terça-feira, 5 de outubro de 2010
Denegrir a República, branquear o Estado Novo, defender uma solução autoritária para a saída da actual Crise.
À margem das insossas comemorações oficiais do Centenário da República, temos assistido nas últimas semanas a uma intensa actividade editorial, jornalística e opinativa, apresentando a 1ª República como um dos períodos mais negros da história do país, o que, de forma mais ou menos explicita, "justificaria" o 28 de Maio e os 48 anos de fascismo.
Por exemplo ainda um dia destes no Destak o omnipresente Rui Ramos dizia que "Todos os regimes dos últimos 200 anos quiseram escolarizar os portugueses. O Partido Republicano distinguiu-se por ter sido o que menos fez por isso", passando por cima que foi Salazar quem reduziu a escolaridade básica de 4 para 3 anos, criou professores de 2ª, os chamados regentes escolares que apenas tinham a 4ª classe, encerrou em 1936 as escolas do Magistério Primário, etc. etc.
Como diz Fernando Rosas na Introdução da História da Primeira República Portuguesa: "O centenário do regicídio de 2008, deu lugar ao reaparecimento e à reafirmação de uma corrente a meio caminho entre a história e a politica, de forte cunho ideológico monárquico-conservador, por vezes enfaticamente promovido em alguns media, que, na realidade, constitui uma reedição quase ipsis verbis do discurso propagandista do Estado Novo sobre a Primeira República.
A Primeira República é aí apresentada, melhor dizendo, é aí demonizada, como nos tempos áureos do Secretariado de Propaganda Nacional".
O passo seguinte, a que assistimos agora, é apresentar a actual situação como um tipo de réplica dos tempos que antecederam o 28 de Maio, insinuando que a saída da presente Crise terá de passar igualmente por uma solução autoritária, e à falta das tropas de Gomes da Costa a descer de Braga para Lisboa, os sonhos molhados desta gente voltam-se para a generala Merkel ou para o desembarque, um destes dias, do FMI no aeroporto da Portela.
Enfim, se quer mesmo saber alguma coisa sobre a realidade e os ensinamentos da Primeira Republica, não deixe de ler "A Revolução Republicana de 1910 na história da luta do Povo Português".
Publicada por
J Eduardo Brissos
à(s)
22:20
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Etiquetas:
República
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