domingo, 31 de outubro de 2010

Isto é MAIS GRAVE do que eu pensava

Isto é mais grave do que eu pensava. Os portugueses parece terem perdido a capacidade de se revoltarem / amotinarem / sublevarem, aceitando tudo como factos consumados. Levantam-se de madrugada para se irem meter nas longas filas para comprarem o “dispositivo” para circular nas auto-estradas SCUT, fazem queixinhas aos repórteres porque os “aparelhómetros” esgotaram, insurgem-se com o vizinho que lhes quer passar à frente, entopem os itinerários alternativos, a culparem-se, a ofenderem-se e a ultrapassarem-se uns aos outros, mas não dão um passo para contestar a medida do Governo. Excepto os nossos vizinhos galegos, que não se conformam com a medida, pois reclamam, movem influências, não amocham e prometem retaliar. Quem diria! Por isso há quem continue a pensar que temos o que merecemos. Entretanto, a condescendência com que o povo está a enfrentar mais este esbulho, até já levou o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, a admitir que a introdução de portagens nas restantes SCUT possa ser antecipada.

DONDE VÊM ESTAS DESGRAÇADAS POLÍTICAS QUE NOS CABE DERROTAR


Num artigo do Guardian, Georges Monbiot faz uma boa exposição das ideias neo liberais que enformam as politicas seguidas por governos e organizações internacionais, como o FMI e a União Europeia, e das trágicas consequências provocadas pela sua aplicação.


"No seu livro The Shock Doctrine, Naomi Klein mostra como o “capitalismo de desastre” foi concebido pelos neoliberais extremistas da Universidade de Chicago. Esta gente acreditava que a esfera pública devia ser eliminada, que o capital devia ser livre para fazer o que quisesse, que os impostos deviam ser reduzidos e as despesas sociais ser substancialmente reduzidas ou mesmo eliminadas.

Acreditavam que a liberdade pessoal total num mercado completamente livre produz uma economia, e relações entre as pessoas, perfeitas. Era um sistema utópico tão fanático como o dum culto religioso. E era profundamente anti popular. Durante muito tempo os seus únicos apoiantes foram os dirigentes de grandes multinacionais e meia dúzia de marados no governo dos USA.

Numa democracia, em condições normais, os que são prejudicados pelo corte das prestações sociais terão sempre mais votos dos que os que lucrariam com isso. Por isso o Programa de Chicago não podia ser imposto nessas circunstâncias. Como o guru da Escola de Chicago, Milton Friedman, explicou “ somente uma crise – real ou sentida – produz mudanças reais”. Depois duma crise surgir “o governo tem seis a nove meses para impor alterações substanciais; se não actuar decisivamente durante esse período, não voltará a ter uma oportunidade tão boa”.

A primeira oportunidade foi proporcionada pelo golpe de Pinochet no Chile. O golpe foi tramado entre duas facções: os generais e um grupo de economistas treinados na Universidade de Chicago, e financiado pela CIA. Aquelas ideias já tinha sido rejeitadas pelo eleitores (com a eleição de Allende), mas agora o eleitorado era irrelevante. As políticas da Escola de Chicago – privatização, desregulação, cortes de impostos e despesas – foram catastróficos. A inflação subiu para 375% em 1974.

Mesmo assim, Friedman insistiu que o programa estava a avançar muito devagar. Numa visita ao Chile em 1975 convenceu Pinochet a endurecer as medidas. O resultado foi um massivo crescimento do desemprego e a quase extinção da classe média. Mas os muito ricos, e as grandes empresas, pagando poucos impostos, desreguladas e engordadas com as privatizações, tornaram-se muito mais poderosas.

Em 1982 as receitas de Friedman tinham causado um crash espectacular. O desemprego chegou aos 30%; a dívida disparou. Pinochet despediu os economistas de Chicago, re-nacionalizou as empresas mais afectadas, e a economia começou a recuperar. O chamado milagre chileno só começou depois das doutrinas de Friedman serem abandonadas. O programa catastrófico da Escola de Chicago empurrou quase metade da população para baixo da linha da pobreza e fez do Chile um dos países com maior índice de desigualdade social."

CALDEIRADAS


Também gosto de caldeiradas, e não sou nada esquisito em relação às muitas variedades em que este prato típico da borda d'água se confecciona, mas a receita que o Publico hoje apresenta é completamente intragável, não só para mim, como estou convencido para muitos dos participantes naquele imbróglio em que se enredaram as direcções do PS e BE, condimentado com dois ou três dirigentes da CGTP e mais uns quantos renovadores.

Para gente de bom gosto aconselho antes esta receita:

* 1,5 kg de peixe [sendo obrigatórios:
* rascasso (galinha-do-mar), safio, pata-roxa (caneja), e facultativos: raia, tremelga, tamboril, peixe-aranha, ruivo, xarroco e corvina] ;
* 1 kg de tomate maduro ;
* 1,5 dl de azeite ;
* 3 cebolas ;
* 3 dentes de alho ;
* 1 pimento ;
* 1 copo de vinho branco ;
* 1 bom ramo de salsa ;
* 1 ponta de folha de louro ;
* pimenta ;
* 500 g de amêijoas ou conquilhas ou berbigões ;
* 700 g de batatas ;
* sal

sábado, 30 de outubro de 2010

NOTÍCIA É HOMEM TER MORDIDO O CÃO.


"Comício da candidatura em Lisboa enche «Voz do Operário»" é o titulo do vídeo, publicado na net, sobre o Comício da passada sexta feira com Francisco Lopes. Justo será reconhecer que, nesta altura do campeonato, dificilmente outros candidatos à Presidência da República serão capazes capazes de repetir o feito mas, vindo a iniciativa do PCP, notícia seria se a Voz do Operário não tivesse enchido.

Claro que títulos de vídeos e notícias de iniciativas é coisa que certamente passa ao lado de Francisco Lopes, por isso o reparo vai directo para quem dirige a campanha: Na actual situação politica e social haverá seguramente coisas mais importantes a destacar nos títulos, e de que o candidato terá falado, do que o "resultado da bilheteira".

Até por Francisco Lopes ser, de facto, o único candidato que até agora se tem demarcado liminarmente das politicas e medidas que vão degradar ainda mais as condições de vida e trabalho de largos sectores da população, e arrastam o país ainda mais para o fundo do buraco cavado por 35 anos de desgoverno PS e PSD, também sou dos que entendem que o êxito desta campanha não se irá medir pelo sucesso da projecção da força do PCP, mas pela sua capacidade em mobilizar os largos sectores atingidos pela politicas PS/PSD à volta de perspectivas claras de ultrapassar a Crise, que recusem este beco sem saída para onde nos têm vindo a conduzir.

