domingo, 15 de outubro de 2017
ELEIÇÕES EM LOURES
O FLOP DO PAFISMO RADICAL E O "EFEITO PORTELA"
Já por aqui referi o fiasco do balão de ensaio da candidatura do pafismo radical à Câmara de Loures onde, apesar da subida de 5,5% da votação do PSD em relação à votação de 2013, os 21,5% agora obtidos ficam ainda bem longe dos cerca de 28% alcançados pelo PSD no concelho de Loures nas legislativas de 2011 e 2015.
Recorde-se que quando a CDU ganhou a Câmara de Loures em 2013 teve mais 12,8% de votos do que em 2009 (de 22,9% em 2009 subiu para 34,7% em 2013), conseguindo ainda mais 21% de votos do que os 13,9% alcançados nas legislativas de 2011. Embora com uma enorme cobertura e promoção da Comunicação Social e com muita animação nas redes sociais, o certo é que o candidato de extrema direita apenas mobilizou uma parte daquele eleitorado do PSD que nas eleições para a câmara de Loures habitualmente opta pela abstenção ou pelo voto útil noutros candidatos.
No entanto, mesmo aquela fraca subida a nível concelhio de 5,5% tem variações significativas a nível de freguesia, com pouca expressão nas freguesias do norte do concelho, ainda com características rurais, onde o PSD apenas subiu 0,8% em Bucelas e 1,9% em Lousa e Fanhões. Onde o PSD sobe mais, mas mesmo assim longe do que consegue nas legislativas, é nas freguesias com algumas características suburbanas, como Camarate, Apelação e Unhos, onde teve mais 7,4%, e em S. Iria de Azóia, S. João da Talha e Bobadela, 7,2%.
No outro extremo está a Portela, bairro de classe média e média alta (44,4% da população com o Ensino Superior), onde o efeito foi o contrário do pretendido, com a votação no PSD para a Câmara de Loures a descer de 39,3% em 2013, para 36,6% em 2017, uma quebra ao arrepio da subida geral de 5,5%, o que é muito más noticias para aquela parte do PSD de tradição democrática e liberal.
E como uma desgraça nunca vem só, os génios do PSD que na São Caetano à Lapa e em Loures congeminaram o que lhes deve ter parecido a invenção da roda, assistem ainda na Portela, o mais importante bastião do PSD em Loures, à subida da CDU de 15,7% e 903 votos em 2013, para 20,8% e 1342 votos em 2017.
terça-feira, 10 de outubro de 2017
"DOCUMENTOS COM HISTÓRIA", Outubro de 2017 - Nos Oitenta Anos da "Greve dos Rapazes"
Julho de 1937, na manhã de um dia não determinado, uma «manifestação de greve de braços cruzados» está em marcha numa das oficinas da Fábrica de Loiça de Sacavém. O mestre-geral tinha suspenso dois menores operários, por uma falta disciplinar, e cerca de 60 operários da sua oficina quiseram mostrar o desagrado quanto ao sucedido. Dário Canas, chamado pela administração da fábrica, na qualidade de administrador do concelho, fala com os «rapazes de 13 a 20 anos» e convida-os a retomarem o seu trabalho, por estarem a cometer uma falta punida por lei, dizendo-lhes ainda que perdoava a sua atitude por serem de pouca idade.
Na parte da tarde, o trabalho não foi retomado, Dário Canas volta à fábrica e depois de mais uma conversa tudo parece voltar ao normal. Quatro dias depois, durante a noite, é lançada para uma janela da casa do mestre-geral uma bomba que causa apenas estragos materiais. Uma patrulha do Regimento de Artilharia Pesada nº 1 vai policiar o local e é avisada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Como consequência, por insistência da PVDE ao administrador do Concelho, são presos três operários e uma operária para averiguações.
No mês seguinte, no dia 9, um grupo de cinco operários dirige-se, no fim do dia de trabalho, ao mestre-geral «intimando-o a promover a imediata soltura dos seus companheiros presos». Esta atitude faz suspeitar que qualquer coisa de grave poderia acontecer, colocando em alerta a administração da fábrica, o administrador do concelho e as forças militares presentes em Sacavém.
De facto, no dia seguinte comparecem no local vários agentes da PVDE e os militares de Artilharia. Às 7h45 entram na fábrica cerca de mil operários, mas o pessoal da oficina que tinha feito a greve no mês anterior é retido e impedido de entrar. De seguida são procurados e detidos os cinco operários, que intimaram o mestre-geral, aos quais se juntaram mais dezassete criteriosamente escolhidos pelos agentes da PVDE.
