domingo, 30 de janeiro de 2011

EGIPTO: VAI O POVO CONSEGUIR GANHAR OS MILITARES?


Na timeline dos acontecimentos no Egipto de 30/1 do Guardian:

30/1 às 13.05
Modern US tanks are deployed in Cairo for the first time, confirming rumours that elite troops are being moved to the capital.

30/1 às 14.19
At least 20,000 protesters are in Tahrir square, left, many cheering as fighter jets fly past repeatedly. The crowd chants: 'We will not leave until he leaves.'

30/1 às 18:41
Army tank joins protesters in procession through Alexandria, al-Jazeera reports. The commander of the tank insisted that the army had "no intention of stopping this march".

sábado, 29 de janeiro de 2011

Prendas e Idoneidade

A PROPÓSITO do recebimento de presentes, durante o exercício de determinadas funções, Jorge Sampaio, ex-presidente da República, declarou em tribunal, referindo-se ao acusado José Penedos, arguido no processo Face Oculta, o seguinte: “Há presentes e presentes. Recebi centenas e ninguém pode dizer que influenciaram qualquer das minhas decisões, (…) a maior parte dos presentes são mera cortesia (…) quem é influenciado e afectado por eles, é porque não tem capacidade moral”.
Precisamente porque quem é agraciado com prendas, pode não ter capacidade moral, sendo susceptível de poder vir a ser influenciado, ou ser disso acusado, os presentes (desde as canetas e caixas de robalos, até aos automóveis topo de gama), seja para aferir a capacidade moral, amaciar cumplicidades, premiar ou abrir portas a favores, deveriam ser banidos das relações com pessoas detentoras de poder, e o ex-presidente Sampaio, com tão lamentáveis considerações, deveria abster-se de contribuir para branquear tão pernicioso fenómeno, quando há interesses institucionais pelo meio. Com a idade e a experiência que tem, já devia saber que deixar-se corromper, não é um passo, nem curto, nem longo; depende de se querer mudar de tipo de calçado, e do número que se calça. Não basta dizer que as prendas são atenções dirigidas à função e não à pessoa em si mesma; na verdade, não são um gesto irrelevante, antes cria mais incómodos do que enobrece as relações. Se quisermos que sejam iniciativas de descomprometida gentileza, devemos escolher outras e inócuas circunstâncias e ocasiões, que não possam ser associadas com o exercício de funções.

Qual foi a parte que a Câmara PS de Loures não percebeu? Que o comboio é um meio de transporte pesado ou ...


Depois da castanha legume, a imaginação conceptual/classificativa da Câmara PS de Loures não pára de nos surpreender. Agora é o seu vice-presidente, João Pedro Domingos, que nos vem dizer que "Somos o quinto maior concelho do país e continuamos a ser o único da Área Metropolitana de Lisboa que não é servido por um meio de transporte pesado".

Será que os comboios passaram agora à categoria de ultra leves? Ou o senhor Domingos ainda não se apercebeu que Santa Iria da Azóia, São João da Talha, Bobadela, Sacavém e Moscavide, também fazem parte do concelho de Loures? Que deste lado oriental do concelho com comboio suburbano à porta, ou não muito longe, vive quase dois terços da população do concelho de Loures?

Isto vem a propósito do Programa Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML), cuja proposta de alteração está em discussão pública até segunda-feira, e que é tão mauzinho que até as Câmaras PS se abstêm ou votam contra a proposta do Governo PS, o tal que nas eleições de 2009, acolitado pela Câmara PS de Loures, nos brindou com a promessa, entretanto metida na gaveta, da extensão do Metro a Loures e Sacavém.

E a pergunta que aqui deixo a todos os leitores é: como é possível que alguém que se sai com aquele desconchavo esteja em posição de dar parecer e/ou tomar decisões sobre questões tão importantes da vida deste concelho, de fazer opções que vão afectar, por muitos anos, todos os que aqui vivemos?


Sobre o Metro e mobilidade no concelho de Loures pode ver também:

Metro e interface rodoviário em Moscavide
Melhorar a mobilidade na parte oriental do concelho de Loures.

Já que o Metro não vem à Portela...
Qual a melhor maneira de ligar a Portela ao Metro?


I LIKE TO MOVE IT, MOVE IT

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Então as eleições não podem também ser luta de massas? Estão condenadas a ser sempre o quê? Luta de pizzas?


O pessoal que por aqui nas redes sociais se começou por lamentar do “povo que temos”, acha agora que as eleições é coisa que já lá vai, que isso agora não interessa nada, o importante mesmo é a “luta de massas”.

Como se as eleições não pudessem também ser momentos altos de mobilização e luta social e politica, como se a nossa própria história não tivesse exemplos de importantes lutas de massas à volta de “eleições” (onde nem sequer se punha a questão de eleger o candidato da oposição).

Não percebem, nem parecem interessados em tentar perceber, porque é que na actual situação, de aguda crise e descontentamento social, a mobilização popular à volta da candidatura de esquerda pouco ultrapassou a linha dos fiéis votantes no PCP, mas disponibilizam-se desde já, do FB aos blogs, para se pôr "à frente das lutas de massas".

Se o fizerem, que neste caso tenham um pouco mais de clarividência do que a mostrada nas eleições presidenciais, por exemplo, fixando objectivos claros, significativos, e realistas, em vez de se ficarem pelas tomadas de posição e protestos pouco mais que simbólicos, então acho que o povo até é capaz de agradecer.

Só espero que me poupem de um dia destes começar a ouvir que tal e coiso e blá blá estas são “as massas que temos”.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Parece que o Povo não se empolgou com o apelo ao patriotismo, nem se rendeu ao charme do membro da CP do CC do PCP.


No post ISTO DAS ELEIÇÕES É COMO FAZER AMOR o Dédé dá conta do desencanto de apoiantes da candidatura de Francisco Lopes com os resultados das eleições do passado domingo, e do seu, deles, relativo consenso de que a “culpa” é do povo que terá votado contra os seus interesses.

De facto é frustrante ver que a única candidatura que nesta conjuntura de crise assumiu por inteiro as “dores do povo” e conduziu a mais séria, empenhada e combativa campanha eleitoral consegue apenas pouco mais de 300 mil votos, 3,1 % dos 9.622.547 inscritos ou 7,1% dos votos válidos.

Seria uma completa injustiça e falta de seriedade não reconhecer o muito bom desempenho de Francisco Lopes e o trabalho de todos os que contribuíram para a sua campanha; como de uma grande leviandade e autismo assacar o relativo desaire para as costas do “povo que temos”.

Como por aqui se referiu neste blog, a actual conjuntura de crise económica e social e o quadro dos outros concorrentes, propiciavam as condições para a apresentação duma candidatura com um apelo mais abrangente que, mesmo sem comprometer o essencial das linhas do manifesto e actuação da candidatura do PCP, tivesse sido mais efectiva na concretização dos seus objectivos, nomeadamente reforçar a voz dos trabalhadores em luta e alargar a expressão do descontentamento a outros sectores dos que estão a pagar a crise.

Apresentar neste tipo de batalha um importante mas relativamente desconhecido dirigente do PCP, não era certamente “a única alternativa”. Agora não há como voltar atrás, e é por isso completamente inconsequente cristalizar à volta de posições do tipo “eu é que tinha razão”, até porque nada garante que a emenda fosse melhor que o soneto; mas agora é o tempo certo para fazer a avaliação objectiva do que foi esta importante intervenção na vida política do país, nomeadamente das opções de fundo que ditaram a natureza da candidatura e condicionaram os seus resultados.