Tarefa que Francisco Lopes terá assumido, mas que também diz respeito a cada um dos que, sendo ou não militantes do PCP, ainda acreditam que outro mundo é possível e estão abertos a dar o seu contributo para uma luta que terá de se projectar para lá dos importantes protestos grevistas marcados para o próximo mês, e da mobilização alcançada à volta da candidatura de esquerda à Presidência da República.

OS AMIGOS DO PS
Brevemente num tribunal próximo de si.


"A ex-secretária de Estado da Obras Públicas de Mário Lino, Ana Paula Vitorino, depôs no âmbito do inquérito e, segundo foi noticiado este semana, terá afirmado que o ministro e Vara lhe terão chamado a atenção para o diferendo entre a Refer e o grupo Godinho, lembrando-lhe que o empresário era “amigo do PS”. Ana Paula Vitorino, diz a acusação, ter-se-à recusado a demitir Pardal ou dar instruções para se reatarem os negócios com Manuel José Godinho."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

É QUE HÁ MURAIS E MURAIS.


Será que, quem fez este mural, também foi mandado despir na esquadra das Olaias?

Mais um bom motivo para votar Dilma
Pastor alemão manda recado para Igreja apoiar Serra.


Três dias antes do acto eleitoral que vai decidir o sucessor de Lula, e em que na fase final a questão da despenalização do aborto tem sido vergonhosamente utilizada por José Serra contra Dilma Rousseff, o Pastor alemão num discurso a um grupo de padres brasileiros centrado na "defesa da vida", diz que “quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”.

Aproveitando a boleia Serra enalteceu o discurso do papa e defendeu que "O papa é um líder espiritual mundial da Igreja Católica e tem o direito de transmitir suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo", acrescentando ainda, acerca do tema aborto, que "a defesa da vida é algo que merece fazer parte das palavras do papa".

E já agora, para ficar com uma ideia da participação da Igreja nas eleições no Brasil, não deixe de ler: "15 mil fiéis rezam por Serra a pedido do padre Marcelo".

MAIS CHINESICES


"Acreditamos que as medidas tomadas pelo governo português conduzirão à recuperação dos sectores económico e financeiro de Portugal", afirmou Fu Ying vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da China que manifestou ainda "alta expectativa" sobre a visita a Portugal do Presidente Hu Jintao a Portugal, a 6 e 7 de Novembro, adiantando que serão assinados acordos na área económica e comercial.

Então ninguém explicou à camarada que o pessoal por cá anda pior que estragado com as tais "medidas tomadas pelo governo português"?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Andam a Brincar ao Orçamento

Os meninos “zangaram-se”, mas prometem fazer as pazes. Não dançaram o tango nem a polka, mas combinaram que na próxima terça-feira, dia 3 de Novembro, vão saltar ao eixo no Parlamento e depois tomar um “pirolito”. O resto que se amole.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Como é que o País estaria se ele não fosse Presidente, pergunta Cavaco? Melhor?


E nós temos Kaos no País.

Uma comunicação social tendencialmente estrábica

Uma comunicação social tendencialmente estrábica

Alguém me Explica…

… porque razão a CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES gastou a módica quantia de 652.300,00 € (130.774 contos) em encomendas de Vinho Tinto e Vinho Branco?

Fonte: Estes dados carecem de confirmação, mas quem mos enviou por e-mail, diz que esta “pérola” levantou dúvidas ao Tribunal de Contas, nas despesas públicas (penso que de 2008), e até agora ninguém contestou a sua veracidade.

Meu comentário: Cá por mim, acho que foram muitas pipas…

ADENDA em 2010-OUT-27:
De facto os valores exibidos no e-mail que recebi são falsos, isto é, foram multiplicados por 100. Fiz consulta ao Portal do Código de Contratos Públicos, à Base de Dados de ajustes directos, e obtive o valor correcto daquela aquisição de vinho: 6.523,00 €. Para confirmação, o link é o seguinte:
http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/ajustedirecto/detail.aspx?idajustedirecto=19337
Para a próxima vou confirmar primeiro. As minhas desculpas à Câmara Municipal de Loures e aos leitores da ESSÊNCIA DA PÓLVORA, por ter veiculado informação corrompida.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Câmara de Lisboa gastou 228 mil euros na visita do Pastor alemão a Portugal
Mas acho que o padre Milícias vai dar uma ajuda.


Ao que nos disseram na altura, o Estado laico português não iria gastar puto com o passeio do Pastor alemão a Portugal. A Igreja, e um punhado de devotos, e abonados, patrocinadores, aguentavam todas as despesas. Sabemos agora que não foi propriamente assim, e que só a Câmara de Lisboa entrou com 228 mil euros.

Mas talvez tudo acabe em bem, e ainda apareça alguma alma caridosa a pagar as continhas que estão por lá na Câmara. Por exemplo o nosso conhecido padre Milícias, que como membro da Ordem dos Franciscanos fez voto de pobreza, e que no ano passado declarou de rendimento 104 301 euros, derivado duma pensão mensal de 7 450 euros, não se deve baldar a entrar com algum, para não sermos nós, mais uma vez, a ficar a arder com a conta.

É ENTRAR SENHORIAS...

LAVEM-SE AS MÃOS...

«Com uma mão, o Governo aumenta os encargos fiscais e alarga a sua abrangência. Com a outra, isenta diversas organizações de algumas dessas taxas.(…)
Desde o início do ano de 2010, o Governo de José Sócrates declarou a utilidade pública de 87 associações, ranchos folclóricos, clubes desportivos e até câmaras de comércio. Além destas, concedeu este mesmo estatuto a cinco fundações e reconheceu outras dez. Entre as beneficiadas encontram-se entidades tão díspares como a Câmara de Comércio Luso-Chinesa ou a Associação de Ténis de Mesa do Distrito de Viseu, que se tornou numa "pessoa colectiva de utilidade pública". Assim como a Liga de Amigos de Setúbal e Azeitão. Ou o Clube de Futebol "Os Armacerenses". Ou o Hóquei Clube de Santarém. Até mesmo o Rancho Folclórico Camponeses de Arosa foi reconhecido.(…)
Os benefícios fiscais atribuídos a estas entidades estendem-se a vários impostos. De acordo com as suas características e funções, as organizações em causa podem usufruir de isenções em sede de IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas), IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), que substituiu a antiga sisa.(…)
Entre 2005 e 2009, o executivo socialista reconheceu 63 fundações. Isto apesar de ter em mãos, há quase um ano, a proposta de Freitas do Amaral para um novo regime jurídico que visa moralizar a criação e o controlo destas entidades.»

Excertos da notícia publicada no jornal PÚBLICO de 24 de Outubro de 2010, da autoria do jornalista Nuno Sá Lourenço. O título do post é de minha autoria.

