sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

HOMENAGEM AOS ADVOGADOS DOS PRESOS POLÍTICOS NOS TRIBUNAIS PLENÁRIOS (1945-74)


Lista dos nomes dos advogados de presos políticos obtida pelo Movimento Não Apaguem a Memória para a homenagem de sua iniciativa que se realizou a 28 de Janeiro de 2014, na Assembleia da República, com o apoio desta e da Ordem dos Advogados.

(clique na imagem para ver todos os nomes)

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domingo, 26 de janeiro de 2014

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS NA PORTELA E MOSCAVIDE?


O prezado leitor já deve ter ouvido falar no Triângulo das Bermudas, uma zona dos mares das Caraíbas onde, de vez em quando, sem deixar rasto nem vestígios, barcos grandes e pequenos desaparecem misteriosamente.

Pois parece que aqui ao pé da porta, na Portela e Moscavide, durante o mandato de Carlos Teixeira, algo de semelhante aconteceu: um terreno municipal, de forma triangular, entre os Bombeiros, o Seminário, e a rotunda do Pingo Doce, terá também desaparecido misteriosamente do património da Câmara de Loures.

Sabemos que em 2007 o terreno ainda pertencia à câmara, pelo menos é isso que podemos ler no Loures Municipal nº 29 de Junho de 2007, que anuncia a assinatura dum protocolo entre a câmara e a Sogiporto para ali construir, em terreno MUNICIPAL, 68 fogos para alojar famílias da Quinta da Vitória.

Ora naquele triângulo nada foi construído para os moradores da Quinta da Vitória, que acabaram realojados noutras paragens, e o que lá está agora são umas palmeiras e um pavilhão de venda da 2ª fase do loteamento dos Jardins do Cristo Rei, o que me leva a deixar aqui as seguintes perguntas:

a) Aquele terreno municipal foi vendido? Quando? E por quanto?

b) Foi permutado? Por outro? Que está onde?

c) Foi oferecido? A quem? E a propósito de quê?

d) Ou terá sido engolido pelo fatídico triângulo das Bermudas, perdão, triângulo da Portela e Moscavide?

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sábado, 18 de janeiro de 2014

FAZES-NOS UMA FALTA DO CARAÇAS, ARY DOS SANTOS


Vi-te declamar pela primeira vez, há mais de quarenta anos, num convívio de operários da cintura industrial de Lisboa, no Centro Social e Paroquial de Moscavide. Para quem lá esteve e se recorda de te ouvir a dizer A SIGLA (SARL), sabe que os poucos registos que nos ficaram do imenso declamador não te fazem justiça.

Eras um gajo grande, exuberante, mas em frente duma audiência crescias ainda mais dois palmos. A voz ganhava força, o punho direito martelava as palavras, poeta e poema fundiam-se numa mensagem de denuncia, protesto, revolta e esperança. Foste um poeta de tempos difíceis, que neste tempo desgraçado nos volta a fazer uma falta do caraças.

SIGLA

S.A.R.L. S.A.R.L S.A.R.L.
a pança do patrão não lhe cabe na pele
a mulher do gerente não lhe cabe na cama.
S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
o cabedal estoira
e o capital derrama

O salário é sagrado
o direito é divino
mais o caso arrumado do poder que é bovino.

O papel é ao quilo
o cadáver ao metro
mais o isto e aquilo
com que se mata o preto.

O retrato é chapado
a moldura é antiga
para um homem armado
a catana é cantiga.

S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
o respeito algemado
o sorriso fiel
do senhor cão pastor que tem coleira aos bicos
S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
só salvamos a pele se formos cães de ricos:

A palhota de mágoa
a casota de medo
mais o pão e a água
que nos dão em segredo.

A gaveta arrumada
a miséria contida
mais a fome enfeitada
que há num dia de vida.

O cachorro quieto
o prazer solitário
do filho predilecto
do doutor numerário.

S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
a folha de serviços a folha de papel
o fabrico o penico o sono estuporado.
S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
o silêncio por escrito o silêncio ladrado:

A mensagem urgente
o envelope fechado
mais o rabo pendente
do animal escorraçado.

O contínuo presente
o contínuo passado
mais a fala deferente
do contínuo coitado:
Permite-me permite
Vossa Celebridade
o limite o limite
o limite de idade?

S.A.R.L. S.A.R.L. S.A.R.L.
Ai o sal deste mar ai o mel deste fel
o azeite o bagaço
o cagaço o aceite
deste lagar Tarzan traumatizado.
Ai a fase do leite
ai a crise do gado
neste curral sinónimo do homem
ANÓNIMO
RESPONSÁVEL
LIMITADO.

(Ary dos Santos, INSOFRIMENTO IN SOFRIMENTO, 1969)

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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

TRANSPARÊNCIA E PROXIMIDADE NA ERA DIGITAL.


"quem estiver interessado em apresentar sugestões, informações ou reclamações (...) pode fazê-lo por escrito, através da entrega de requerimento dirigido ao Presidente da Câmara Municipal, identificando-se devidamente e expondo as questões que considerar pertinentes."

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

DISCUSSÃO PUBLICA DO PDM DE LOURES
Será que podemos confiar na documentação do PDM?


Curioso por saber o que está previsto nesta revisão em curso do PDM de Loures para os terrenos do antigo bairro de habitação precária da Quinta da Vitória na Portela, e embora sem grande esperança de ficar elucidado (aquilo é coisa para especialistas), fui dar uma vista de olhos à documentação do PDM disponível no site da Câmara de Loures.

Comecei pelo Relatório da Revisão do Plano Director Municipal de Loures, de Julho de 2013, e calculem que, logo à primeira, fui parar ao Quadro nº2 – População Residente por Freguesia e Escalão Etário (página 97, Fonte: INE, Censos 2011), onde se diz que a Portela tinha, em 2011, 18469 habitantes. Ora o que o Censo de 2011 realmente diz é que a população da Portela era nessa data 11089 habitantes, ou seja para o PDM de Loures a Portela tinha, em 2011, mais 64% dos habitantes do que aqueles que realmente cá moram.

A seguir fui ver a Planta dos Compromissos Urbanísticos, de Abril de 2013, e constato que se continua a ignorar que a parte norte do Parque da Nações já não pertence ao concelho de Loures desde Junho de 2012.

Nas únicas informações que vi e que posso confrontar com o que conheço, apanhar logo com dois erros em dois, uma taxa de erro de 100%, pode ter sido uma infeliz coincidência, talvez apenas dois lapsos sem quaisquer implicações praticas, mas o facto é que a minha confiança na informação disponível do PDM ficou um bocado abalada.

Voltando à razão da minha consulta, saber se há alguma coisa prevista para os terrenos agora livres da Quinta da Vitória, deparo com a auspiciosa informação, na tal Planta dos Compromissos Urbanísticos, de que não existe qualquer Loteamento ou Compromisso para aqueles terrenos.

Mas será mesmo? Será que a sociedade imobiliária Sogiporto, do grupo Finibanco, que comprou aquele terreno e que já gastou uns largos milhares de euros em indemnizações aos antigos moradores para de lá saírem, o fez sem lhe ser garantido qualquer direito de loteamento e construção naqueles terrenos? Será que estamos perante uma nova modalidade de capital financeiro de natureza filantrópica? Ou será mais um erro da documentação do PDM de Loures em que, azar meu, fui mais uma vez encalhar?

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