A justeza das orientações, neste como noutros casos, afere-se na pratica, não em função da autoridade de quem as decide e/ou defende, mas sim dos resultados alcançados. E a questão que nos devemos sempre colocar, em vez de procurar desculpas, é se teria sido possível ter feito melhor, não para atribuir medalhas ou dar raspanetes, mas para aprender com os acertos e as falhas, para fazer melhor no futuro. Na situação de debilidade das forças de esquerda, da difícil conjuntura e das lutas que se impõem, esta parece-me a atitude que, por todas as razões, cabe a cada um de nós.


Nota
A fotografia é dum comício da CDE nas “eleições” de 1969. Na CDE participavam o PCP e outros sectores de esquerda, mas não incluía o Dr. Mário Soares e outros caciques da ASP (que esteve na origem do PS) que concorreram como CEUD.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O QUE É QUE PORTAS QUER COMPRAR DESTA VEZ, UM PORTA AVIÕES?


Impaciente por voltar ao Governo, Paulo Portas não espera sequer pelos resultados definitivos das eleições. Embalado com a vitória do Presidente de 23% de Todos os Portugueses, aí está de novo super activo, agora a propor um acordo pré eleitoral com o PSD.

Se não nos pomos a pau desta vez ainda acabamos todos a pão e água.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sua Inexistência, a ministra André

AINDA a procissão vai no adro, estamos a pouco mais de 48 horas depois das eleições para a Presidência, e continuam a chegar mais novidades, quentes e boas, acabadinhas de sair do assador do governo. Em sede de Concertação Social, os representantes das associações patronais rejeitam ser elas a financiar o fundo dos despedimentos, e entendem que é aos próprios trabalhadores que compete tal função, através da redução dos seus salários. Ora toma, é como se tivessem dito que os patrões não têm nada a ver com despedimentos, tal como o Cavaco disse que não tinha nada a ver com as grandes dificuldades, de que se queixava aquela senhora que o interpelou na campanha eleitoral. O despedimento passa a ser um estado natural do sistema, não uma anomalia. Entretanto, Sua Inexistência, a ministra do trabalho Helena André, continua a garantir que a facilitação dos despendimentos tem como objectivo assegurar e "promover a criação de emprego", tal qual como nós estamos a ver daqui, sem necessitar de luneta. Há uns anos atrás começámos a fazer PPRs e PPEs, e agora, graças ao admirável mundo novo do neoliberalismo socrato-cavaquista, vamos acabar a fazer PPDs (Planos de Poupança-Despedimento) pagos do nosso bolso. Quem não for sensível a isto, é burro de certeza!

Nota – Na primeira foto a ministra recebe descontraidamente as associações patronais, e na segunda, com ar solene, as associações sindicais. Se necessário e para tirar dúvidas, clicar na imagem para aumentar.

ISTO DAS ELEIÇÕES É COMO FAZER AMOR
Somos todos muito bons, uns verdadeiros especialistas; se a coisa corre mal a culpa só pode ser dos outros.


Desabafos online dalguns friends que no Facebook animaram o grupo A candidatura que defende Portugal e os Portugueses:

  • Relativamente ao que deu errado: Creio que nada deu errado pois isso depende do que se esperava do Bolo. Creio que da nossa parte podemos dizer que cumprimos a missão e cumprimo-la bem.
  • Mas este povo é asno ou toma o veneno como fosse remédio?
  • Não desanimem pois o nosso resultado é positivo e não se mede em votos.
  • Estou revoltada com a ignorância deste povinho aburguesado!
  • O trabalho, o esforço realizado por Francisco Lopes, por todo o Partido e apoio de muitos milhares de amigos não foi em vão, saímos mais reforçados!
  • Lembrei-me do meu avô materno... Ele costumava dizer que cada porco tem o chiqueiro que merece... É pena que quem vive ao lado e sem ter culpa nenhuma ter de levar com o cheiro desse chiqueiro! Quero que saibam que não contribui para a MERDA que ai vem.

Adenda em 26/1/2011 (2 excertos de declarações de Jerónimo de Sousa)
  • O resultado de Francisco Lopes nas eleições presidenciais foi «notável» face à campanha de «resignação» e do «está tudo decidido» com que os portugueses foram «martelados» ao longo de meses.
  • Em relação à nossa votação, procuramos até compreender o povo, não estamos zangados com ele. É este o povo que temos, é com este povo que lutamos, é por este povo que continuaremos a lutar.

Sobre as Presidenciais

HABITUALMENTE não reflicto muito na véspera de eleições. Basta-me observar o dia-a-dia, ter as minhas convicções e andar razoavelmente informado para formar a minha opinião. No entanto, não abdico de reflectir sobre os resultados eleitorais, porque normalmente vão condicionar o meu-nosso futuro, logo, costumo investir algum tempo a digeri-los, e naturalmente, a articular conclusões.
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COMO já referi no meu blog O ESCREVINHADOR, neste acto eleitoral, a abstenção, se tivesse nome de gente, teria ganho as eleições e dado ordem de despejo a Cavaco Silva, do Palácio de Belém. E isso tem um significado: seja pelo variado elenco de candidatos, ou pela vulgaridade dos seus objectivos, os políticos à esquerda de Cavaco Silva falharam redondamente. Não souberam interpretar as inquietações do eleitorado, que subjaz ao descontentamento que se vive, e não souberam (ou não quiseram) almejar entendimento, concentrando-se numa candidatura consensual, que pudesse enfrentar, de igual para igual, o candidato da direita. Resultado: o eleitorado, descontente com a pulverização à esquerda, acabou dar o seu voto aos candidatos “freelancer” (Fernando Nobre e Manuel Coelho), ou então renunciaram a votar. E as conclusões estão à vista: há 5 anos, Manuel Alegre com uma candidatura autónoma anti-PS facturou mais de um milhão de votos. Agora, apoiado por esse mesmo PS e pelo BE perdeu 300.000 votos. Francisco Lopes averbou menos votos que Jerónimo de Sousa nas eleições transactas, e Fernando Nobre que fez questão de se apresentar sem apoios partidários, averbou 600.000 votos. O ex-comunista e actual PND José Manuel Coelho, voluntarioso e a remexer nas feridas abertas, chegou quase aos 190.000 votos.
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POR ISSO, no fundamental concordo com o Brissos, naquele post que ele assinou no blog ESSÊNCIA DA PÓLVORA. E insisto nesta ideia: o PCP, e também o BE, têm especiais responsabilidades em não conseguir encontrar um "challenger". Francisco Lopes passou a mensagem do PCP de forma rigorosa, foi oportuno e pedagógico, porém o PCP continua a perder moderadamente votos, mas é preciso muito mais do que isso. Para as próximas eleições presidenciais (e não só nessas), o PCP precisa de encontrar, ou colaborar empenhadamente na busca de uma figura de consenso, sobretudo independente, mas que se identifique com políticas e causas de esquerda, que seja capaz de reconquistar o eleitorado do PCP, que aglutine o descontentamento que grassa numa significativa franja do PS e estimule o eleitorado do Bloco de Esquerda, que desta vez, tão prematuramente se colou à apressada e apatetada candidatura de Manuel Alegre, uma iniciativa fabulosa e tresloucada, empenhada em tentar reeditar e multiplicar a votação de há cinco anos atrás, quando as condições, eram bem diferentes das actuais. De facto, os tempos são outros, e já era altura de o PCP abandonar aquele princípio (e pelo caminho alguns outros) de que só apoia aquilo que pode controlar a 100%. Talvez por isso, para mim, as eleições presidenciais não tenham passado de um acontecimento menor, em comparação com o que vamos ter que enfrentar no futuro, agora que Sócrates viu renovada a cumplicidade e a protecção institucional da Presidência da República.
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NÃO QUERO falar de números nem de efabulações aritméticas; quero apenas lembrar que quem tem intenções de votar à esquerda, perdeu o pé, e os partidos que têm responsabilidades nisso, e cuja implantação não é negligenciável, pouco ou nada fazem para que a democracia mude de rumo. Por isso, e não só, é forçoso que haja alguém que convença o PCP, de que ele não é apenas um partido contestatário e vigilante da consciência e moral socialista, mas também um partido de poder, não hegemónico, é certo, mas detentor de ideias justas e de quadros altamente competentes e dinâmicos, com grandes probabilidades de participarem na inversão deste declínio, para que a sociedade portuguesa está a ser arrastada. Se o PCP chegou até aos dias de hoje, com as correspondentes despesas que os abanões da história sempre cobram, à mistura com algumas clamorosas e dispensáveis purgas, penso que é chegada a altura de enfrentar a realidade, mandar render a guarda e enfrentar os combates que se adivinham, abrindo novos caminhos e sugerindo outros destinos. Em democracia, os partidos políticos têm, e sempre terão, grandes responsabilidades, porque são a súmula de uma colectividade de convicções, e a História, ao analisar os grandes momentos, não os isenta de responsabilidades, antes pelo contrário.
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FALTA acrescentar um último ponto a este meu devaneio. Embora haja que respeitar a democracia e os resultados eleitorais, não há que ter medo de sermos críticos das escolhas que o povo português fez, e verbalizar porque discordamos dessas escolhas. As decisões da maioria (tanto as boas como as más, segundo o entendimento de cada um) não podem transformar-se numa espécie de ditadura dissimulada da maioria. Cavaco Silva é o Presidente da República Portuguesa, mas não é o “meu” Presidente, e por uma razão simples: Cavaco Silva já deu provas de não ser presidente de todos os portugueses, seja por preconceito, por atitudes, ou por outras razões não negligenciáveis. Se for necessário dizer que o povo escolheu mal, direi que o povo escolheu mal, e até direi porquê. Nem sempre as maiorias, lá porque são maiorias, têm razão, ou sejamos obrigados a dar-lhe razão. Do que não se pode duvidar, é que mesmo podendo estar erradas, essas escolhas são legítimas, logo temos que conviver com elas, e está aí o cerne da democracia. O grande desafio está em encontrar o caminho para o mudar o estado de coisas, e se ele não existir, abri-lo à força de ideias, com arrojo e determinação.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Decisão “à Cavaco”