Meu comentário: Enquanto a uns os fazem sair pela porta da frente, para calar as bocas e deixar a ideia de que se está a moralizar os critérios de concessão do estatuto de utilidade pública, vão-se deixando abertas as portas das traseiras, para que outros continuem a entrar à socapa, e tudo acabe por ficar na mesma. Como dizem os especialistas na matéria, uma mão lava a outra, e depois logo se vê! Já nem quero falar da famigerada Fundação para a Prevenção e Segurança, recheada de exigentes objectivos, capitaneada pelo “impoluto” senhor Armando Vara, ou a mais recente Fundação das Comunicações Móveis, associada ao projecto “Magalhães”, esta que até podia ser uma iniciativa interessante, se bem focalizada e direccionada, mas que é o que se imagina, uma “via verde” para encher um saco enorme, onde se vêm servir os dignitários do regime, para garantir apoios, benesses e compromissos…Enfim, seriam coisas vocacionadas para canalizar dinheiros para obras meritórias e bem intencionadas (o segredo está aí), e que acabam orientadas para outros fins. Até aqui, tem valido o bolso do povo, que tudo paga. Mas só até ao DIA… em que o povo se decida a fazer o assalto ao PALÁCIO DE INVERNO…

CRAVO DE ABRIL


"

O caso conta-se em poucas palavras:
cinco membros da JCP, quatro raparigas e um rapaz, foram detidos pela PSP quando procediam à pintura de um mural na Rotunda das Olaias, em Lisboa; levados para a esquadra, foram insultados, ameaçados e... obrigados a despir-se.
Repito: obrigados a despir-se.

Estamos perante uma situação que espelha luminarmente os danos causados por 34 anos de política de direita aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos - uma situação que mostra quão longe estamos do 25 de Abril libertador e quão perto estamos do passado que «em Abril, Abril venceu»...

E não se trata apenas de uma prática policial de desprezo pela lei, para o caso a Lei 97/88, que não só legitima a pintura de murais em locais públicos como condena o seu impedimento.
Trata-se, acima de tudo, de um comportamento policial nojento, ascoroso, abjecto, com contornos de doentia perversão.
Os que obrigaram os cinco jovens a despir-se, fizeram-no provavelmente inspirados nas práticas actualmente em voga nas prisões dos EUA no Iraque, em Guantánamo... práticas que, aliás, eram de uso corrente nas salas de interrogatório da sede da PIDE, especialmente em relação a mulheres comunistas que caíam nas garras da tenebrosa polícia política do fascismo.
A confirmar que isto anda tudo ligado...

E é contra tudo isto que lutamos todos os dias. E é contra tudo isto que a luta tem que continuar todos os dias.
Até que o nosso grito «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais» deixe de ser necessário e seja apenas a memória de uma luta que vencemos.
Até ao triunfo definitivo de Abril, dos seus valores e dos seus ideais de liberdade e justiça social.

"

domingo, 24 de outubro de 2010

Com Alegrica, melhor do que tá não fica
Alegre a propósito da guerra que Nobre não conseguiu evitar: O menor dos males é o Orçamento.


Apesar da sua larga experiência - "Em toda a minha vida ajudei a que se fizessem compromissos em situações limite de conflito e guerra" - esta foi uma Guerra que Nobre não conseguiu evitar.

Numa visita ao local, à procura de votos sobreviventes do milhão que teve em 2006, Alegre pronuncia a histórica frase: O menor dos males é o Orçamento.

Com Alegrica, melhor do que tá não fica...
O menor dos males é o Orçamento


Sim, que importância é que tem um Orçamento que congela e reduz salários, corta nas prestações sociais, aumenta impostos, e contribui para que o desemprego suba ainda mais; o que é isso comparado com o azar dum gajo investir num fim de semana de caça ao javali e só apanhar duas codornizes?

Denúncias

UM bloger da nossa praça não acha bem que a BANCA esteja a ser forçada a denunciar clientes que constem da lista negra do FISCO, coisa que é habitual noutros países da Europa, e não só. Diz ele que acha que a PIDE nunca chegou ao extremo de decretar a obrigatoriedade da denúncia. Pois não, de facto a PIDE/DGS não decretava nada e até nem tinha competências na área tributária, mas é sabido que tinha carta branca e costumava aplicar a tortura do “sono”, da “estátua” e outras “carícias” sobre os detidos debaixo de detenção e interrogatório, para obter confissões, denúncias e outras informações de natureza política, muitas vezes infundadas ou imaginárias, dado que os detidos a elas recorriam, “in extremis”, como forma de fugir ao suplício.

NOTA – Ilustração de João Abel Manta

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

QUEM DISSE ISTO?
Sobre o Comunismo, China, Cuba e Coreia do Norte.


SOBRE O COMUNISMO

"País comunista não há nenhum no mundo. Nem nunca houve. Essa afirmação pode surpreender mas o que tem havido são experiências e processos de construção de socialismo. Tenho uma concepção muito clara do que é o ideal comunista. O projecto do socialismo é baseado na ideia que representa mais democracia, na sua dimensão económica, social e cultural. "


SOBRE A CHINA, CUBA, COREIA DO NORTE

"Há a ideia de que o PCP defende essas formas de organização do poder político. Temos o nosso próprio projecto em relação ao poder político. Uma coisa diferente é, porque um dia na Casa Branca se decide que este ou aquele país é um inimigo a abater, tenhamos de acompanhar essas instruções - que não são ditas como instruções - mas são envolvidas em grandes campanhas comunicacionais. Há uma questão de liberdade de análise e independência, de respeito das opções dos povos e dos países e de contrariar um desígnio que existe dos EUA e da NATO que é a ideia de que todo o poder que lhes escape é para deitar abaixo. Criticam a Coreia do Norte, Cuba, a China, a Venezuela, muitas vezes o Brasil, isto é, todos os que não estejam na sua lógica de domínio planetário, de percurso deste capitalismo, com as características de exploração e guerra, são para eliminar."

Francisco Lopes em entrevista ao Jornal I

Porta Aberta para a POBREZA

«No ano passado, 21,4 por cento dos portugueses viviam em privação material, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Tradução prática: tinham dificuldade, por exemplo, em pagar as rendas sem atraso, manter a casa aquecida ou fazer uma refeição de carne ou de peixe pelo menos de dois em dois dias.»

Excerto da notícia do jornal PÚBLICO de 21 de Outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PRÉMIO SALAZAR PARA KIM JONG-HUN


Depois da atribuição do Nobel da Paz a um cidadão da China, e do prémio Sakharov a um cubano, o prémio Salazar 2010 foi hoje atribuído a Kim Jong-Hun, treinador da equipa de futebol da Coreia do Norte, presentemente a cumprir pena de trabalhos forçados, derivado dos maus resultado da equipa no Mundial de futebol da África do Sul.

