quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

MARCELO: OS QUILÓMETROS DE AVANÇO E OS QUILÓMETROS DE ATRASO


Lembra Jerónimo de Sousa que na campanha eleitoral Marcelo "partiu com quilómetros de avanço", referência óbvia à sua notoriedade publica, nomeadamente como comentador dominical das TVs, mas também por ter sido levado ao colo pelos donos da Comunicação Social, que nesta campanha foram os seus mais dedicados e decisivos apoiantes.

Mas Marcelo também partiu para esta campanha à Presidência da República com quilómetros de atraso: os 38% da direita nas legislativas de Outubro seriam noutras condições um obstáculo inultrapassável, mesmo com todos os quilómetros de avanço.

Aliás, mesmo os quilómetros de avanço deveriam ter sido usados contra Marcelo (só no que ele disse ao longo dos últimos 4 anos nas homilias dominicais havia corda para "enforcar" um batalhão), não só colando-o irremediavelmente à direita que "ganhou" com 38%, mas também apresentando-o como o candidato a novo líder da Direita derrotada e decapitada em Outubro.

Considera o Comité Central do PCP que o resultado obtido por Marcelo, 52%, "comprova a real possibilidade (...) para ser derrotado se todos se tivessem verdadeiramente envolvido neste objectivo", e penso estar aqui o busílis da questão.

A incapacidade de apresentação dum candidato da esquerda, a bizarria da multiplicação de candidaturas para "fixar o eleitorado", a falta de comparência do PS, permitiram inclusive a Marcelo fazer da sua campanha um agradável passeio a caminho de Belém.

Derrotada e decapitada em Outubro, a Direita tem agora em Belém o líder que irá tentar fazer esquecer a devastação Pafista e reconstituir a direita numa versão menos agressiva, numa direita que aceite que a sua única hipótese de, a médio prazo, voltar ao governo é em aliança com o PS.

2 comentários:

  1. «...numa direita que aceite que a sua única hipótese de, a médio prazo, voltar ao governo é em aliança com o PS.»

    Ou talvez não...

    Quanto a mim, vai fazer igual ou pior a Cavaco Silva. Porém, será mais confuso e instável, como foi quando secretário-geral do PSD.

    Será um comentador contra as políticas do governo seguidas por António Costa, com apoio do BE e PCP.
    Deixará o campo preparado, quando PSD e CDS-PP (em maioria) estejam à frente nas sondagens, para dissolver a assembleia.
    Apoiará o regresso de um governo «AD», tão exterminador como foi o de Passos Coelho-Paulo Portas.

    Como simpatizante do ideal monárquico, deixará o papel do presidente da república mal visto perante a opinião pública e, tal como Cavaco, deixará um vazio e um desinteresse pela eleição de um novo presidente.

    JN

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  2. Sim, essa hipótese também tem boas probabilidades.

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