AINDA não passaram 24 horas sobre o apuramento dos resultados eleitorais para a Presidência da República, e já o governo de Sócrates tomou uma decisão de fundo, com vista à resolução do problema da economia portuguesa, e por arrastamento, também do desemprego, bem à maneira de Cavaco Silva, como quando ele era primeiro-ministro, entre 1985 e 1995. Assim, para que as empresas se tornem mais “competitivas”, os despedimentos vão tornar-se mais “económicos”. Diz o jornal PÚBLICO que “o Governo vai reduzir o valor das indemnizações por despedimento, propondo o pagamento de 20 dias por cada ano de serviço e ainda a aplicação de um tecto de 12 meses. Esta é a proposta que está a ser apresentada neste momento aos parceiros sociais. Actualmente, os trabalhadores despedidos têm direito a uma compensação de 30 dias por cada ano de antiguidade e sem qualquer limite de valor. Por exemplo, um funcionário com 20 anos de casa tem direito a uma indemnização correspondente a 20 meses de salário. Com a proposta do Governo, passa então a existir um limite de 12 meses no pagamento de compensações. Este era, aliás, o tecto proposto pelos parceiros patronais.”
Portanto, estas são as primeiras medidas que prenunciam os novos tempos que os portugueses vão ter pela frente. Mas não se iludam, porque vêm aí mais novidades.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O PRESIDENTE DE 23,15% DE TODOS OS PORTUGUESES.


Embora o pessoal jovem é que tenha a fama de não perceber puto de Matemática, parece-me que os mais cotas também deixam muito a desejar.

Com 99,75% dos resultados apurados, votaram em Cavaco Silva 2.228.154 eleitores dos 9.629.630 inscritos. Segundo a minha folha de cálculo 23,15%.

Se isto é um bom resultado, vou ali e já volto


Adenda em 29/1/2011

Ao fim de quase uma semana em estado de negação, ontem a direita, pela voz de Vasco Pulido Valente, começou a admitir que afinal a coisa não correu lá muito bem a Cavaco:

"Temos de voltar ao essencial. O dr. Cavaco perdeu. E fez mais do que perder uma eleição. Comprometeu gravemente o regime, que daqui em diante já não pode funcionar com qualquer espécie de “regularidade”. Com 54 por cento de abstenção, um Presidente, este ou outro, não tem a força e o prestígio para dissolver a Assembleia ou sequer para exercer uma influência pesada sobre o Governo. Está sempre numa posição de claríssima fraqueza, porque nada lhe garante que os poucos votos de 23 de Janeiro (menos de um quarto dos portugueses) lhe cheguem para sancionar ou impor uma decisão [...] obrigado a negociar a todo o momento cada passo e cada palavra.

E assim o homem, que devia assegurar a estabilidade da República, acabou em cinco anos por a comprometer. [...] Andou por aí, como um fantasma, sem uma palavra pertinente, um gesto de afirmação, uma vontade clara. E ficou, como era de esperar, sozinho. O que não importaria muito, se Portugal não precisasse, como precisa, de um Presidente."

Ler a crónica completa no Publico de 28/1

O NÚMERO QUE NÃO COUBE NO CARTÃO DE CIDADÃO.


Os crânios que conceberam o Cartão do Cidadão devem ter achado que isso do Numero de Eleitor é coisa que não interessa a ninguém, e vai daí, aquilo que é uma das iniciativas mais positivas do Simplex lá ficou coxa na perna da cidadania.

Os problemas que isto está hoje a causar a muitos milhares de pessoas, e que terá mesmo impedido algumas de exercer o seu direito ao voto, não é novidade. Já nas anteriores eleições o problema ficou bem evidente, embora com menor expressão do que hoje por à data haver menos Cartões de Cidadão do que agora.

O que é que se fez entretanto para tentar minorar o problema? Salvo raras excepções, NADA.

A Comissão Nacional de Eleições que devia ter alertado para o problema e tomado medidas, pelo menos ao nível da divulgação, nada fez, e aquelas inovações tecnológicas que nos permitem consultar o número de eleitor através da Internet e de SMS estão obviamente dimensionadas para trabalhar na perfeição nos períodos em que não são necessárias, mas quando chega a hora da verdade acontece o mesmo que à embaixada de Portugal em Tunes, tiram férias.

Enfim restam as excepções, entre as quais aqui a Junta da Freguesia da Portela (PSD) que em todos os actos eleitorais mantém na Assembleia de Recenseamento um serviço que, sem deslocações, filas, ou esperas, fornece aos eleitores cá do bairro o numerozinho que não coube no Cartão de Cidadão, e que é indispensável para o exercício do indeclinável direito ao voto.