A ESSÊNCIA do Estado Perdulário

Já tínhamos ouvido dizer que o Estado não sabe, ou não tem a certeza, de quantos funcionários públicos existem, quantos carros compõem a sua frota, assim como quais e quantos são os organismos públicos, fundações, institutos ou empresas do sector empresarial que o Estado tutela. Também tivemos conhecimento que José Sócrates, sempre carente daquela injecção diária de "one man show" para as televisões, até tinha reinaugurado coisas que já tinham sido inauguradas, ou lançado "primeiras pedras" em obras que nunca foram iniciadas. Agora, apenas faltava que alguém viesse dizer - no auge desta trabalhosa azáfama de extinguir organismos, para cortar na despesa deste Estado Lastimoso - que o governo estava disposto a extinguir entidades que já fecharam as portas, outras que já estava previsto encerrarem, e outras ainda que já deviam ter fechado há algum tempo, mas que se mantêm, inexplicavelmente, de portas abertas, com pessoal e tudo, mas sem actividade nem suporte legal.
Isto é a essência do Estado Perdulário, onde se arranja acolhimento para todos os “boys” e “girls” do séquito do engenheiro incompleto, a expensas do erário público, ao mesmo tempo que, por força dos cortes orçamentais no Ministério da Educação, foi cancelado o concurso extraordinário de professores para 2011, com todas as consequências que daí resultam.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Prostituição não é profissão… embora haja cada vez mais gente a prostituir-se em profissões que nada têm a ver com a venda de sexo.


A apresentação pelo Grupo Parlamentar do PCP assinalando o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos dum “Projecto de Resolução que recomenda ao Governo a tomada de medidas eficazes no combate a este crime (tráfico de seres humanos) e na tomada de medidas que combatam as causas da exploração na prostituição”, foi o assunto escolhido por Sérgio Vitorino para no post “Moralismo de Esquerda”, no 5DIAS, acusar o PCP de “repressão fabricada à esquerda”.

Onde o PCP condena a “exploração na prostituição”, Sérgio Vitorino lê que o PCP quer que a “prostituição seja reconhecida como exploração”, e a partir daí a confusão adensa-se ainda mais, sendo a prostituição apresentada como mais uma profissão voluntariamente escolhida pelas mulheres que, agora digo eu, provavelmente em crianças, em vez de aspirarem a ser professoras ou bombeiras, já sonhavam era ser putas.

Sem questionar o direito ao exercício da prostituição, e rejeitando liminarmente a criminalização ou descriminação de quem a exerce, será de notar que a voga de apresentação da prostituição como trabalho não será decerto alheia à crescente aceitação na vida quotidiana de aspectos centrais da ideologia e prática do neo liberalismo:

a) Se há quem compre e quem venda sexo, se funciona a “lei” da oferta e procura, então a prostituição será seguramente mais uma relação social superiormente legitimada pelo mercado, e portanto insusceptível de questionamento;

b) Se a compra de força de trabalho dá ao capitalista o “direito” de impor ao trabalhador formas de submissão e humilhação próximos dos que caracterizam a relações cliente/prostituta, e chulo/prostituta;

c) Se como se diz no título há cada vez mais gente a prostituir-se em profissões que nada têm a ver com a venda de sexo;

d) Porque não declarar que a prostituição é trabalho, atribuindo-lhe igual dignidade social, e enquadrando-a no quadro jurídico das outras profissões?


No limite, como chama a atenção Nuno Ramos de Almeida no post “Prostituição é uma Profissão?”, a adopção da linha de argumentação de que a prostituição é uma profissão como as outras, podia levar à situação duma mulher desempregada ser obrigada pelo Estado a ter de aceitar ir “prestar serviços sexuais” para um bordel, ou perder o subsidio de desemprego.

O que, diga-se de passagem, está em consonância com as novas regras do subsídio de desemprego, em que o Estado "chulo" fornece aos patrões mão de obra a baixo custo e em condições muitas vezes indignas para o trabalhador que - como dizem os os arautos do mercado como instância por excelência do exercício da liberdade - pode sempre fazer a “escolha voluntária” entre aceitar, ou perder a única fonte de rendimento que lhe assegura a sobrevivência, o subsídio de desemprego.

É PRECISO AUMENTAR A RECEITA!

«Verbas pagas pelos laboratórios representam apenas 0,16 por cento do total do volume de negócios que as empresas declararam entre 2005 e 2007. Associação do sector [Apifarma] não comenta.

O sector da indústria farmacêutica [que engloba 195 laboratórios farmacêuticos] declarou um volume de negócios que ultrapassou os 5.300 milhões de euros entre 2005 e 2007, mas o que pagou, para efeitos de IRC, ficou "aquém dos nove milhões de euros", de acordo com um relatório de auditoria da Inspecção-Geral de Finanças (IGF), a que o PÚBLICO teve acesso. (...)»

Excerto da notícia do jornal PÚBLICO de 20 de Outubro de 2010, que, como é óbvio, contradiz a afirmação do ministro Teixeira dos Santos, que diz ser preciso aumentar a receita para reduzir o défice, sendo que a sua fonte de receita começa e acaba sempre no mesmo tipo de comprimidos: vista grossa para os fartos lucros dos grandes “tubarões”, contra o escandaloso agravamento de impostos, sobre os rendimentos de quem trabalha ou é reformado.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Como sobreviver ao Orçamento, poupar umas massas, e ser feliz para o resto da vida.


Não sei se viram um dias destes o Camilo, vizinho do Eduardo, num daqueles programas de auto ajuda sobre economia que há na RTP, foi do caraças, até cá o Dédé que andava assim um bocado stressado com esta cena do Orçamento, fiquei logo como o Bento, com tranquilidade, é que não tem mesmo nada que saber, é só seguir os conselhos do Camilo,

como por exemplo em vez de ir jantar fora todos os dias, corte para duas vezes por semana; acabe com as férias nas Caraíbas e vá antes para o Algarve, para a Quinta do Lago; e para fugir aos 23% de Iva no ginásio, passe a fazer jogging ali no jardim em frente do seu apartamento do Parque das Nações,

o que até me parece o melhor conselho e lhe dará altas probabilidades de sacar uma daquelas garinas que por lá andam a abanar o silicone em passo de corrida, enfim se depois destes e doutros conselhos geniais, que a RTP paga ao Camilo para ajudar o pessoal a ultrapassar as agruras do Orçamento, a carteira continua vazia e/ou lhe continuam a sobrar cada vez mais dias ao fim do mês, é porque não esteve com a devida atenção,

que foi o que aconteceu à Vanessa, que quando o Camilo acabou me perguntou se eu tinha tomado nota de tudo, porque também quer tirar umas férias na Quinta do Lago, e acha boa ideia, para desenjoar da massa com almôndegas, passarmos a ir comer fora duas vezes por semana, desde que não seja, claro, a um restaurante italiano,

e é derivado de pessoas assim como a Vanessa, que por mais Orçamentos que os economistas do Governo façam para nos resolver o problema que estamos com ele, a malta não passa da cepa torta, e se calhar o melhor que o pessoal tem mesmo a fazer é ir à tal Greve de 24 de Novembro, alguma vez há-de ser tempo de experimentar coisas novas, depois conto.

