignado a empossar o governo do PS, e o homem da Tecnoforma se ter conformado a ocupar a sua cadeira no parlamento, a canzoada continua por aí desaustinada a ladrar às canelas da esquerda, e não vai ser fácil os donos voltarem a pôr-lhes o açaimo.

Ainda ontem os pasquins ignoraram a profissão de membros do novo governo e anunciaram-nos em títulos garrafais como CEGA e CIGANO, e um abjecto espécimen da direita trauliteira, deputado do PSD e ex-secretário de Estado da Administração Local, de seu nome António Leitão Amaro, sentado na fila da frente da bancada do PSD, em sessão plenária da AR, chama a uma deputada do Bloco de Esquerda: PUTA.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

OS PARTIDOS SÃO O QUE SÃO, MAIS AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS


E a circunstância do PS, resultante da composição da AR saída das eleições de 4 de Outubro, colocava-lhe duas alternativas: ou estabelecer um entendimento explicito ou implícito com a coligação PSD/CDS, o que apressaria a sua pasokização, ou fazer um acordo à esquerda que talvez lhe permita continuar a ter um papel importante, mas não central, no quadro politico partidário português.

Já a circunstância do PCP e do BE era escolher entre a continuação das politicas de desastre nacional do PSD e CDS, ou procurar um entendimento com o PS que permita ao menos travar as politicas de destruição económica e social que arrasaram o país nos ultimo anos.

Foram estas circunstâncias, e não uma inexistente aproximação entre o PS e os partidos à sua esquerda e às suas politicas (e vice versa), que levaram aos três Acordos assinados ontem, 10/11, do PS com o BE, PCP e PEV e à viabilização dum governo PS, o que não sendo uma rotura com a austeridade e a troika, prometem ao menos algum alívio aos sectores mais sacrificados pela sanha neo liberal e reaccionária do governo de Passos e Portas.

Alívio que se traduz num pequeno acréscimo do rendimento de trabalhadores e reformados, nalgumas melhorias nas condições de vida da população, e num travão às privatizações, à degradação dos direitos laborais, e à continuação da destruição do Estado Social.

Melhorias quer em relação à continuação da politica suicidária do PSD/CDS, quer mesmo em relação às propostas do PS pois, apesar das muitas diferenças, tanto o programa eleitoral do PSD/CDS como o do PS eram enformados pela mesma orientação de economia liberal, ou neo liberalismo, vigente.

Por razões praticas e opção política sempre estive do lado dos que defenderam e tentaram praticar a unidade da esquerda, e por isso é com algum desencanto que vejo a reduzida empatia que uma solução de governo à esquerda (que mesmo não sendo um governo de esquerda) está a suscitar entre o pessoal desta área.

Mas, entre um voluntarismo susceptível de esmorecer à primeira dificuldade, e o realismo decorrente da necessidade, prefiro que o entendimento seja fruto da necessidade, pois mantendo-se a necessidade mais hipóteses há de se manter o entendimento.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O PCP E O BE DEVEM IR PARA O GOVERNO


Se, como disse ontem (6/11) António Costa, o PS está aberto à participação do PCP e do BE no governo, então estes partidos devem assumir em pleno as responsabilidades e dificuldades de pôr em pratica os acordos a que chegaram com o PS.

Durante a campanha eleitoral quer o PCP quer o BE afirmaram-se dispostos a assumir responsabilidades governativas, e é isso que agora esperam deles os cerca de um milhão de eleitores que neles votaram.

É certo que quer o PCP, quer em certa medida o BE, deixaram clara a necessidade dum tipo de rotura com as actuais politicas de austeridade que o PS, maioritário à esquerda, não acompanha.

Mas o facto, de que podemos não gostar mas que temos de aceitar, é que não estão criadas as condições sociais e politicas que permitam pôr na ordem do dia questões como a presença do país no euro ou a rejeição do Tratado Orçamental.

A escolha agora é entre a continuação do governo da direita neo liberal e reaccionária do PSD/CDS, ou um governo à esquerda (não confundir com um governo de esquerda) que embora sem um programa para ultrapassar os bloqueios principais com que o país se defronta, possa ao menos travar as politicas de destruição económica e social que arrasaram o país nos ultimo anos.

A saída da Crise (a saída de qualquer crise dum país), exige uma ampla mobilização social, com particular destaque para os trabalhadores e outras forças progressistas. A participação do PCP e do BE num governo do PS deve ser também entendida como um contributo à indispensável mobilização da sociedade portuguesa por um futuro melhor e mais digno.