Sugestão
Aprendido numa mesa de voto nas anteriores eleições: criar no telemóvel um contacto Eleitor com o dito numero. Depois é só não esquecer que o pôs lá.

De Vento em Popa

PENSO que não estarei muito enganado se disser que as receitas (ou poupanças) que vão ser obtidas com as reduções de salários, impostas pelos PECs e pelo OE2011, já têm, pelo menos, duas aplicações: umas vão ser usadas para indemnizar os antigos clientes do Banco Privado Português, que tinham investido naqueles produtos que eram vendidos como depósitos a prazo, mas que afinal eram aplicações de risco, e que depois deram para o torto; outras vão ser utilizadas na aquisição de 2.655 novas viaturas para o Estado, no valor de 35 milhões de euros. Como se pode ver, e apesar da crise, ninguém consegue travar o magnânimo "Estado Social" do engenheiro incompleto, o qual segue, não só de vento em popa, como também movido a altas e renovadas cilindradas, como se nada fosse com ele.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AGORA É TEMPO DE REFLECTIR, E DEPOIS VOTAR.



Os votos em Francisco Lopes contribuem sempre, mas sempre, para que Cavaco Silva possa não ganhar logo na 1ª volta e ser forçado a disputar uma segunda volta.

Os votos em Francisco Lopes são os que, politicamente, melhor, mais clara e mais fortemente falam e testemunham pelo descontentamento, irritação, revolta e indignação causados por uma política em que, nos aspectos essenciais, Cavaco e Sócrates e o PS e o PSD são cúmplices e não adversários e que, ao mesmo tempo, alargam veredas de esperança e mais combativamente batalham por novos rumos de real mudança.

A abstenção ou o voto em branco (cuja legitimidade democrática não se contesta) por parte de eleitores de esquerda contribuem sempre para melhorar a percentagem de Cavaco Silva e diminuir as percentagens dos que se lhe opõem nesta eleição presidencial. Insatisfações ou diferenças de opinião com os candidatos adversários de Cavaco Silva não devem servir para fazer de conta que tudo é igual ao litro ou para que, podendo falar, haja homens e mulheres que fiquem calados a ver a banda cavaquista passar.

Numa circunstância eleitoral, a maior grandeza da democracia e a maior afirmação da dignidade dos cidadãos eleitores não está num espírito de «maria vai com as outras» ditado por sondagens ou enganadoras e falsas concepções de «voto útil» mas sim num voto firme e inabalavelmente determinado pela consciência, convicções e vontade efectivamente soberana de cada um de nós.


Vítor Dias, em "o tempo das cerejas"
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"Admito ser penalizado pela impopularidade do Governo"

"Admito ser penalizado pela impopularidade do Governo", são palavras do candidato Manuel Alegre, e tal queixa não é coisa que surja apenas agora, saída do nada. A impopularidade do governo já vem de longe, Alegre sabia disso e bem se esforçou para que Sócrates o apoiasse. E Sócrates agradeceu. Ao ter aceite que Alegre se tornasse candidato do PS, depois de aquele ter recebido o apoio do BE, abriu o caminho para que a reeleição de Cavaco Silva ocorresse sem grandes sobressaltos, afinal a solução que mais lhe agradava e em que mais investiu. No estado em que Sócrates está a deixar o país, a cavacal solidariedade institucional e a passividade presidencial são bens inestimáveis. E Cavaco já o garantiu, quando disse anteontem que não quer complicar a vida ao governo, que é um defensor da estabilidade política e tem "pouco apetite" para dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Candidato Sonso

CONFRONTADO com as queixas das populações, sobretudo por parte de quem tem reduções de salário e a miséria a bater à porta, Cavaco Silva, o candidato sonso, que faz de conta que não é Presidente da República de há cinco anos para cá, respondeu hipocritamente: “Isso não tem nada a ver comigo!

NÃO SE CALE NO DOMINGO
No domingo tem duas possibilidades: calar-se ou usar o voto para expressar a sua indignação.


"Eu não voto em ninguém", atirou ao candidato, revoltada pelos cortes que a impossibilitam de recorrer às credenciais necessárias para que os bombeiros a levem ao seu médico.

A reportagem é do Público e merece os poucos minutos que a sua atenção lhe possa dispensar. Num episódio simples mas significativo, que nas suas infinitas variações todos já testemunhámos no nosso dia a dia, uma senhora afectada por mais uma medida injusta e iníqua, que lhe nega os meios para prosseguir um tratamento, revolta-se contra este mundo feito cão em que lhe coube viver com o bem conhecido EU NÃO VOTO EM NINGUÉM.

Foi a senhora idosa de Sines, mas podia ser o jovem do bairro social suburbano, a operária têxtil com o marido desempregado há mais dum ano, a jovem licenciada a trabalhar a recibos verdes, o quadro da grande empresa obrigado a "dançar ao som da música de quem manda" para tentar manter o emprego, o pequeno comerciante com dívidas ao fisco, aos fornecedores, ao banco.

Todos eles, e tantos mais, que já não acreditam na possibilidade doutra forma de viver a vida, na acção colectiva, no simples acto de votar como forma de ao menos exprimir a sua indignação. E cada um deles é um caso, uma pessoa concreta que precisa não só de compreensão mas da sincera empatia que o seu grito de revolta procura em quem o ouve, como aliás tão bem o entendeu e soube exprimir naquela situação o candidato Francisco Lopes.

Um exemplo para quem diariamente nos partidos, nos sindicatos, nas autarquias, nas colectividades de recreio, nas organizações de solidariedade social dá o melhor de si mesmo, na luta por um mundo novo a sério.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

TEMPERATURA DA CAMPANHA


O Publico apresenta diariamente uma rubrica chamada Temperatura da Campanha, onde no desenho dum termómetro atribui um valor de temperatura (nota) a cada uma das campanhas.

Com seria de esperar no periódico do Belmiro, a candidatura de Francisco Lopes está sempre para o lado do frio, partilhando normalmente Cavaco e Alegre os lugares mais quentes e cimeiros.

O que mais me intriga é em que buraco é que a autora da rubrica, São José de Almeida, enfia o termómetro para, por exemplo e de acordo com o próprio Publico, num dia em que Alegre teve um "comício com pouca gente no Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo" atinge a temperatura de 40 graus, ao passo que Francisco Lopes, "perante milhares de pessoas" que encheram o Campo Pequeno, se ficou pelos 20 graus.

Se tem mesmo de ser patriótico... sempre é preferível ser "patriótico e de esquerda".


Agora que o tema chegou ao 5Dias, recordo que já aqui na Essência tinha falado nisto faz tempo, em OBVIAMENTE NÃO SOU PATRIOTA, o que, como podem constatar se forem lá ver ao link, embora sendo um facto incontornável acerca do qual nada posso fazer, em nada me impede de votar Francisco Lopes no dia 23.

No post Patriótico e de Esquerda Manuel Gusmão faz uma defesa meritória da utilização da expressão na campanha de Francisco Lopes mas derrapa nitidamente quando invoca Marx e o Manifesto: “Venhamos então a essas frases do Manifesto Comunista que, de tão luminosas, acabam por encandear”.

ENCANDEAR? Será que agora tenho que passar a usar óculos escuros para ler Marx e Lenin? Ou desistir de vez e começar a ruminar uma das versões autorizadas das suas doutrinas? Sei lá a, muito em destaque na última Festa do Avante, "A História do Partido Comunista da URSS (bolchevique)" com introdução de Filipe Leandro Martins do Comité Central do PCP?