TIVEMOS uma Crise, não, FIZERAM uma Crise. E agora a gente que a PAGUE?


Ao contrário do Bruno, que num post anterior nos dá conta da sua auto flagelação, não sou espectador do Prós e Contras, nem da maioria dos "detergentes" com que diariamente nos tratam da lavagem à mona.

Mas ontem ao ligar a TV à noite, à procura assim dum filme ou duma série, a coisa estava no canal 1 e ainda deu para ouvir um senhor do Governo, para justificar o Orçamento da santa aliança dos banqueiros, especuladores, Moody's, Merkel, Bruxelas, PS, e PSD, dizer: TIVEMOS UMA CRISE.

Ora podemos TER uma seca, trovoada ou erupção vulcânica, mas a Crise que estourou em 2008 não é certamente um daqueles fenómenos da natureza de que nos queixamos quando nos caiem em cima da tola, mas sim responsabilidade dum Sistema Financeiro Internacional que agora exige que sejam os que menos têm a pagar as favas de toda a sua ganância, irresponsabilidade, e rapina. Sempre, é bom lembrar, com o apoio e beneplácito dos Governos de vários quadrantes, incluindo os nossos.

Quando agora se aumenta o IRS a trabalhadores que já têm mais mês que salário, se sobe o IVA de produtos de primeira necessidade, se cortam prestações sociais, se congela e reduz salários dos funcionários públicos, se continua a exigir que o Sr. Antunes da mercearia da esquina pague 25% de IRC, o que dizer dum Orçamento que a par de tudo isto continua a permitir que os Bancos, que por dia têm cerca de 5 milhões de euros de lucro, continuem a pagar à volta de 5% de IRC?

Como diz o cartaz da foto um outro mundo é possível, mas não seguramente com esta cambada de parasitas que diariamente atafulham os ecrãs das TVs e as páginas dos jornais, a repetir até à náusea a cassete do não há alternativa.

Um outro mundo é possível, e é no respeito de quem produz, repara, transporta, vende, trata, ensina, estuda, inventa, cria, ... - de todos os que contribuem com algo de útil para a sociedade - que se tem de procurar uma saída do buraco em que nos meteram. Os protestos, manifestações e a Greve Geral de 24 de Novembro agora anunciada, são para já a resposta possível e indispensável, que decerto contribuirá para que mais esta miséria com que nos ameaçam não seja uma fatalidade.

OS BOIS PELOS NOMES



Sou um expectador autoflagelador do programa Prós-e-Contras da RTP 1. O programa agonia-me, a “jornalista” irrita-me, a maioria dos comentadores desespera-me. Passo por vezes o programa inteiro à espera que alguém diga qualquer coisa que me aqueça o coração.
Ontem, a participação do Manuel Carvalho da Silva proporcionou vários bons momentos no debate, sem muitas surpresas, porque quem acompanha com atenção o que ele tem dito e escrito, conhece a sua perspectiva sobre o país. Daí, que o momento que mais me tenha empolgado foi quando num impulso de alma, Carvalho da Silva, fez o que cada vez mais é necessário fazer, denunciou a hipocrisia e a demagogia de Mira Amaral.
Durante, o debate o ex-ministro da indústria afirmou que, apesar de defender as medidas de redução salarial, também tinha sensibilidade social, que também era um trabalhador e que sempre tinha trabalhado.
Carvalho da Silva respondeu-lhe que a esmagadora maioria dos portugueses passa a vida a trabalhar e não trabalharão menos que o Eng. Mira Amaral, contudo nunca terão os seus níveis salariais.
Fez bem, só lhe faltou ilustrar a sua afirmação com a seguinte informação; o Eng. Mira Amaral trabalhou 1 ano e 9 meses na Caixa Geral de Depósitos e ao fim desse período passou a receber uma pensão de 18 000€ (dezoito mil euros, +- 36 mil contos).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DESASTRE À VISTA DIZ O GOVERNADOR DO BANCO DE PORTUGAL


A nossa «Economia é um avião com quatro motores em que dois vão a desacelerar», diz Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, para explicar como vai o País.

Entretanto Sócrates no País das Maravilhas continua a dizer que Orçamento "protege a economia".

Acho que vou voltar para a ilha, ou melhor ainda, aderir à Greve Geral de 24 de Novembro.

O XERIFE DE NOTTINGHAM ESTÁ IMPARÁVEL...


Informa a agência LUSA que o Orçamento de Estado para 2011 apresentado pelo Governo, estipula em 2,25 euros o valor mensal da contribuição para o financiamento do audiovisual (Rádio e Televisão) a cobrar em 2011. Actualmente o valor cobrado é de 1,74 euros, incluído nas facturas da EDP. Com 5,5 milhões de clientes residenciais e mais 40.000 industriais, façam as contas e vejam quanto vai render mais este assalto…

OE2011: Recibos Verdes vão descontar mais 20,3%!

“O Orçamento de Estado para 2011 estabelece como condição sine qua non para o seu cumprimento a entrada em vigor do novo Código Contributivo que irá fazer subir a contribuição dos recibos verdes para a Segurança Social de 24,6% para 29,6%.

A entrada em vigor do novo Código Contributivo foi adiada para Janeiro de 2011, pelos votos em massa de toda a oposição.

Agora o Governo actualiza esse documento e faz subir a taxa contributiva dos trabalhadores independentes em 5 pontos percentuais.

Os Precári@s Inflexíveis foram, desde a primeira hora, contra o Código Contributivo que levará a uma ainda maior injustiça nas contribuições dos 900 mil Falsos Trabalhadores Independentes e repudiamos desde já este novo aumento da taxa contributiva (cerca de 20,3%), principalmente num momento em que não se assiste a qualquer esforço de combate aos falsos recibos verdes.

Assim, os falsos recibos verdes pagarão em impostos e contribuições 50% do seu ordenado = 29,6% Seg. Social + 20% IRS (conforme os escalões)."

Transcrição do post de 17 de Outubro de 2010 do blog PRECÁRIOS INFLEXÍVEIS

domingo, 17 de outubro de 2010

O Sol Quando Nasce é para Todos (Ou Devia!)

Da minha janela, a esfregar os olhos, distingo o volume dos caixotes e caixotões onde vivemos, o Tejo, vejo a ponte e o céu ferido de riscos tracejantes, desenhados por aeronaves, idas e vindas, sabe-se lá de onde, talvez do Iraque ou do Afeganistão. Subsiste o quadro mutante da pincelada das nuvens, coisa sempre bela, sublime e desigual, a tingir o dia que desponta, agora aqui, logo a seguir mais além, diferente e indiferente à visão que desencadeia, e às tramóias que outros cozinhavam, na panela do Orçamento de Estado. Ah, já está! Disse este fotógrafo acidental, de máquina em punho, a deliciar-se com a captura do momento, preparado para voltar a acamar-se, convencido que tinha ganho o dia, embora para outros não seja bem assim. Enfim, caprichos de reformado! Portela, Loures, em 28 de Setembro de 2010, pelas 7h20m da manhã (Foto de F.Torres)

Ele não é cego, não quer é deixar-nos ver
"Não vejo muito mais por onde ir se os mercados nos exigirem mais", diz Teixeira dos Santos.


