domingo, 15 de outubro de 2017

ELEIÇÕES EM LOURES
O FLOP DO PAFISMO RADICAL E O "EFEITO PORTELA"


Já por aqui referi o fiasco do balão de ensaio da candidatura do pafismo radical à Câmara de Loures onde, apesar da subida de 5,5% da votação do PSD em relação à votação de 2013, os 21,5% agora obtidos ficam ainda bem longe dos cerca de 28% alcançados pelo PSD no concelho de Loures nas legislativas de 2011 e 2015.

Recorde-se que quando a CDU ganhou a Câmara de Loures em 2013 teve mais 12,8% de votos do que em 2009 (de 22,9% em 2009 subiu para 34,7% em 2013), conseguindo ainda mais 21% de votos do que os 13,9% alcançados nas legislativas de 2011. Embora com uma enorme cobertura e promoção da Comunicação Social e com muita animação nas redes sociais, o certo é que o candidato de extrema direita apenas mobilizou uma parte daquele eleitorado do PSD que nas eleições para a câmara de Loures habitualmente opta pela abstenção ou pelo voto útil noutros candidatos.

No entanto, mesmo aquela fraca subida a nível concelhio de 5,5% tem variações significativas a nível de freguesia, com pouca expressão nas freguesias do norte do concelho, ainda com características rurais, onde o PSD apenas subiu 0,8% em Bucelas e 1,9% em Lousa e Fanhões. Onde o PSD sobe mais, mas mesmo assim longe do que consegue nas legislativas, é nas freguesias com algumas características suburbanas, como Camarate, Apelação e Unhos, onde teve mais 7,4%, e em S. Iria de Azóia, S. João da Talha e Bobadela, 7,2%.

No outro extremo está a Portela, bairro de classe média e média alta (44,4% da população com o Ensino Superior), onde o efeito foi o contrário do pretendido, com a votação no PSD para a Câmara de Loures a descer de 39,3% em 2013, para 36,6% em 2017, uma quebra ao arrepio da subida geral de 5,5%, o que é muito más noticias para aquela parte do PSD de tradição democrática e liberal.

E como uma desgraça nunca vem só, os génios do PSD que na São Caetano à Lapa e em Loures congeminaram o que lhes deve ter parecido a invenção da roda, assistem ainda na Portela, o mais importante bastião do PSD em Loures, à subida da CDU de 15,7% e 903 votos em 2013, para 20,8% e 1342 votos em 2017.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

"DOCUMENTOS COM HISTÓRIA", Outubro de 2017 - Nos Oitenta Anos da "Greve dos Rapazes"


Julho de 1937, na manhã de um dia não determinado, uma «manifestação de greve de braços cruzados» está em marcha numa das oficinas da Fábrica de Loiça de Sacavém. O mestre-geral tinha suspenso dois menores operários, por uma falta disciplinar, e cerca de 60 operários da sua oficina quiseram mostrar o desagrado quanto ao sucedido. Dário Canas, chamado pela administração da fábrica, na qualidade de administrador do concelho, fala com os «rapazes de 13 a 20 anos» e convida-os a retomarem o seu trabalho, por estarem a cometer uma falta punida por lei, dizendo-lhes ainda que perdoava a sua atitude por serem de pouca idade.

Na parte da tarde, o trabalho não foi retomado, Dário Canas volta à fábrica e depois de mais uma conversa tudo parece voltar ao normal. Quatro dias depois, durante a noite, é lançada para uma janela da casa do mestre-geral uma bomba que causa apenas estragos materiais. Uma patrulha do Regimento de Artilharia Pesada nº 1 vai policiar o local e é avisada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Como consequência, por insistência da PVDE ao administrador do Concelho, são presos três operários e uma operária para averiguações.

No mês seguinte, no dia 9, um grupo de cinco operários dirige-se, no fim do dia de trabalho, ao mestre-geral «intimando-o a promover a imediata soltura dos seus companheiros presos». Esta atitude faz suspeitar que qualquer coisa de grave poderia acontecer, colocando em alerta a administração da fábrica, o administrador do concelho e as forças militares presentes em Sacavém.

De facto, no dia seguinte comparecem no local vários agentes da PVDE e os militares de Artilharia. Às 7h45 entram na fábrica cerca de mil operários, mas o pessoal da oficina que tinha feito a greve no mês anterior é retido e impedido de entrar. De seguida são procurados e detidos os cinco operários, que intimaram o mestre-geral, aos quais se juntaram mais dezassete criteriosamente escolhidos pelos agentes da PVDE.

Quando a viatura que os conduziria a Lisboa se prepara para sair, ouve-se tocar a rebate o sino da igreja, acorrendo aos portões da fábrica grande número de mulheres, «que em altos gritos pediam a libertação dos presos», assim como os operários abandonam o seu trabalho e começam a protestar, barricando-se dentro da fábrica.

Perante a debilidade de forças para suster a multidão amotinada, foi solicitada a presença da Guarda Nacional Republicana, que invade a fábrica para retirar os operários «mercê d’algumas pancadas dadas nos mais renitentes». Às treze horas «todos voltaram normalmente ao trabalho sem que mais perturbações se tenham dado».

A 14 de agosto de 1937, Dário Canas, que também era o presidente da Câmara Municipal de Loures, elabora um relatório muito pormenorizado da sua visão dos acontecimentos aqui resumidos, conhecidos futuramente como a «Greve dos rapazes» e um marco do movimento operário em Sacavém.

Também poderá visualizar o documento no Portal do Arquivo, através do link: http://app.cm-loures.pt/portalarquivo/agenda.aspx?displayid=148.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

NÃO, NÃO FOI SÓ O EFEITO PS


Em 2013, pondo termo a 12 anos de governação PS, a CDU conquistou a Câmara de Loures, no que foi um importante vitória da CDU nesse ano.

Com Bernardino Soares a lista para a Câmara ganhou com uma vantagem de 2873 votos sobre o PS, e a lista com Fernanda Santos como primeira candidata à Assembleia Municipal ganhou com mais 1484 votos que o PS.

Agora em 2017 Bernardino Soares conquista de novo a Câmara de Loures reforçando a vantagem sobre o PS para 3964 votos.

Já para a Assembleia Municipal em que, sem motivo conhecido, a CDU decidiu substituir Fernanda Santos como primeira candidata à Assembleia Municipal, a CDU perdeu a AM com menos 1583 votos que o PS.

(Aproveito para aqui deixar uma palavra de justo e merecido agradecimento à Fernanda Santos pelo trabalho realizado durante os últimos 4 anos como Presidente da Assembleia Municipal de Loures)