Quando a viatura que os conduziria a Lisboa se prepara para sair, ouve-se tocar a rebate o sino da igreja, acorrendo aos portões da fábrica grande número de mulheres, «que em altos gritos pediam a libertação dos presos», assim como os operários abandonam o seu trabalho e começam a protestar, barricando-se dentro da fábrica.
Perante a debilidade de forças para suster a multidão amotinada, foi solicitada a presença da Guarda Nacional Republicana, que invade a fábrica para retirar os operários «mercê d’algumas pancadas dadas nos mais renitentes». Às treze horas «todos voltaram normalmente ao trabalho sem que mais perturbações se tenham dado».
A 14 de agosto de 1937, Dário Canas, que também era o presidente da Câmara Municipal de Loures, elabora um relatório muito pormenorizado da sua visão dos acontecimentos aqui resumidos, conhecidos futuramente como a «Greve dos rapazes» e um marco do movimento operário em Sacavém.
Também poderá visualizar o documento no Portal do Arquivo, através do link: http://app.cm-loures.pt/portalarquivo/agenda.aspx?displayid=148.
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
NÃO, NÃO FOI SÓ O EFEITO PS
Em 2013, pondo termo a 12 anos de governação PS, a CDU conquistou a Câmara de Loures, no que foi um importante vitória da CDU nesse ano.
Com Bernardino Soares a lista para a Câmara ganhou com uma vantagem de 2873 votos sobre o PS, e a lista com Fernanda Santos como primeira candidata à Assembleia Municipal ganhou com mais 1484 votos que o PS.
Agora em 2017 Bernardino Soares conquista de novo a Câmara de Loures reforçando a vantagem sobre o PS para 3964 votos.
Já para a Assembleia Municipal em que, sem motivo conhecido, a CDU decidiu substituir Fernanda Santos como primeira candidata à Assembleia Municipal, a CDU perdeu a AM com menos 1583 votos que o PS.
(Aproveito para aqui deixar uma palavra de justo e merecido agradecimento à Fernanda Santos pelo trabalho realizado durante os últimos 4 anos como Presidente da Assembleia Municipal de Loures)
domingo, 24 de setembro de 2017
ELEIÇÕES EM LOURES: A RIQUEZA DA DIVERSIDADE E DA PARTICIPAÇÃO
Com 7 listas a concorrer a Moscavide e Portela, e 10 à câmara de Loures, não é a falta de diversidade, nem de conhecimento dos candidatos (muitos até teremos amigos, familiares ou conhecidos nas listas), que será desculpa para não votarmos a 1 de Outubro.
Aos cerca de dois milhares de candidatos às autarquias do concelho, aqui fica o justo reconhecimento e apreço pelo empenho cívico, bem como o voto de que continuem todos, mesmo os que não forem eleitos, a dedicar algum tempo e interesse a acompanhar a vida das nossas freguesias e concelho.
Como apoiante da CDU destaco a postura construtiva e responsável da CDU na Assembleia de Freguesia de Moscavide e Portela neste mandato, em que, apesar das diferenças politicas e mesmo em momentos conturbados, nunca inviabilizou a gestão de Manuela Dias.
Com propostas sérias e consistentes a CDU, agora com Carlos Luz (que muitos conhecemos como professor da Gaspar Correia), pessoa competente e de excelente trato, continuará a ser um factor de normalidade e estabilidade, especialmente no caso mais provável de nenhum partido vir a ter maioria absoluta na próxima Assembleia de Freguesia.
Quanto à câmara de Loures partindo em 2013 duma situação muito problemática, estrangulamento financeiro, degradação dos serviços, urgência de travar a desastrosa privatização dos SMAS, Bernardino Soares e a CDU, conjugando rigor financeiro e de gestão com reforço da capacidade de intervenção da câmara, fazendo mais e melhor, abrindo-se à colaboração com a Sociedade Civil, ouvindo as populações, conseguiram dar a volta por cima sem deixar ninguém para trás.
Com a merecida reputação de politico sério, competente e dialogante, Bernardino Soares, uma voz ouvida e respeitada a nível nacional, é o candidato com mais condições para, em diálogo com a diversidade de vivências, religiões e culturas que é uma das riquezas deste município, dar continuidade à mudança iniciada em 2013 e de, junto das instâncias politicas, económicas, sociais e culturais do concelho e do País melhor afirmar e defender os interesses de Loures e dos seus habitantes.