Uma Viagem ao Qatar

O primeiro-ministro Sócrates foi até ao emirato do Qatar, diz ele que com a intenção de incentivar as nossas exportações, e promover oportunidades de investimento do Qatar em Portugal, e vice-versa. Quanto à venda de dívida, diz Sócrates que o assunto nem sequer foi discutido. Entretanto, o ministro dos negócios estrangeiros Luís Amado, que viajou integrado na comitiva, informou os jornalistas que Portugal está a tentar vender dívida soberana a investidores daquele país. Se bem que quando Sócrates fala, a hipótese de estar a falar verdade seja diminuta, o certo é que já não é a primeira vez que Amado desmente, ou melhor, diverge de Sócrates, faltando apurar quem fala verdade, ou se aquilo não passa tudo de jogo combinado, com o objectivo de baralharem e confundirem o FMI, o BCE e os mercados de capitais. Este mistério das arábias adensa-se, mas em última análise, pode também acontecer que andem simplesmente a apalpar o terreno, à procura de local para armarem a tenda e irem gozar um exílio dourado, já que não há mais lotes disponíveis na quinta da Coelha. Entretanto, desconhece-se se Sócrates fez ou não a sua habitual sessão se “jogging” matinal.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Os lugares políticos são efémeros, mas a vivenda da Quinta da Coelha está para durar.


Com tanta vivenda por esse Algarve, terá sido também coincidência ter escolhido a casa de férias ao lado de Oliveira e Costa e outros amigos do BPN, os tais com quem nos disse já não ter nada a ver há muito tempo?

"Os lugares políticos são efémeros, mas a nossa honra e o nosso carácter são permanentes", diz Cavaco mostrando indignação quando falam da compra acções do BPN a 1 euro, quando o preço era 2,2 euros.

Então e agora cabe ao povo “repudiar veemente a campanha de insinuações e calúnias que foi montada”»? Não consegue sua excelência arranjar um tempinho para explicar uma coisa tão simples? A sua honra não justifica esse pequeno sacrifício? Acha mesmo que estas coisas se resolvem nas eleições, à la Berlusconi?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OS "FILHOS" DE CAVACO


Daniel Oliveira, no Arrastão

Segundo uma investigação da "Visão", no período de pousio político, Cavaco Silva conseguiu um terreno, onde agora tem uma propriedade, através de uma permuta com um construtor civil. Não se sabe com quem e com quê foi feita a permuta. E o próprio Cavaco não se lembra. Ao contrário do que informou o Presidente da República, a matriz da propriedade que é referida no Tribunal Constitucional não está nos registos notariais. Sabe-se que o negócio foi feito por um ex-adjunto seu e que no pequeno aldeamento, financiado pelo BPN, em que quase tudo tem estranhos contornos, Cavaco tem como vizinhos Oliveira Costa e Fernando Fantasia. São dois homens fortes da SLN. Um vendeu e comprou ações a Cavaco Silva, dando-lhe um bom pé de meia. Outro fez excelentes negócios em Alcochete, socorrendo-se de informação privilegiada, depois do empenho dos cavaquistas em ver ali o novo aeroporto.

Será mais uma coincidência a rede dos negócios ser sempre a mesma?

Cavaco Silva pode continuar a dizer que os seus filhos sairam há muito tempo de casa e que não pode responder pelo seu comportamento tantos anos depois de lhes ter perdido o rasto. Mas, de cada vez que se cava um buraco, lá aparecem as mesmas minhocas. É coincidência que tantos filhos do cavaquismo tenham ido parar ao BPN? É coincidência que Cavaco tenha mantido, com todos eles e com o banco que eles construiram e que nos está a destruir, relações tão próximas? Que eles apareçam nos seus negócios privados, nas suas comissões de honra e nas listas dos financiadores das suas campanhas

A verdade é que os filhos que Cavaco renega quando se fala do BPN nunca sairam da sua casa. Construiram um banco que se mostrou ruinoso para o País com base nas redes clientelares do cavaquismo. E, na gestão da sua vida financeira e patrimonial, Cavaco Silva continuou a mover-se sempre nessa mesma rede.

O Grande Optimista

José Sócrates, penso que numa sessão da campanha de Manuel Alegre, puxou pelas palavras e acusou "aqueles que nos últimos dias apenas falaram de crise e de instabilidade, esses não prestaram um bom serviço ao país. Pelo contrário, esses que passaram os últimos dias, a semear a desconfiança, a incerteza e a dúvida não estiveram à altura do interesse nacional". Sentenciou depois, como se fosse o Oráculo de Delfos, um aviso solene: que "A História saberá registar quem esteve à altura dos momentos decisivos e quem faltou à chamada num momento crítico de defesa do interesse nacional para Portugal".
Sem o ter citado, há quem veja nisto um recado, ou talvez puxão de orelhas, ao Prémio Nobel da Economia Paul Krugman, o qual sustenta que são ruinosas as taxas a que a dívida portuguesa está a ser colocada nos mercados, e as ditas operações, longe de serem consideradas sucessos, como o garantem Sócrates e Teixeira dos Santos, são notícias pouco ou nada animadoras, pois o fardo com o pagamento de juros será ruinoso para a oprimida e deflaccionada economia portuguesa, durante os próximos anos.
Apenas armado com fé, coragem, determinação, muita conversa fiada, e um jeito insuperável para vender carradas de optimismo ao desbarato, José Sócrates, o engenheiro incompleto que descobre rasgos geniais em tudo o que imagina e vê sucessos em tudo o que toca, é o homem que diz governar Portugal, e os resultados estão bem à vista. Entre aquilo que pensa, aquilo que diz e aquilo que faz, que raramente coincidem, separa-os uma distância abissal. Por isso mesmo, a História não o absolverá…

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ASSIM NÃO DÁ
Para derrotar Cavaco a esquerda precisava dum challenger.


Impedir a reeleição dum Presidente da República em exercício, com os altos níveis de aprovação habituais no desempenho deste cargo em Portugal, não é pêra doce.

Mas é possível derrotar Cavaco. As suas vulnerabilidades ficaram bem à vista logo durante a pré-campanha, em situações que põem a nu aquilo que o manifesto eleitoral e as intervenções de circunstância tentam esconder:
  • O caso BPN não só revelador da promiscuidade da política e negócios do cavaquismo, como dos motivos e consequências duma indecente nacionalização de prejuízos, que favorece accionistas e especuladores à custa de mais sacrifícios de quem trabalha;
  • O desprezo a que vota o Estado Social como se viu ao aconselhar uma senhora em Almada a procurar o apoio duma instituição que não seja do Estado;
  • A orientação neo-liberal de submissão aos mercados financeiros e de desrespeito pela soberania nacional, bem patentes no não podemos insultar os mercados.
Posições que precisavam de respostas inequívocas a clarificar o que está em causa nesta eleição, e não desta cacofonia a três que dilui e enfraquece qualquer mensagem, por maior que seja a sua correcção.

Para derrotar Cavaco era preciso um challenger, com o apoio empenhado da esquerda e disposto a conduzir uma campanha mobilizadora dos que estão contra as politicas anti-trabalhadores, de destruição da estrutura produtiva, de definhamento do Estado Social, de submissão aos grupos económicos e ao capital financeiro, contra estas desgraçadas políticas de Sócrates e Cavaco.