Claro que ele sabe muitíssimo bem, e podia ter aproveitado a entrevista ao Público para o dizer, que bastava o Banco Europeu emprestar aos Estados à mesma taxa de juro que empresta aos bancos, para que a tragédia das taxas de juros especulativas que estão a sufocar a economia do país nem sequer tivesse existido.

A grande diferença, neste aspecto, entre a Grécia e Portugal, por um lado, e os EUA, Reino Unido e Japão, por outro, é que estes países têm bancos centrais que emprestam dinheiro directamente ao Estado, sem meter os especuladores financeiros pelo meio, enquanto a Grécia e Portugal, por estarem numa UE cujo Banco Central não empresta directamente aos países, estão à mercê daquela cambada que, no intervalo da especulação com o preço do petróleo e dos cereais, se voltou agora para a dívida soberana dos países mais vulneráveis à sua chantagem.

Claro que a Dívida de Portugal está alta, mas o mesmo se passa, conforme pode ver pelo quadro abaixo, em muitos outros países europeus e nos USA, já para não falar no Japão.

E como também pode ver pelo quadro, a Dívida em vários países até subiu muito mais do que em Portugal. É que o aumento da Dívida resultante do investimento público para colmatar a quebra do investimento privado, tem sido a politica seguida por aqueles países que estão já a sair da Crise e a perspectivar níveis de crescimento bastante razoáveis para a conjuntura.

Por estas bandas escolhem-se políticas que diminuem o rendimento de quem trabalha, fazem subir o desemprego, reduzem o investimento público, e levam o país a pique para uma recessão de que é difícil vislumbrar a saída. Enfim a velha receita do cavalo do espanhol.

Fonte: FMI e OCDE




Mova o rato sobre as linhas do gráfico para ver os valores. Clique em Explorar dados para aceder a mais informação.

sábado, 16 de outubro de 2010

3 milhões nas ruas contra Sarkozy
E atenção, a idade da reforma em França não é, como por aí se pensa, aos 60 anos.


Provavelmente, tal como eu e muitas pessoas com quem tenho falado sobre isto, também está convencido/a que a idade da reforma em França é os 60 anos e que o Governo Sarkozy agora a quer aumentar para os 62 anos.

ERRADO, a idade normal da reforma em França é aos 65 anos e Sarkozy agora quer aumenta-la para os 67. Os 60 anos, que ouvimos e lemos nas notícias, é a idade mínima a partir da qual o trabalhador pode requerer o equivalente à nossa reforma antecipada (com penalizações pesadas), ou do direito à reforma para os trabalhadores que têm pelo menos 40,5 anos de trabalho e descontos.

"Pela quinta vez, os franceses manifestaram-se contra esta reforma impopular que visa aumentar a idade mínima da reforma dos 60 para os 62 anos", diz por exemplo o Expresso, o que até é verdade. A questão é que não fala do aumento da idade normal da reforma dos 65 para os 67 anos, e assim ficamos com a ideia que em França a reforma é aos 60.

Este tipo manipulação a que a comunicação social recorre, quando não mente descaradamente, em quase tudo o que diz respeito aos trabalhadores, ou à esquerda, é o que se chama ser económico com a verdade, ou seja, uma modalidade sofisticada da bem conhecida filha-de-putice.

OBVIAMENTE NÃO SOU PATRIOTA.


PATRIOTA: mulher de seios fartos (Dicionário Houaiss)

Não sou patriota mas também defendo o produto nacional, e de preferência natural. E claro que aprecio esta pujança patriótica, embora, neste caso, tenha uma certa dificuldade em escolher entre a a esquerda e a direita.

O GRANDE MESTRE DA INTRUJICE

VI ONTEM à noite, em repetição, no canal ARtv (canal Parlamento) a sessão quinzenal que tinha decorrido durante a manhã na Assembleia da República, toda ela relacionada com um prometido, e sempre omnipresente, Orçamento de Estado que ainda não tinha sido entregue à Assembleia, de que se conhecem apenas algumas medidas, mas para o qual o primeiro-ministro exigia uma inequívoca tomada de posição, isto é, se a oposição, mesmo sem o conhecer, aprovava ou reprovava o dito. O espectáculo é o do costume. Brandindo a figura da "crise internacional", já desgastada pelo seu uso indiscriminado, como a responsável pelo estado lamentável a que chegámos, Sócrates dissertou sobre tudo e mais alguma coisa, auto elogiou-se, apelidando de mentirosos e demagogos os deputados da oposição, e trazendo novamente para a área da política, o velho e desgastado jogo dos "tabus" e dos "cheques em branco". A bancada do "seu" PS, como é habitual, aplaude, porém, o chefe do governo não responde a uma única pergunta que os parlamentares lhe dirigem, nem mesmo aos do "seu" próprio partido, comportando-se como um grande e refinado mestre da intrujice, incapaz de gerir uma coisa tão simples como o é o tempo que tem para usar da palavra. A risota na bancada do governo é uma constante, enfeitando esta bandalheira orçamental. A sessão foi tão calamitosa que até deu direito a que fosse denunciado um caso de tráfico de influências, levado a cabo pelo chefe de gabinete do primeiro-ministro, o qual teria oferecido empregos como gestor público, a um deputado, que se queria evitar que concorresse à liderança da distrital de Coimbra do PS. Patético e lamentável, quase inacreditável, são as únicas palavras que me ocorrem.

Uma versão incompleta do Orçamento de Estado, roçando a ilegalidade, acabaria por ser entregue ao presidente Gama, nas instalações da Assembleia, já perto da meia-noite, demonstrando o desprezo, e o quanto de negligência e improviso envolve aquilo a que Teixeiróquio dos Bancos classificou como o Orçamento de Estado "mais importante dos últimos 25 anos".

Henrique Neto, empresário, ex-deputado e dirigente do PS, em comentário publicado no jornal PÚBLICO, classificou este Orçamento de Estado como sendo a aceitação do desastre que tem sido a governação do país na última década, e que o primeiro-ministro acabou por aceitar o desastre da sua própria governação.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ENTÃO É ASSIM


Esqueçam Sócrates. Esqueçam Passos Coelho. Esqueçam Alegre, se é que alguém, alguma vez, se lembrou de que dali poderia sair fosse o que fosse.

Falem com os vossos amigos socialistas e perguntem-lhes quem é que está a ganhar as eleições nas federações distritais do PS. Olhem para as medidas que estão no Orçamento, e digam-me se dá sequer para imaginar que alguma vez Sócrates poderá sonhar em voltar a ter nem que seja uma maioria simples.