J Eduardo Brissos
(Cronica no jornal "moscavide portela" de Setembro 2017)
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
ELEITORES DE LOURES NÃO SÃO RATOS DE LABORATÓRIO
O DN de ontem, 2/8, põe bem a questão ao chamar a atenção para tentativas de algumas candidaturas de transformar as eleições para a Câmara de Loures num "laboratório nacional" em que, acrescento eu, os eleitores de Loures seriam os ratos de laboratório de experiências que nada têm a ver com este concelho.
Primeiro foi o candidato do PSD/PNR que decidiu aproveitar as eleições à Câmara de Loures para lançar um balão de ensaio a avaliar o potencial dum novo projecto politico de extrema direita, racista e xenófobo. http://bit.ly/2hpO4K2
Agora é a candidatura do BE Loures que parece mais interessada em usar estas eleições para ensaiar uma aproximação a forças politicas que se afastaram daquele partido, do que centrar-se nas ideias e propostas a apresentar aos eleitores de Loures.
Talvez estas, e outras candidaturas que eventualmente enveredem pelo mesmo caminho, ainda acabem por ter uma grande surpresa, a de que os eleitores de Loures se recusam a ser parte de experiências de "laboratório" que nada lhes dizem e, a 1 de Outubro, votem em quem está genuinamente empenhado em contribuir para o desenvolvimento e progresso do concelho de Loures.
terça-feira, 1 de agosto de 2017
DE MAO A MADURO
Em "Da Contradição" Mao Tse Tung fala-nos de contradições antagónicas (ex: entre exploradores e explorados) e contradições não antagónicas (ex: no seio do povo) e explica que em "qualquer processo há uma série de contradições, uma delas é a contradição principal, que desempenha o papel decisivo, enquanto as outras ocupam uma posição secundária e subordinada".
Ora na Venezuela no processo de mudança social, económica e politica iniciado por Chavez, a contradição principal e antagónica é entre a oposição oligárquica, pró imperialista e reaccionária, e o bloco popular, patriota e progressista.
As naturais diferenças no seio do bloco popular (ou entre as forças de esquerda que fora da país seguem com natural interesse o que se passa na Venezuela), são contradições secundárias e que por isso se devem subordinar à contradição principal, aquela que opõe a direita liderada pelo fascista Capriles ao bloco popular liderado por Maduro.
Numa altura em que na Venezuela se agudiza o conflito entre a oposição de direita e o bloco popular, numa escalada que ameaça desembocar num golpe fascista, cada pessoa, cada força politica, escolhe o seu lado da barricada.
Não nos venham é dizer que, nesta conjuntura, estar contra Maduro (ou ficar sentado em cima do muro) é uma posição que tem o que quer que seja de esquerda.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
O CANDIDATO PSD/PNR NÃO É PROPRIAMENTE CANDIDATO À CÂMARA DE LOURES
Como o próprio ontem disse à SIC Noticias "Lancei um tema (racismo e xenofobia) que os portugueses há muito queriam discutir", só se confirma o que já sabíamos, que é o país o verdadeiro móbil desta alegada candidatura à câmara de Loures.
O candidato racista e xenófobo não só não é de Loures nem vive em Loures (o que em principio não e óbice) mas sobretudo mostra que não sabe, nem quer saber o que é a realidade do município. Por exemplo, alguém que põe na rua um cartaz a dizer que vai criar 10 MIL novos empregos em Loures não só não tem sequer uma vaga ideia, como nem se informou, de qual é a população do concelho.
DEZ MIL novos empregos em Loures é o equivalente a MEIO MILHÃO de novos empregos em Portugal o que, nem no tempo das vacas gordas, nunca ninguém se atreveu a prometer (o máximo que me lembro foram 150 mil novos empregos, o que esteve longe de ser cumprido).
O verdadeiro objectivo desta alegada candidatura de extrema direita é testar o potencial para o lançamento duma força politica abertamente racista e xenófoba (dentro ou fora do PSD de Passos que para já se dispôs a funcionar como barriga de aluguer) que, em termos de apoio e votos, pudesse dar um novo fôlego ao desastroso e miserável projecto neo liberal pafista que Passos & comandita afundaram.
E nem sequer escolheram Loures para o lançamento deste balão de ensaio, direccionado em primeiro lugar contra os ciganos, por haver uma grande população cigana neste concelho. Em Loures os ciganos são apenas os mesmos 0,5 % da população que nos concelhos vizinhos de Lisboa e Amadora.
Nem escolheram Loures por no concelho haver particulares problemas de tensões sociais, insegurança ou crime. Pelo contrário em Loures o crime tem baixado nos últimos anos, e as politicas de diversidade cultural e social têm elevada adesão e apoio da população e das instituições da sociedade civil e religiosa, e apresentam resultados muito positivos.