A existência de três candidaturas à esquerda, que à primeira vista pode parecer uma forma eficaz de mobilizar os respectivos eleitorados e forçar uma 2ª volta, não funciona, a luta política é mais do que simples aritmética eleitoral. Pode eventualmente não comprometer o essencial no caso em que todos são apenas candidatos, mas numa reeleição, com a natural tendência para o voto em quem já ocupa o lugar, especialmente no caso dum cargo em que a percepção geral é de que no fundo pouco aquece ou arrefece, as hipóteses de sucesso são escassas.

Contudo, como os candidatos não se esquecem de dizer, nisto de eleições não há vencedores antecipados. Como também não é indiferente Cavaco ganhar com aquela vantagem absurda que há tempos lhe davam as sondagens, ou ficar apenas um pouco acima dos 50%. Ou mesmo ter de ir à 2ª volta, onde o baralhar e dar de novo não lhe seria favorável. Por isso, mesmo pendurado nas canadianas, lá estarei no dia 23 a votar contra Cavaco.


NOTA: Fernando Nobre, que se está a revelar muito pior do que era possível imaginar, não entra claramente nas contas da esquerda.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Muito me conta, então o candidato Cavaco deu-se mal com os benditos mercados?


Lamenta-se o candidato Cavaco à compreensiva Judite, que os 147 500 euros que sacou do negóciozinho que o amigo Oliveira e Costa lhe proporcionou com as acções da SLN/BPN, não chegam sequer para cobrir os prejuízos das outras aplicações das suas poupanças de mísero professor.

Como por aqui ainda não decidimos emitir e começar a vender acções da Essência, a única coisa que podemos oferecer ao professor Cavaco é uma palavra de simpatia, dizer-lhe que não está só, que, au contraire, está muitíssimo acompanhado por aquela vasta classe do empreendedor à portuguesa, que vive e medra à sombra de negócios manhosos e/ou do Estado, e que quando se atreve no mundo real dos seus idolatrados mercados, normalmente a coisa dá merda.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Será que o NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS só se aplica acima de 147 500 euros ?


Se tivesse um euro por cada vez que li ou ouvi ao pessoal de direita que escreve e comenta em tudo o que é sitio a máxima NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS , provavelmente já teria ganho mais do que os 147 500 euros de que Cavaco beneficiou com o negócio das acções da SLN (holding do BPN) em que o seu amigo Oliveira e Costa lhe vendeu a 1 euro acções que para os não accionistas, como Cavaco, custavam 2,2 euros.

Mas ouvindo agora os Marcelos e Fernandes, os Mendes e Ricardos, constatamos que, de repente, devem estar todos numa de dieta radical, já ninguém fala em almoços. Ou será que a sua, deles, regra de ouro do NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS só se aplica acima de 147 500 euros ?

O Estado de Excepção

A ÚLTIMA edição da revista ÚNICA do semanário EXPRESSO (7-JAN-2011), girou toda ela à volta do número onze (11), celebrando assim, com curiosa originalidade, a entrada no décimo primeiro ano do século XXI ou III Milénio, como quiserem. Vai daí, achei uma boa ideia, e resolvi apropriar-me do tema, embora com uma finalidade diferente. Comecei a vasculhar entre a tralha socratina e, sem grande esforço, consegui desencantar um abundante número de razões (e não apenas onze), para provar que Portugal anda a viver, nestes últimos seis anos (pelo menos), num permanente Estado de Excepção. Passemos aos factos.

1 - Muito embora o ministro Teixeira dos Santos diga que a coisa é definitiva, os cortes nos salários e nas pensões foram consideradas por José Sócrates, medidas temporárias e excepcionais.
2 - As novas regras e o aumento das taxas moderadoras dos serviços de saúde também se enquadram no âmbito de medidas excepcionais.
3 - São excepcionais as injecções de capital no Banco Português de Negócios (BPN), sendo também excepcionais as traficâncias de acções entre a SLN (Galilei) e o dito BPN, já depois do banco ter sido nacionalizado.
4 - O pagamento em 2010, de dividendos aos accionistas de algumas empresas, ainda antes de se conhecerem os resultados das contas desse ano, coisa que só se apura em 2011, é uma medida de excepção, atendendo à crise e ao estado de grande necessidade de muitos dos senhores accionistas.
5 – O Presidente, e também candidato à Presidência da República, Aníbal Cavaco Silva, numa sessão de campanha de eleitoral, ao ser questionado por uma mulher que se queixou não ter dinheiro para alimentar o filho, aconselhou-a a procurar a ajuda de uma instituição de solidariedade que não fosse do Estado, pois são essas entidades que estão, na actual situação de excepção, a substituírem-se ao Estado.
6 - A nomeação do vice-presidente da bancada do PS, Ricardo Rodrigues, homem detentor de grandes competências e especialista em acções directas, nomeadamente na apropriação de gravadores a jornalistas, como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Caso Camarate, foi uma escolha de carácter excepcional.
7 - A personalidade que vai liderar o grupo de trabalho cuja missão é criar a comissão que vai controlar - notem bem - a despesa pública, é, nem mais, nem menos, que António Pinto Barbosa, que durante 10 anos, e até ao fecho do último relatório e contas do falido Banco Privado Português, não detectou quaisquer irregularidades na actividade da instituição. Como é óbvio, tal escolha apenas pode revestir-se de natureza excepcional.
8 - A taxa extraordinária sobre o sector bancário, que deveria ser o contributo da banca para o programa de austeridade, ainda não foi regulamentada, ao contrário dos cortes salariais, e arrisca-se a ser declarada inconstitucional, porque a sua fixação é reserva legal do Parlamento e não do governo, como este excepcionalmente pretende.
9 - Segundo apurou um estudo elaborado pelo jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, o Estado tem 13.740 organismos públicos, destes apenas 1.724 apresentam contas, sendo que daqueles só 418 são excepcionalmente fiscalizados.
10 - O ministro Rui Pereira já tratou de todos os pormenores relacionados com a cedência aos E.U.A., das bases de dados com a identificação e dados biométricos dos cidadãos portugueses, como contributo excepcional do governo português, para o combate ao terrorismo.
11 - Está provado que o primeiro-ministro José Sócrates tem sido apanhado a mentir vezes sem conta, porém, são infundadas as acusações de que será um mentiroso compulsivo. Na verdade, diz-se para aí, que tem tudo a ver com situações de excepção, em que é necessário salvaguardar os mais variados interesses nacionais.

Concluindo: Não foi difícil encontrar onze casos, entre muitos outros que gostava de ter citado. Por exemplo, não abordei o caso do excepcional aumento do custo dos transportes, que talvez por hábito, se repete quase todos os anos, mesmo quando não há renovação da frota, os ordenados estão congelados e o preço dos combustíveis desce, nem o facto excepcional do senhor António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, passar a ser o porta-voz do governo, no fim das reuniões do Conselho de Concertação Social, ou a sistemática colocação de afilhados em lugares excepcionais, tanto da administração como da galáxia do sector empresarial do estado, sendo também excepcional a frequência com que o ministro das finanças troca ideias e se aconselha com o quinteto de banqueiros da nossa praça, etc., etc., etc. A verdade é que a lista tinha tendência a tornar-se infindável, e era preciso fazer uma selecção. Mas com estas que compilei, penso ficar demonstrado que em Portugal existe um permanente e excepcional Estado de Excepção, que poucos estão interessados em controlar e contrariar. E os resultados estão à vista: espartilham-se os fracos e deixam-se os fortes com os movimentos livres, a bem da Nação.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cavaco recomenda a mulher sem dinheiro que procure instituição "que não seja do Estado"
MELHOR PROCURAR QUE CAVACO NÃO SEJA PRESIDENTE.


