O "eles" do título é assumidamente dirigido à classe política. Bem sei que em Portugal temos esta mania desresponsabilizadora de atirar com um "eles" indefenido, incolor e inodoro para tudo e mais qualquer coisa, como forma de alijar responsabilidades e atribui-las a uma entidade não determinada, sem que tenhamos de assumir a acusação ou reclamação.
Não é aqui o caso, já que acusamos, assumindo a acusação, que os candidatos a deputado às próximas eleições de 5 de Junho de 2011 e os partidos políticos que representam, se mostram a leste (também de poderia indicar qualquer outro ponto cardeal...) dos verdadeiros problemas estruturais do país, logo, estão também muito longe de os poder (ou querer) resolver.
Enquanto alguns se entretêm a fingir que a situação a que o país chegou nada tem que ver com eles, outros, afirmando-se alternativa, caem no jogo medíocre das demagogias eleitorais, nas superficialidades políticas, nos "pintelhos" das disputas menores.
O país vai aceitar emprestado, uma barbaridade de dinheiro - para as suas necessidades mais urgentes (dizem-nos sem comprovarem), mas sobretudo, para as vorazes necessidades de lucro dos bancos e do capital financeiro em geral - que comprometerá o desenvolvimento nos próximos anos (ou décadas ?), amarrará as próximas gerações a sacrificios pelos quais não são responsáveis e que ninguém sabe como será pago ou sequer se será.
A questão fulcral, está mesmo a ver-se, tem que ver com a natureza do empréstimo e com o "contrato" (o famigerado memorando de compromisso da troika) que o regula. Tudo o indica, o malfadado empréstimo pode ser aparentado aos empréstimos que contraem os viciados no jogo: servem para pagar as dívidas, para comer umas pizzas para se manterem de pé e para novas apostas de sorte e azar, na esperança que um dia um tremendo jackpot os faça felizes.
Ou seja, este empréstimo não visa restabelecer a capacidade produtiva do país, não visa fazer evoluir os factores de produção, não visa modernizar e conferir eficácia aos sectores económicos de base nacional, enfim, não visa o desenvolvimento. É bem capaz de ser aquela última sardinha que deita o burro abaixo definitivamente...
De resto, se os partidos e os candidatos a deputados, se algum ou alguns deles, fossem capazes de olhar adiante e afastar dos olhos a espuma dos ruídos mediáticos, das demagogias baratas, das urgências panfletárias, talvez pudessem prestar atenção, reflectir e verter para os respectivos programas eleitorais, uma questão absolutamente estruturante para o século XXI em Portugal, a questão demográfica.
Quando os sucessivos estudos tornam evidente que "Mais de metade dos concelhos portugueses perdeu população ao longo da última década e em 82 municípios são mais as pessoas a sair do mercado de trabalho dos que as que entram". Quando se sublinha que "A perda da população (...) já se começa, a sentir. Mais de metade dos municípios (158) perderam pessoas nos últimos nove anos". Quando fica patente que "o envelhecimento da população afecta o sistema de protecção social porque há falta de pessoas no mercado de trabalho". Quando as projecções indicam a preocupante situação futura de que "Portugal arrisca-se a perder quatro milhões de habitantes até 2100", parece não restarem dúvidas que muitas das discussões, análises, propostas, promessas e slogans da campanha eleitoral em curso não passam de "pintelhos".
Desde logo a começar pelas questão introduzida nos debates públicos pelo autor da boçalidade púbica. Embora se perceba bem os interesses que defende e os objectivos que o senhor persegue, é completamente tola (se não senil), num quadro destes, a pretensão de reduzir catastróficamente a taxa social única.
Também numa evolução demográfica destas, pouco adianta que o Sr. Pinto de Sousa se arme em cavaleiro, arauto e protector do "estado social". Não haverá estado social que possa resistir a um quadro em que aumenta crescentemente a esperança de vida e se reduz fortemente a população activa. E não tem como resistir com as suas políticas de subordinação ao capital financeiro que tolhe e estrangula qualquer perspectiva de desenvolvimento económico. Se ao factor trabalho se extorquir cada vez mais, é elementar que não será por "graciosa" contribuição do factor capital que se terá um estado moderno, solidário e justo.