O que levou à escolha de Loures para esta campanha racista e xenófoba de intenção nacional é não só a visibilidade que resulta da dimensão e importância económica, social e cultural deste concelho, mas sobretudo por estar à frente da Câmara de Loures o destacado dirigente do PCP Bernardino Soares.
Além do habitual ataque anti comunista, esperam os provocadores que tal ajude à dramatização politica desta manobra de extrema direita e concite a atenção e empenho dos Mass Mérdia (como aliás já está a acontecer) sempre ávidos em promover tudo o que há de mais negativo na sociedade portuguesa.
Alheia a Loures, alheia aos mais elementares princípios éticos, cívicos e democráticos, claramente racista e xenófoba, que o próprio CDS já rejeitou retirando-se da coligação, veremos agora quem em Loures (e no país) assume a ignomínia de integrar, apoiar ou tirar partido desta repugnante provocação de extrema direita mascarada de candidatura à Câmara de Loures.
(Na foto um grupo acompanha a pintura dum painel de arte urbana no bairro da Quinta da Fonte, freguesias de Camarate Apelação e Unhos, Loures).
segunda-feira, 24 de julho de 2017
REVITALIZAÇÃO URBANA E DITADURA DO PÓPÓ
Se um autarca se atreve a tornar as ruas da sua vila ou cidade um pouco mais agradáveis e amigas dos cidadãos é certo e sabido que, como agora acontece a Fernando Medina em Lisboa e a Bernardino Soares em Loures, logo tem à perna o pessoal que está contra tudo o que, no centro das cidades, se traduza em menos alguns lugares de estacionamento ou redução do volume do tráfego.
É um facto que nas últimas décadas, e independentemente das nossas preferências, muitos nos vimos compelidos a organizar a nossa vida profissional e pessoal baseada no uso do automóvel, o que torna tudo o que se prende com a nossa dependência do transporte individual matéria altamente sensível.
Mas também não podemos esquecer o efeito desastroso do transporte individual no tecido urbano, e por isso inverter a espiral de degradação da qualidade de vida nas nossas vilas e cidades, como é o caso agora em Loures, só pode ser bem vindo.
Por muitos estudos que se tenham produzido e pareceres se tenham obtido (e tudo isso foi feito), só a pratica, o ver como as coisas funcionam na vida real (em vez do papel), permitirá avaliar o que foi feito e identificar eventuais falhas. E também sabemos que em Loures temos um Executivo na Câmara que já provou que ouve os munícipes, e que decerto estará aberto e empenhado em corrigir o que for preciso.
Agora que o centro de Loures mesmo com as obras ainda a decorrer já parece outro, não há como negar.
sexta-feira, 21 de julho de 2017
RIDICULARIZAR OS GAJOS
Quando os politicos, como é o caso do candidato do PSD, recorrem ao racismo para ganhar a notoriedade que nunca alcançariam com suas ideias, propostas e trabalho, fazem-no por saber que não há publicidade negativa, que toda a publicidade é "boa" quando se trata de tornar o produto ou o politico conhecido.
No caso do racismo (como noutras questões) a narrativa da extrema direita, que apresenta "soluções" pretensamente simples para questões complexas, dirige-se pouco à razão (aí perde sempre), mas assenta sobretudo na falta de informação e na exploração de sentimentos (como a desconfiança, a insegurança, a baixa auto estima) daqueles a quem se dirigem as arengas racistas e fascistas. Por isso sendo fundamental desmontar ponto por ponto as insinuações, meias verdades e mentiras que são a base da narrativa racista e fascista, tal não basta.
No FB, onde o aprofundamento das questões e a complexidade não passam, para além da insistência nos factos, apresentados de forma clara e concisa, podemos sempre debochar dos gajos (tem resultado a fazer recuar a chamada AltRight trumpista). Como diz o provérbio O RIDÍCULO MATA.
No FB de 20/7/2017
segunda-feira, 12 de junho de 2017
ELEIÇÕES E O REGRESSO À POLÍTICA DE CLASSES
Depois de mais de três décadas a dizerem-nos que já não havia esquerda nem direita e que agora somos todos classe média, eis senão quando, em eleições em 3 países tão importantes e diferentes como os USA a França e a a Grã Bretanha, os eleitores vêm desmentir nas urnas tão sábias e categóricas conclusões.