O candidato presidencial Cavaco Silva foi hoje abordado por uma mulher que se queixou de não ter dinheiro para alimentar o filho, a quem recomendou que procurasse "uma instituição de solidariedade que não seja do Estado".

Durante a conversa com Cavaco Silva, no centro de Almada, esta mulher mostrou-lhe sacos com coisas que disse ter recolhido do lixo e acabou por contar que tem recorrido à Assistência Médica Internacional (AMI) para comer.

"É o que eu estava a dizer. São essas instituições que, perante situações de pobreza e de privação, pessoas sem alimentação, estão neste momento a ajudar o nosso país. Instituições da Igreja, outras que são misericórdias, grupos de voluntariado", respondeu-lhe Cavaco Silva.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O homem que pôs no vídeo de apresentação da candidatura a Lisboa o filho de 3 anos a dizer que votava no papá, diz que a actual campanha está pobre.


Um comentador ao nível da TVI, hoje no Jornal da Noite, a comentar.

CALIMERO CAVACO
Em exibição numa eleição próximo de si.


Agora que, pelo que lemos na imprensa, parece estarem esclarecidos os contornos da compra/venda de acções da SLN por Cavaco Silva, os seus apoiantes deslocam-se com armas e bagagens do campo da negação para o da desculpabilização e vitimização.

Uma das desculpas que começa já a circular é que outros accionistas também compraram acções a 1 euro. A SLN na altura fixou o preço das acções para não accionistas a 2,20 euros, grupo onde se incluiria Cavaco, para accionistas a 1,80 euros, e para Oliveira e Costa a 1 euro. Tratou-se portanto dum favor pessoal de Oliveira e Costa a Cavaco, que poderá ter sido, eventualmente, extensivo a outras pessoas. O que é claro é que não foi uma situação normal, mas de excepção, de favor.

Outra desculpa é que é habitual as empresas venderem as suas acções próprias a preços especiais a certas pessoas, ou instituições. O que é verdade, e se faz, entre outras razões, para trazer para o projecto empresarial quem, por exemplo, reforce a sua credibilidade e/ou facilite futuros negócios. Seria isto que Oliveira e Costa esperava de Cavaco? Provavelmente sim. Desconhecia Cavaco que alguma coisa poderiam esperar dele? Provavelmente não.

A estratégia da vitimização, o paleio da campanha suja, já está em curso, e vai ser muito provavelmente o tema central das duas semanas de campanha de Cavaco Silva. Ajuda a mobilizar as "tropas" e a afastar da discussão as questões politicas.

Mas o facto da vitimização habitualmente resultar, não garante necessariamente que funcione desta vez. Também a estratégia do silêncio, de desvalorizar a questão, de se apresentar acima de qualquer suspeita (ainda têm de nascer duas vezes...) resultou lindamente nas anteriores ocasiões em a questão da compra/venda das acções da SLN/BPN foi levantada, e desta vez foi o que se viu, em três tempos deu com os burrinhos na água.

Afinal não foi na Feira do Relógio, foi a um vigarista à séria...


Afinal não andávamos longe quando perguntávamos se teria sido na Feira do Relógio que Cavaco comprou as acções da SLN.

Segundo o Expresso de hoje foi Oliveira e Costa, himself, que vendeu a Cavaco Silva as acções da SLN a 1 euro, numa altura em que os outros as compravam entre 1,8 (accionistas) e 2,2 euros (não accionistas, caso de Cavaco).

Se, a confirmar-se, isto não é favorecimento, com graves implicações politicas, então façam a fineza de me explicar o que é.

E será que ainda não é desta que Cavaco vem dizer de sua justiça, pessoalmente, sem mandatários, intermediários, ou sites da Presidência pelo meio?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Agora falta saber onde Cavaco comprou as acções a 1 euro.
TERÁ SIDO NA FEIRA DO RELÓGIO?


Que interessa se o adversário meteu 1 ou 5 golos? O que interessa é que a minha equipa meteu 3 golos, e se meteu 3 golos, como está abundantemente provado, só pode ter ganho o jogo.

Que interessa ao SOL se Cavaco comprou as acções a 1 euro e passado menos de dois anos as vendeu a 2,4 euros? E se com isso Cavaco beneficiou de 147 500 euros? E que interesse tem que agora estejam os contribuintes a arder com o resultado das negociatas em que a Administração do BPN/SLN era fértil?

O que é preciso é chamar à primeira página uma peça de desinformação da Felícia a dizer que afinal Cavaco até vendeu barato e portanto, tal e coisa pardais ao ninho, o homem está a ser vítima duma campanha suja.

Pelo menos agora sabe-se, o que não é mérito do SOL, que as acções foram compradas a 2,4 euros pela SLN, empresa holding do BPN, por decisão de Oliveira e Costa. Agora falta saber onde Cavaco comprou as acções a 1 euro. Terá sido na Feira do Relógio?

Lixo

OUVI dizer que já está em andamento uma campanha - a exemplo do que foi feito o ano passado - cujo objectivo é mobilizar e organizar informalmente a sociedade civil, para despoluir e descontaminar o país, de lixo abandonado, um pouco por todo o lado. Já que falamos em limpar Portugal, era bom que não se esquecessem de passar por São Bento, pelos ministérios, institutos públicos, parcerias público-privadas, fundações e outros organismos que tais. Falo não só do lixo convencional, como plásticos, vidros, colchões, móveis, tralhas, entulhos e outras sucatices, que florescem nas lixeiras a céu aberto, à beira das estradas e um pouco por todos os cantos, mas também do outro lixo, mais imaterial, produzido pelas cabeças de quem anda por aí a (des)orientar os destinos do país e a vida dos portugueses. E penso que esta altura é a melhor. É aproveitar agora, porque até às eleições presidenciais ainda há mais lixo para respigar e despejar no contentor. Pela minha parte, agradeço reconhecido, tal iniciativa, e espero que os objectivos sejam atingidos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

PARA ACABAR DE VEZ COM O DESEMPREGO.


Chama-nos o Fernando a atenção neste post que da alteração do método de recolha de informação para as estatísticas do emprego, que passará a ser feita por telefone, resultará uma inevitável diminuição do número de desempregados periodicamente apresentados pelo INE.

Concordando com todos os que consideram ser o desemprego uma questão prioritária, para a qual devem ser canalizados os melhores recursos e energias do país, vem este escriba apresentar a sua modesta contribuição para a resolução do problema, propondo que, a partir de agora, só passem a ser consideradas as respostas ao Inquérito de Desemprego do INE feitas através do ultimo modelo do telemóvel IPHONE.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cavaco, Madoff, o sr. Picower e a viúva dele.








O sr Picower, nos tempos em que ainda não tinha viúva, foi amigo próximo e sócio de Bernie Madoff, o que lhe proporcionou beneficiar de milhares de milhões de dollars dos esquemas do agora hóspede numero 61727-054 da penitenciária de Butner.

Se o sr. Picower estaria envolvido nas falcatruas do amigo ou se foi apenas um inocente e sortudo beneficiário das vigarices de Madoff, é coisa que o dito sr. Picower já não nos poderá esclarecer.

Contudo, diz-nos a imprensa dos States que, com culpa ou sem ela, a viúva do sr Picower acredita que o desejo do defunto, lá no lugar onde agora se encontra, seria certamente reparar o mal feito, e por isso acordou devolver os SETE MIL MILHÕES DE DOLLARS de que o marido terá beneficiado.

