sábado, 28 de janeiro de 2017

FOI VOCÊ QUE SE INDIGNOU COM O PALEIO DO PADEIRO HIPSTER?


Acho que fez o prezado leitor muitíssimo bem, indignar-se, denunciar o alarve, ameaçar com boicote. É preciso é que não fique só por aí.

O que o padeiro careca diz é o que a maioria dos patrões pensa, faz, ou gostaria de fazer. É essa a lógica do capitalismo, de hoje e de sempre, e se há excepções, que as há, são isso mesmo, excepções.

O episódio do padeiro hipster é também uma boa metáfora do capitalismo neo-liberal-pós-moderno, a versão tuga da fusão do consumismo da moda com a exploração desenfreada dos trabalhadores, que nos USA/Ásia produz iPhones e em Portugal faz papo-secos.

É este o modelo económico e social que nos andam a vender há uma data de anos, o do "empreendedorismo" que conjuga "inovação" com "flexibilidade do trabalho", e que, com um ar mais ou menos modernaço, vai-se a ver, não passa duma remake pindérica do capitalismo que sempre conhecemos.

Para lá da indignação, denuncia e boicote, o que faz falta, além de avisar a malta, é pôr o pessoal a bulir contra todos os "padeiros" do trabalho sem direitos, dos salários baixos e da precariedade.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

JOSÉ GOUVEIA NA RESISTÊNCIA ANTI FASCISTA E NA ALVORADA DO PODER LOCAL DEMOCRÁTICO


No âmbito das comemorações do Poder Local Democrático, a Câmara Municipal de Loures publicou uma nova edição, a 2ª, da biografia e colectânea de testemunhos sobre José Gouveia, resistente e lutador anti fascista, e no pós 25 de Abril Presidente da Comissão Administrativa da Câmara de Loures.

Aproveitando essa feliz oportunidade decidiram os autores daquela colectânea introduzir no capítulo “Breve Biografia” alguns elementos que, sem a pretensão de fazer História, ajudem as gerações mais recentes a compreender o contexto em que se desenrolou a vida e a luta de José Augusto Gouveia.

O livro está a ser distribuído pela Câmara de Loures a quem podem ser solicitados exemplares, e o 1º capitulo revisto, a Breve Biografia, pode ser descarregado clicando AQUI.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

SER FÃ DE TRUMP OU CLINTON, DE PUTIN OU MERKEL, NÃO SÓ É RIDÍCULO COMO É PERIGOSO


A Crise sem fim à vista em que estamos mergulhados leva inevitavelmente ao agudizar das contradições entre diversas facções do grande Capital, dum país e/ou entre países, contradições que podem desembocar em conflitos mais ou menos agudos, ou até em guerras como as de 14-18 ou 39-45.

Ainda com contornos mal definidos estamos agora a assistir ao estalar de novos conflitos entre as classes dirigentes do chamado mundo ocidental, nos USA entre as facções que apoiam Trump e Clinton, a nível internacional entre o Reino Unido e a Alemanha, entre os USA e a UE, entre os USA e a China.

Não cabe à esquerda instituir-se em claque de apoio de nenhuma daquelas facções (ou pior ainda dividir-se em várias claques, cada uma à volta do seu santinho padroeiro), tomando as dores e servindo de joguete de quem nos pilha e explora e que desse modo poderia ainda mais facilmente fazer de nós gato sapato.

Como também não podemos ignorar o que se está a passar com o argumento de que isso é lá entre eles, que são disputas que não nos dizem respeito, até porque nos dizem respeito, e muito (no fim somos sempre nós a sofrer as consequências e a pagar as contas), e sem complexos nem demasiadas expectativas, não vejo ainda problema, antes pelo contrário, em avaliar positivamente ou apoiar as decisões ou iniciativas que eventualmente nos possam vir a ser favoráveis.

Neste como noutros casos os trabalhadores e a esquerda não se devem atrelar a interesses que lhe são alheios, mas sim definir a sua própria agenda, acompanhar o evoluir dos acontecimentos, e concretizar as formas de intervenção que façam avançar os interesses dos trabalhadores e do povo, no nosso e nos outros países.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

FAZ TEMPO QUE NÃO VIA TANTA GENTE A FAZER TANTA CITAÇÃO


Se o prezado leitor era jovem e andava pelos meios do Contra em finais dos anos 60 e princípios dos 70, aposto que tinha pelo menos um amigo especialista a catar citações revolucionárias que provavam de forma categórica e definitiva que ele é que tinha razão e que o Partido (era assim que então chamávamos ao PCP) tinha enveredado pelo revisionismo, a colaboração de classes e outros caminhos igualmente deletérios.

Talvez o actual ressurgir desta velha pratica do verbalismo pseudo revolucionário seja prenuncio de alguma coisa, de algo interessante que esteja a caminho, o certo é que cada vez vejo mais citações revolucionárias por aqui no FB, as mais das vezes usadas com o mesmo objectivo, denegrir o PCP e todos os que se situam nessa área da esquerda.

Recorrendo à velha receita de curar a ferida do cão com o pêlo do próprio cão, aqui deixo, a esses amigos especialistas em citações, uma saborosa citação sobre o vício das citações, com o desafio de nos dizerem onde e quem assim tão acertadamente falou:

"Quem procura respostas a tudo em Marx, acaba por descarrilar. Repare, Marx não predisse isto ou aquilo na Crítica do Programa de Gotha. Você precisa usar a sua própria cabeça em vez de coleccionar citações. Há novos factos e novas relações de forças. Faça a fineza de usar o seu cérebro."