Esse é afinal, o desenho do tal acordo com a troika para o empréstimo de 78 mil milhões de euros. O FMI, a UE e o BCE, com o beneplácito, simpatia e entusiasmo de PS, PSD e CDS garroteam as oportunidades de recuperação de Portugal. Esse acordo, não apoia, não estimula, não define, não orienta qualquer política para que recuperemos autonomia. Pelo contrário, impõe restrições, cortes, limitações e depressão sem fim. São poucas as possibilidades de crescer económicamente, logo, são correspondentemente poucas as possibilidades de algum dia pagarmos a dívida.
Não estamos a ser resgatados, mas sim a ser tornados reféns.
Dispensa-se grande "iluminação" para se ver que não será possível inverter a tendência demográfica, quando as condições sociais e económicas são do calibre que estamos a (e vamos) viver. Na natureza, sempre as espécies adaptaram a sua reprodução às condições de sobrevivência. Se não há o que comer, são escassas as crias a nascer. O comportamento humano, neste particular, parece tender ao mesmo padrão. (Por comer entenda-se aqui não apenas o factor básico da alimentação, mas também os demais elementos essenciais da sobrevivência, como habitar, vestir, saúde, etc).
Uma das formas óbvias e por ventura mais rápidas de atacar o declínio demográfico (e as suas consequências todas), são consistentes, responsáveis e inteligentes políticas de imigração, mas em nenhum programa eleitoral vejo tal preocupação e uma visão estratégica. Uma vez mais, quem se refere ao tema, aborda-o meramente de um ponto de vista ideológico (quantas vezes hipocritamente), com superficialidade ou venenosamente. Neste último caso, por cálculo eleitoral explorando alguns veios racistas e xenóbos e manchas de ignorância que de novo vão alastrando.
Suspeito pois que "eles" continua a leste do que é estrutural, essencial, primordial.
Não é aqui o caso, já que acusamos, assumindo a acusação, que os candidatos a deputado às próximas eleições de 5 de Junho de 2011 e os partidos políticos que representam, se mostram a leste (também de poderia indicar qualquer outro ponto cardeal...) dos verdadeiros problemas estruturais do país, logo, estão também muito longe de os poder (ou querer) resolver.
Enquanto alguns se entretêm a fingir que a situação a que o país chegou nada tem que ver com eles, outros, afirmando-se alternativa, caem no jogo medíocre das demagogias eleitorais, nas superficialidades políticas, nos "pintelhos" das disputas menores.
O país vai aceitar emprestado, uma barbaridade de dinheiro - para as suas necessidades mais urgentes (dizem-nos sem comprovarem), mas sobretudo, para as vorazes necessidades de lucro dos bancos e do capital financeiro em geral - que comprometerá o desenvolvimento nos próximos anos (ou décadas ?), amarrará as próximas gerações a sacrificios pelos quais não são responsáveis e que ninguém sabe como será pago ou sequer se será.
A questão fulcral, está mesmo a ver-se, tem que ver com a natureza do empréstimo e com o "contrato" (o famigerado memorando de compromisso da troika) que o regula. Tudo o indica, o malfadado empréstimo pode ser aparentado aos empréstimos que contraem os viciados no jogo: servem para pagar as dívidas, para comer umas pizzas para se manterem de pé e para novas apostas de sorte e azar, na esperança que um dia um tremendo jackpot os faça felizes.
Ou seja, este empréstimo não visa restabelecer a capacidade produtiva do país, não visa fazer evoluir os factores de produção, não visa modernizar e conferir eficácia aos sectores económicos de base nacional, enfim, não visa o desenvolvimento. É bem capaz de ser aquela última sardinha que deita o burro abaixo definitivamente...
