sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ENTÃO É ASSIM


Esqueçam Sócrates. Esqueçam Passos Coelho. Esqueçam Alegre, se é que alguém, alguma vez, se lembrou de que dali poderia sair fosse o que fosse.

Falem com os vossos amigos socialistas e perguntem-lhes quem é que está a ganhar as eleições nas federações distritais do PS. Olhem para as medidas que estão no Orçamento, e digam-me se dá sequer para imaginar que alguma vez Sócrates poderá sonhar em voltar a ter nem que seja uma maioria simples.

Agora rebobinem até à primavera passada, e vejam lá se um tipo não tem que ser um dos piores líderes políticos que este país já viu, e se temos visto gajos maus, para depois de ter estado à beirinha de chegar a São Bento, em escassos seis meses se arrisca a assegurar um lugar entre os ex-líderes do PSD que nunca foram a lado nenhum.

Para os mais distraídos, ontem à noite na RTP António Costa explicava como vai ser:

a) Problema 1: Para as suas políticas (de direita) o PS nunca contou, nem vai nunca contar, com o apoio do PCP; e com o BE, apesar das esperanças mútuas, a coisa também deu com os burrinhos na água, como se viu na Câmara de Lisboa;

b) Problema 2: O PSD, mesmo que as coisas lhe corram muito bem, para chegar ao Governo vai sempre de ter de levar atrás o PP o que, com Paulo Portas, só lhe traz chatices e sarilhos;

c) Solução: Um “pacto de regime” PS/PSD em que o felizardo do totoloto (a dois) das eleições, mas quase de certeza em minoria, teria sempre a garantia do voto ou da abstenção do outro nas votações fundamentais, como a do OE.

Deixe o PSD passar este Orçamento, o mais provável, ou vote contra, o mais extravagante, Passos Coelho - que obrigou toda aquela gente a deslocar-se à São Caetano à Lapa e às redacção dos jornais e TVs, para lhe tentar meter na tola que já não está na JSD - dificilmente será perdoado.

Quanto a Sócrates, com ou sem Orçamento aprovado, a sua remoção de São Bento, deixou de ser uma questão politica, para se tornar um problema de higiene pública.

Pelos desígnios do altíssimo ou do, mais prosaico, calendário eleitoral, estamos a três meses duma eleição Presidencial que podia ser um oportunidade excelente para tentar uma larga mobilização popular à volta da reivindicação duma nova política, mas o que nos coube foi: dum lado uma candidatura, a de Manuel Alegre, amarrada aos PECs e ao cadáver politico de Sócrates, do outro um camarada, Francisco Lopes, destacado para aproveitar os “tempos de antena” a divulgar as posições do PCP.

É nestas alturas que até me parece preferível ter para aí uma dessas doenças bipolares, ao menos sempre tomava o comprimido e sentia-me um pouco melhor. Enfim, não fiquem preocupados que, como nos recordam os comentadores de serviço, somos um país com mais de 800 anos e já estivemos metidos em alhadas piores que esta.

Pela minha parte lá estarei no dia 24 de Novembro, e se souberem doutras cenas para ajudar a dar a volta a isto, vão deixando por aqui uns palpites na Essência, que o pessoal agradece.


Nota: O título do post é dedicado Bruno, que não vai à bola com aqueles títulos compridos que aprendi a fazer com o Dédé.

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