Por cá, mesmo encontrando-se vivinho da silva, é pouco provável que o candidato da direita às eleições presidenciais nos esclareça dos contornos do negócio que, em menos de dois anos, lhe rendeu 147 500 euros, ao comprar a 1 euro e vender a 2,4 euros acções (não cotadas na bolsa) da SLN, holding do BPN.

Até ao próximo dia 23 ainda vamos ouvir falar muito desta estória, mas o que este escriba vos pode desde já assegurar é que, ao contrário do exemplo da viúva Picower, nunca por cá iremos assistir à devolução dos benditos 147 500 euros de que o sr. Silva, com culpa ou sem ela, beneficiou.

Da Crise Real à Crise Virtual

O INSTITUTO Nacional de Estatística (INE), com o argumento de que pretende "acompanhar os padrões europeus" e adoptar as sugestões do Eurostat, vai passar a utilizar o contacto telefónico para recolher dados sobre a situação do desemprego. A adopção deste método, impossibilita que se façam comparações dos novos indicadores, com os obtidos entre 1998 e 2010. Ao alterar o modelo de recolha de dados, num momento particularmente agudo da crise económica e social, quando o desemprego atinge máximos históricos, esta iniciativa pode ser entendida como uma operação destinada a “cegar” e dissimular a real situação do desemprego, comparativamente com períodos anteriores.
Eugénio Rosa, economista da CGTP, afirma que há o risco de as entrevistas efectuadas por telefone irem enviesar a amostragem, devido ao facto de haver muitos desempregados que não têm telefone fixo, e que o Governo tudo tem feito para desacreditar os números do desemprego divulgados pelo INE, seja ignorando esses dados, seja utilizando os dados divulgados pelo IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional), que são facilmente manipuláveis, já que não são conhecidas publicamente as regras para a sua construção.
Para o governo vale tudo e não olha a meios, nem que para isso tenha que socorrer-se de truques e magia, para que o desemprego se torne uma coisa irrelevante. Com Sócrates e seus compinchas, seja a bem ou a mal, esta crise há-de passar de real a virtual.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

(IN)segurança Social

Transcrição do post do blog PRECÁRIOS INFLEXÍVEIS, de 31 de Dezembro de 2010, com o título:

«Segurança Social distribui presentes de ano novo

O ano de 2010 não podia acabar melhor para a Segurança Social. Depois de 900 mil portugueses terem prestado prova de rendimentos - e embora ninguém saiba ao certo o que declararam e quantos apoios vão ser cortados para além dos PECs 1, 2, 3 e os que mais hão-de vir - chegou o momento de recompensar as chefias. Todos sabemos que funcionários motivados trabalham com mais afinco. Por isso, e apesar de as promoções não representarem aumento de ordenado - antes pelo contrário, há chefes que vão passar a auferir menos 20 mil euros por ano!, conforme assegura o Secretário de Estado da tutela - mas sim uma actualização da "designação dos cargos à luz da nova lei", o governo promoveu todas as chefias de institutos públicos ligados à Segurança Social.
Porém, e embora se trate de uma questão meramente semântica, só os cargos mais elevados na hierarquia tiveram as suas designações actualizadas.

Mas não se pense que a Segurança Social esqueceu o povinho! Não senhor! Num gesto de grande abnegação e generosidade política, aqueles que asseguram o nossa sobrevivência em momentos de dificuldade - como quando temos o desplante de ficar doentes e, desde que o nosso rendimento não ultrapasse a abismal soma de 485 euros, poderemos ficar isentos de taxa moderadora se recorrermos ao Serviço Nacional de Saúde, essa instância de luxo que corresponde a hábitos burgueses caídos em desuso - deram-nos a benesse de usufruirmos de mais três semanas para fazer provas dos nossos rendimentos. Assim, os meninos e meninas mal-comportados que se esqueceram (!) ou se baldaram às agradáveis filas de espera na Segurança Social poderão ainda assegurar os seus subsídios, apesar de serem uns malandros que não querem trabalhar, isto, claro, caso provem que não ganham para o bife de alcatra do Pingo Doce e que o BMW estacionado à porta é só um chaço que herdaram do tio-avô velhinho e que já não arranca nem com ligação directa e óleo reciclado da Actifry. Mas atenção! Têm de pedir senha à Segurança Social até ao fim do ano/ dia de hoje. Por isso, tudo a correr para o net-café mais próximo! E oremos para que a ligação não caia!

Myriam Zaluar»

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Moeda ao ar na campanha de Alegre
Se der caras é Louçã, se der coroas é Sócrates.


Afinal não tem nada que enganar. Andava por aí o pessoal angustiado sem perceber o verdadeiro alcance dum eventual voto em Alegre, mas felizmente parece que as coisas se esclareceram.

Pelas declarações de Duarte Cordeiro, director da campanha de Manuel Alegre, ficámos hoje a saber como é que se resolvem por aquelas bandas as questões que parecem insolúveis.

Portanto caro leitor, se está a pensar votar em Alegre, no próximo dia 23 quando se deslocar à sua assembleia de voto não se esqueça de levar uma moeda. Depois, antes de introduzir o papelinho na urna é só atirar a moeda ao ar, se der caras está a votar em Louçã, se coroas em Sócrates. Simples não é?

sábado, 1 de janeiro de 2011

DILMA ROUSSEFF, A PRIMEIRA PRESIDENTA.


Em rigor, com ou sem Acordo Ortográfico, dir-se-ia Presidente. Mas a Dilma Rousseff, até por ser a primeira mulher a desempenhar a função em língua portuguesa, acho que todos reconhecemos o direito de escolher o género da palavra que designa o cargo em que hoje foi empossada.

Seja pois Presidenta, agora e no futuro, a palavra certa para referir todas as mulheres que irão certamente desempenhar a mais alta magistratura nos países onde se fala português.

LET'S CHANGE THE WORLD, NOT OURSELVES


Aquela ideia de na entrada do ano fazermos uma relação das coisas que temos de mudar na nossa vida para sermos melhores pessoas, ou mais concretamente para estarmos mais de acordo com aquilo que a moda do dia nos tenta impor, é, além dum bocado estúpida, contra revolucionária, como nos diz Laurie Penny neste artigo do New Statesman.

Usar o início do ano como pretexto para deixar de beber, perder uns quilos, ou começar a treinar para a meia maratona de Lisboa, já para não falar de nos levantarmos cedo aos domingos, são daquelas promessas de Ano Novo que muitos fazem e felizmente quase ninguém cumpre.

Daqui a umas semanas quando mais uma vez constatar que falhou miseravelmente em todos aqueles virtuosos objectivos a que se tinha proposto, não fique desapontado/a consigo mesmo. Claro que você não é perfeito/a, nem nunca vai ser, mas não é de certeza por ter uns quilos a mais, ou não fazer o seu jogging matinal, que vou passar a gostar menos de si.

Em vez de gastar as poucas energias que lhe restam a deixar de fazer aquilo que ainda lhe vai dando algum prazer na vida, olhe à sua volta, veja o que há de realmente errado por esse mundo fora, e diga lá se não será mais produtivo dar o seu modesto contributo para tentar corrigir alguma coisa do muito que está mal, por exemplo, correr com Sócrates, lutar contra os cortes do acordo PS/PSD, ou impedir a reeleição de Cavaco?