quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Prostituição não é profissão… embora haja cada vez mais gente a prostituir-se em profissões que nada têm a ver com a venda de sexo.
A apresentação pelo Grupo Parlamentar do PCP assinalando o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos dum “Projecto de Resolução que recomenda ao Governo a tomada de medidas eficazes no combate a este crime (tráfico de seres humanos) e na tomada de medidas que combatam as causas da exploração na prostituição”, foi o assunto escolhido por Sérgio Vitorino para no post “Moralismo de Esquerda”, no 5DIAS, acusar o PCP de “repressão fabricada à esquerda”.
Onde o PCP condena a “exploração na prostituição”, Sérgio Vitorino lê que o PCP quer que a “prostituição seja reconhecida como exploração”, e a partir daí a confusão adensa-se ainda mais, sendo a prostituição apresentada como mais uma profissão voluntariamente escolhida pelas mulheres que, agora digo eu, provavelmente em crianças, em vez de aspirarem a ser professoras ou bombeiras, já sonhavam era ser putas.
Sem questionar o direito ao exercício da prostituição, e rejeitando liminarmente a criminalização ou descriminação de quem a exerce, será de notar que a voga de apresentação da prostituição como trabalho não será decerto alheia à crescente aceitação na vida quotidiana de aspectos centrais da ideologia e prática do neo liberalismo:
a) Se há quem compre e quem venda sexo, se funciona a “lei” da oferta e procura, então a prostituição será seguramente mais uma relação social superiormente legitimada pelo mercado, e portanto insusceptível de questionamento;
b) Se a compra de força de trabalho dá ao capitalista o “direito” de impor ao trabalhador formas de submissão e humilhação próximos dos que caracterizam a relações cliente/prostituta, e chulo/prostituta;
c) Se como se diz no título há cada vez mais gente a prostituir-se em profissões que nada têm a ver com a venda de sexo;
d) Porque não declarar que a prostituição é trabalho, atribuindo-lhe igual dignidade social, e enquadrando-a no quadro jurídico das outras profissões?
No limite, como chama a atenção Nuno Ramos de Almeida no post “Prostituição é uma Profissão?”, a adopção da linha de argumentação de que a prostituição é uma profissão como as outras, podia levar à situação duma mulher desempregada ser obrigada pelo Estado a ter de aceitar ir “prestar serviços sexuais” para um bordel, ou perder o subsidio de desemprego.
O que, diga-se de passagem, está em consonância com as novas regras do subsídio de desemprego, em que o Estado "chulo" fornece aos patrões mão de obra a baixo custo e em condições muitas vezes indignas para o trabalhador que - como dizem os os arautos do mercado como instância por excelência do exercício da liberdade - pode sempre fazer a “escolha voluntária” entre aceitar, ou perder a única fonte de rendimento que lhe assegura a sobrevivência, o subsídio de desemprego.
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Chega-lhes Brissos !!!!
ResponderEliminarCom as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Instututo de Emprego eu sou dos que não me admiraria que qualquer desempregado seja colocado num bordel.
ResponderEliminarSó falta mesmo considerar a prostituição um trabalho.
Há uma notícia sobre uma mulher que perdeu o subsídio de desemprego na Holanda por recusar trabalhar num bar de putas. Vou pesquisar.
ResponderEliminarrms,
ResponderEliminarComo se refere no post do NRA que cito, a notícia não é verdadeira.
Trata-se dum "mito urbano" sobre uma situação hipotética, que não aconteceu mas, como está a lei na Alemanha, no limite, até poderia vir a acontecer.
Mias detalhes aqui:
http://www.snopes.com/media/notnews/brothel.asp
Em JULHO de 2009 fiz um post no ESCREVINHADOR com a página do jornal onde vinha a notícia referida por RMS
ResponderEliminarFica aqui o link:
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2009/07/atras-de-tempos-tempos-virao.html
Sim, esses que se prostituem sem nada ter a ver com o sexo são os verdadeiros filhos da puta.
ResponderEliminar(lá vai ser censurardo este comentário)
Evaristo Fonseca
SE O POVO CHAMA CHULOS AOS POLITICOS,O QUE É O POVO?
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