Agora rebobinem até à primavera passada, e vejam lá se um tipo não tem que ser um dos piores líderes políticos que este país já viu, e se temos visto gajos maus, para depois de ter estado à beirinha de chegar a São Bento, em escassos seis meses se arrisca a assegurar um lugar entre os ex-líderes do PSD que nunca foram a lado nenhum.

Para os mais distraídos, ontem à noite na RTP António Costa explicava como vai ser:

a) Problema 1: Para as suas políticas (de direita) o PS nunca contou, nem vai nunca contar, com o apoio do PCP; e com o BE, apesar das esperanças mútuas, a coisa também deu com os burrinhos na água, como se viu na Câmara de Lisboa;

b) Problema 2: O PSD, mesmo que as coisas lhe corram muito bem, para chegar ao Governo vai sempre de ter de levar atrás o PP o que, com Paulo Portas, só lhe traz chatices e sarilhos;

c) Solução: Um “pacto de regime” PS/PSD em que o felizardo do totoloto (a dois) das eleições, mas quase de certeza em minoria, teria sempre a garantia do voto ou da abstenção do outro nas votações fundamentais, como a do OE.

Deixe o PSD passar este Orçamento, o mais provável, ou vote contra, o mais extravagante, Passos Coelho - que obrigou toda aquela gente a deslocar-se à São Caetano à Lapa e às redacção dos jornais e TVs, para lhe tentar meter na tola que já não está na JSD - dificilmente será perdoado.

Quanto a Sócrates, com ou sem Orçamento aprovado, a sua remoção de São Bento, deixou de ser uma questão politica, para se tornar um problema de higiene pública.

Pelos desígnios do altíssimo ou do, mais prosaico, calendário eleitoral, estamos a três meses duma eleição Presidencial que podia ser um oportunidade excelente para tentar uma larga mobilização popular à volta da reivindicação duma nova política, mas o que nos coube foi: dum lado uma candidatura, a de Manuel Alegre, amarrada aos PECs e ao cadáver politico de Sócrates, do outro um camarada, Francisco Lopes, destacado para aproveitar os “tempos de antena” a divulgar as posições do PCP.

É nestas alturas que até me parece preferível ter para aí uma dessas doenças bipolares, ao menos sempre tomava o comprimido e sentia-me um pouco melhor. Enfim, não fiquem preocupados que, como nos recordam os comentadores de serviço, somos um país com mais de 800 anos e já estivemos metidos em alhadas piores que esta.

Pela minha parte lá estarei no dia 24 de Novembro, e se souberem doutras cenas para ajudar a dar a volta a isto, vão deixando por aqui uns palpites na Essência, que o pessoal agradece.


Nota: O título do post é dedicado Bruno, que não vai à bola com aqueles títulos compridos que aprendi a fazer com o Dédé.

A MIM NINGUÉM ME CALA... MAS PODEM BAIXAR-ME O VOLUME


Manuel Alegre criticou a reunião de representantes da Banca com o Presidente do PSD. Disso é dado grande ênfase no esquerda.net. “O histórico socialista Manuel Alegre, candidato à Presidência da República, considerou esta quinta, em Coimbra, “um precedente gravíssimo” que um grupo de banqueiros, “que não têm legitimidade democrática”, tenha reunido com o líder de um partido político para o pressionar a decidir de uma determinada maneira sobre o Orçamento de Estado para 2011.”
“Se fosse presidente da República, neste momento não permitiria que o grande capital e os grandes banqueiros andassem a exercer um papel de pressão, mediação ou moderação relativamente a uma decisão política que tem de ser tomada pelos órgãos políticos democraticamente eleitos no local próprio, que é a Assembleia da República”, frisou.”
Faz bem o Manuel Alegre em insurgir-se contra esta comandita económica e faz o Bloco de Esquerda em sublinhar essa posição do seu candidato.

Contudo, ontem uma delegação de banqueiros reuniu-se igualmente com o actual Ministro das Fianças, exactamente como mesmo propósito com que se tinha reunido com Pedro Passos Coelho, assegurar que à mesa do OE de 2011, a sua fatia permaneça intocada e se possível que cresça um pouco. “Fernando Faria de Oliveira, Carlos Santos Ferreira, Fernando Ulrich e Ricardo Salgado repetiram ontem, com o ministro das Finanças, os mesmos alertas que na quarta-feira tinham feito ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho.”

Espero para breve uma posição de Alegre igualmente enérgica e um destaque semelhante a essa posição num próximo artigo do esquerda.net. A menos que envolvendo o PS Alegre voe mais baixinho.

QUATRO EXEMPLOS DE “AUSTERIDADE”

Dado que a “crise internacional” afectou grandemente o nível de vida e a dignidade dos gestores públicos, com o assentimento e aval do Ministério das Finanças, no auge da crise em 2009, o seu poder de compra foi reposto, ajustando os seus vencimentos da seguinte forma:

CP – Embora com prejuízos da ordem dos 231 milhões de euros, o presidente, que ganhava 4.725 euros, passou a ganhar 7.225 euros (mais 52 por cento) e os vogais passaram de 4.204 euros para 6.791 euros (quase 60 por cento).

Carris – Com 41 milhões de euros de prejuízo, o presidente ganhava 4.204 euros e passou a auferir de um ordenado mensal de 6.923 euros (mais 65 por cento). Já os vogais passaram de 3.656 para 6.028 (mais 65 por cento).

Administração do Porto de Lisboa - O presidente da empresa pública passou de 4.752 de ordenado mensal para 6.357 euros (mais 34 por cento). Já os vogais passaram de 4.204 euros para 5.438 (mais 29 por cento).

Mais comedido foi o deputado do PS, Ricardo Gonçalves, que embora aufira um vencimento de 3.700 euros mensais, e mais 60 euros de ajudas de custo diárias, gostava que a cantina da Assembleia da República estivesse aberta à noite, para lá ir jantar, pois não suporta o custo das refeições cá fora.

PASSE DE MÁGICA

Com Alegrica, melhor do que tá não fica...
Como diria o grande António Silva: o homem está completamente dessincronizado.


"Se fosse presidente da República, neste momento não permitiria que o grande capital e os grandes banqueiros andassem a exercer um papel de pressão, mediação ou moderação relativamente a uma decisão política que tem de ser tomada pelos órgãos políticos democraticamente eleitos no local próprio, que é a Assembleia da República", garante Alegre.

Oh senhor então só agora, que reuniram com Passos Coelho, é que se indigna? E quando foi com Sócrates, o que é que disse?