De resto, se os partidos e os candidatos a deputados, se algum ou alguns deles, fossem capazes de olhar adiante e afastar dos olhos a espuma dos ruídos mediáticos, das demagogias baratas, das urgências panfletárias, talvez pudessem prestar atenção, reflectir e verter para os respectivos programas eleitorais, uma questão absolutamente estruturante para o século XXI em Portugal, a questão demográfica.
Quando os sucessivos estudos tornam evidente que "Mais de metade dos concelhos portugueses perdeu população ao longo da última década e em 82 municípios são mais as pessoas a sair do mercado de trabalho dos que as que entram". Quando se sublinha que "A perda da população (...) já se começa, a sentir. Mais de metade dos municípios (158) perderam pessoas nos últimos nove anos". Quando fica patente que "o envelhecimento da população afecta o sistema de protecção social porque há falta de pessoas no mercado de trabalho". Quando as projecções indicam a preocupante situação futura de que "Portugal arrisca-se a perder quatro milhões de habitantes até 2100", parece não restarem dúvidas que muitas das discussões, análises, propostas, promessas e slogans da campanha eleitoral em curso não passam de "pintelhos".
Desde logo a começar pelas questão introduzida nos debates públicos pelo autor da boçalidade púbica. Embora se perceba bem os interesses que defende e os objectivos que o senhor persegue, é completamente tola (se não senil), num quadro destes, a pretensão de reduzir catastróficamente a taxa social única.
Também numa evolução demográfica destas, pouco adianta que o Sr. Pinto de Sousa se arme em cavaleiro, arauto e protector do "estado social". Não haverá estado social que possa resistir a um quadro em que aumenta crescentemente a esperança de vida e se reduz fortemente a população activa. E não tem como resistir com as suas políticas de subordinação ao capital financeiro que tolhe e estrangula qualquer perspectiva de desenvolvimento económico. Se ao factor trabalho se extorquir cada vez mais, é elementar que não será por "graciosa" contribuição do factor capital que se terá um estado moderno, solidário e justo.
Esse é afinal, o desenho do tal acordo com a troika para o empréstimo de 78 mil milhões de euros. O FMI, a UE e o BCE, com o beneplácito, simpatia e entusiasmo de PS, PSD e CDS garroteam as oportunidades de recuperação de Portugal. Esse acordo, não apoia, não estimula, não define, não orienta qualquer política para que recuperemos autonomia. Pelo contrário, impõe restrições, cortes, limitações e depressão sem fim. São poucas as possibilidades de crescer económicamente, logo, são correspondentemente poucas as possibilidades de algum dia pagarmos a dívida.
Não estamos a ser resgatados, mas sim a ser tornados reféns.
Dispensa-se grande "iluminação" para se ver que não será possível inverter a tendência demográfica, quando as condições sociais e económicas são do calibre que estamos a (e vamos) viver. Na natureza, sempre as espécies adaptaram a sua reprodução às condições de sobrevivência. Se não há o que comer, são escassas as crias a nascer. O comportamento humano, neste particular, parece tender ao mesmo padrão. (Por comer entenda-se aqui não apenas o factor básico da alimentação, mas também os demais elementos essenciais da sobrevivência, como habitar, vestir, saúde, etc).
Uma das formas óbvias e por ventura mais rápidas de atacar o declínio demográfico (e as suas consequências todas), são consistentes, responsáveis e inteligentes políticas de imigração, mas em nenhum programa eleitoral vejo tal preocupação e uma visão estratégica. Uma vez mais, quem se refere ao tema, aborda-o meramente de um ponto de vista ideológico (quantas vezes hipocritamente), com superficialidade ou venenosamente. Neste último caso, por cálculo eleitoral explorando alguns veios racistas e xenóbos e manchas de ignorância que de novo vão alastrando.
Suspeito pois que "eles" continua a leste do que é estrutural, essencial, primordial.
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