E já agora, que não está ninguém a olhar, explique lá como é que "não permitiria" que os banqueiros falassem com os políticos? Mandava o "grande capital e os grandes banqueiros" para Caxias?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MEIO CHEIO, MEIO VAZIO


Na página da SIC noticia-se o empate técnico entre a Dilma e o Serra a 15 dias da segunda volta das eleições presidenciais no Brasil. Lendo a notícia percebe-se algo diferente das parangonas. A tal sondagem apontada para deduzir o título da notícia atribui 46,8% das intenções de voto à candidata do PT, contra 42,7% de José Serra. Conclui-se que a margem de erro de 2,2% anula por completo esta vantagem de Dilma o que colocaria os dois candidatos em empate técnico, sendo que os votos válidos fixam o resultado em 52,3%, contra 47,7%.

Contudo, a mesma notícia refere outras duas sondagens que confirma a vantagem de Dilma sobre Serra. A sondagem do IBOPE fixa a vantagem em 6% a favor da candidata do PT, 53% contra 47%. Outro estudo de opinião do instituto Vox Populi também referido na peça amplia essa vantagem para 9,1%.

Com base nestes dados o título poderia ser, “Dilma mantém vantagem sobre Serra”, para fazer sonhar alguns admitir-se-ia “Serra encurta vantagem que o separa de Dilma”, mas “Sondagem indica empate técnico entre Dilma e Serra na 2ª volta eleitoral no Brasil”, não me parece muito sério.

Como muitas vezes já me explicaram o que vende nos jornais não é a notícia do “Cão que mordeu o homem”, mas sim a do “Homem que mordeu o cão”, e assim, para um jornalismo colorido, bela notícia seria a derrota de Dilma. Daria seguramente belos títulos; “A Queda”, “A lebre e a tartaruga”, etc… Esta reflexão evita entrar pelos caminhos da dedução de parcialidade… mas eles também existem.

SCUTS: DAR COM UMA MÃO E TIRAR COM A OUTRA


OS PROJECTOS de lei de revogação da introdução das portagens nas autoestradas SCUT, da iniciativa do PCP e do BE, foram rejeitados pela Assembleia da República, com os votos contra do PS e a abstenção do PSD e do CDS/PP. O deputado do PS Defensor Moura, contrariou a disciplina de voto e votou favoravelmente, ao lado do PCP, BE e PEV. Registe-se que após a votação houve mais de duas dezenas de deputados (do PS, PSD e do CDS/PP) que anunciaram ir apresentar declarações de voto.
Na prática, chama-se a isto ir roubar para a estrada…
A partir de agora, a palavra e a acção está do lado dos utentes, e de quem os apoiar.

PEDRO PASSOS TONINHO




Apesar da crise, aposto uma imperial como o PSD vai viabilizar o Orçamento de Estado.
Nas últimas semanas Pedro Passos Coelho pôs o pé em ramo verde. Deslumbrado com as sondagens, endureceu o tom em torno do OE para 2011. Avançou demasiado nas exigências e acabou refém do ridículo. Ridículo não por ter tido uma posição sobre o OE 2011, mas porque não salvaguardou a prática política do centrão que nestes casos significa arrancar os cabelos, espumar pela boca, dizer que nunca já mais em tempo algum, mas evitar concretizar o que quer que seja para no final se poder fechar o semblante, evocar o supremo interesse nacional, os sentidos de estado e de responsabilidade política, a credibilidade internacional, acabando por viabilizar a coisa (eu tenho jeito para isto!). Até porque, a esmagadora maioria das propostas orçamentais do PS têm aceitação nos meios sociais e económicos que também sustentam política e socialmente o PSD. Ao concretizar em demasia as objecções ao OE, PPC acabou por se encurralar numa viela de sentido único.
Nos próximos dias, a grande curiosidade será perceber como vai ele fazer a tal inversão de marcha que todos lhe pedem. Se não a fizer estampar-se-á de frente, para a fazer vai ficar com a pintura do veículo em muito mau estado.

SÓ SE SAFA, COMO SEMPRE, O PEIXE GRAÚDO!


Sardinha enlatada e carapau de conserva passam a pagar 23% de IVA, deixando o escalão da taxa reduzida. Desta nem o atúm se safa!

PARA TUDO HÁ UM LIMITE



Cortem os salários, acabem com os abonos, as deduções fiscais, aumentem os impostos, mas não despeçam a menina da Galp!

Com Alegrica, melhor do que tá não fica...
Não está fácil, ser candidato do PS em tempo de PECs.


Assim à primeira também não me ocorre nada mais importante para falar do que Cavaco andar a recrutar crianças com bandeirinhas para as suas aparições pré eleitorais.

Claro que há por aí uma Crise, redução de salários, cortes nas prestações sociais, e uma Greve Geral marcada para 24 de Novembro, mas isso agora não interessa nada, Alegre é acima de tudo um homem de princípios, e o princípio mais importante que qualquer candidato deve respeitar é não morder a mão que o alimenta.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Na Portela, de dia, estacionamento é o que não falta...
Então porque é que a Loures Parque nos continua a extorquir mais moedinhas?

Estacionamento pago ao pé da Igreja.

Talvez quando a Loures Parque arribou à Portela houvesse por aqui uma efectiva falta de estacionamento que justificasse medidas de racionamento, recorrendo-se então aos antipáticos parquímetros.

Acontece que agora há mais lugares de estacionamento, e a Câmara de Loures devia reavaliar a manutenção de parquímetros na Portela, uma situação que as condições actuais não justificam.

Num dia de semana ao acaso, hoje 4ª feira 13 de Outubro de 2010, numa volta pela parte central da Portela a meio da tarde, facilmente se constatava que, durante o dia, estacionamento é o que não falta.





Estacionamento pago ao pé da Piscina




As duas fotos acima são de dois dos parques de estacionamento pagos no centro da Portela. No que dá para a Avenida da República, próximo da Piscina, havia UM carro estacionado e QUARENTA E SETE lugares livres. Claro que se trata de parques pagos, dos que o pessoal evita sempre que pode.

Mas mesmo fora das zonas pagas, embora haja muitos carros estacionados na via pública, não é difícil encontrar um lugarzinho em nenhuma das ruas mais centrais da Portela, como se pode ver nas fotos seguintes.






Av. dos Descobrimentos, em frente à paragem do 28









Av. dos Descobrimentos, ao pé da EB1/JI









Rua dos Escritores, lado oeste











Rua dos Escritores, lado leste











Av. da República











Av. da República, ao pé da Junta de Freguesia




Já para quem chega a casa ao fim do dia ou à noite, a situação é mais complicada, e às vezes uma pessoa vê-se às aranhas até encontrar um buraco onde deixar a carripana.

Alternativas para mais estacionamento não haverá muitas, e talvez a solução do problema do estacionamento à noite seja um maior investimento no transporte público, por exemplo, e no curto prazo, na ligação à linha Vermelha do Metro, o que talvez permitisse reduzir o numero de carros de que cada família actualmente necessita para resolver as necessidades de deslocação no seu dia a dia.