E não se trata apenas do retorno da separação de águas entre a esquerda e a direita que remonta a 1789, mas também do recuo eleitoral da esquerda dos ideais liberais, das politicas identitárias e das causas fracturantes (que nalguns casos até têm contribuído para avanços civilizacionais que sempre tiveram o apoio de toda a esquerda, mas que não são o centro da luta politica), e o regresso em força da politica de classes herdeira de 1848.
Apenas um exemplo (que hoje é fds e os estimados amigos têm coisas mais interessantes para fazer).
Dum Inquérito a 14 mil eleitores realizado por Lord Ashcroft Polls no dia das eleições do UK http://bit.ly/2sOizuI publico aqui um quadro com as principais motivações de quem votou Conservador e Labour.
E o resultado só pode surpreender quem tenha andado muito distraído. As duas questões comuns aos dois grupos de eleitores, o BREXIT e a ECONOMIA, não só estão uns furos mais abaixo na ordem de prioridades dos eleitores do Labour, como certamente têm na base preocupações bem distintas, no caso dos Conservadores a da manutenção dos lucros, rendas ou ordenados confortáveis, da parte do Labour, o desemprego, a precariedade e os baixos salários.
E no que toca às outras questões, que motivaram o voto nos Conservadores e no Labour, e à sua importância relativa, parecem retiradas dum manual que explique as diferenças entre direita e esquerda, nomeadamente da esquerda dos trabalhadores e do povo miúdo.
quinta-feira, 8 de junho de 2017
TERRORISMO: CUI BONO?
Se numa investigação judicial o "cui bono" é um método que a partir de quem beneficia dum crime tenta chegar ao seu autor, nem sempre quem tira proveito dum crime é de facto quem o pratica.
Afastando aqui em principio um eventual envolvimento directo dos governos nestes hediondos crimes sobre as suas populações, não podemos no entanto esquecer que isso já aconteceu no passado (por exemplo terrorismo do Gládio e dos Gal), e que não há garantia que tal não se possa repetir no presente ou no futuro.
Mas que este terrorismo é também o efeito boomerang do terrorismo que o chamado Ocidente tem apoiado, financiado, treinado e armado para desestabilizar países e derrubar regimes, é facto comprovado (os terroristas do ultimo atentado em Londres foram "combatentes da liberdade" na Líbia e na Síria).
Por outro lado só nos pode causar fundadas dúvidas em que medida sectores dentro de serviços de segurança fortemente infiltrados pela extrema direita (em França 47% dos policias votaram na candidata da estrema direita Le Pen), inspiram, apoiam ou facilitam este terrorismo indiscriminado. O abate sistemático dos autores ou envolvidos só pode agravar as suspeitas sobre o papel daquelas policias.
Agora do que não restam dúvidas é do aproveitamento sistemático que estes governos fazem dos atentados, não só em termos eleitoralistas, mas sobretudo para concretizar os seus objectivos de limitar as liberdades individuais e reprimir a intervenção social, sindical e politica dos movimentos e organizações que se opõem às actuais politicas neo liberais, autoritárias, e anti trabalhadores.
Do Patriot Act nos USA (com vigilância generalizada aos cidadãos, movimentos e organizações, e uso da tortura), até ao prolongado estado de emergência em França, e agora esta tentativa dos Tories de agravar as restrições às liberdades individuais e colectivas, o que podemos afirmar é que, independentemente do seu grau de responsabilidade nestes crimes, os governos das chamadas democracias ocidentais são de facto os principais beneficiários do actual terrorismo.
Link para o artigo do Guardian: http://bit.ly/2qU1jTx
quarta-feira, 8 de março de 2017
O 8 DE MARÇO DE 1917 EM SÃO PETERSBURGO
A 8 de Março de 1917 (23 de Fevereiro no calendário antigo) as mulheres da industria têxtil de São Petersburgo desencadeiam uma greve que coincide com a manifestação de 8 de Março do Dia da Mulher (na foto), manifestação que é um ponto de viragem da contestação popular ao Czar da Russia.
Ao contrário do que era habitual a policia recusou disparar sobre as manifestantes, no dia seguinte o numero de grevistas na área sobe de cerca de 70 mil para mais de 150 mil, as manifestações sucedem-se, 5 dias depois o Czar da Russia é derrubado (Revolução de Fevereiro), e 8 meses mais tarde os bolcheviques iniciam a Grande Revolução de Outubro de que este ano comemoramos o 100º aniversário.
sábado, 28 de janeiro de 2017
FOI VOCÊ QUE SE INDIGNOU COM O PALEIO DO PADEIRO HIPSTER?
Acho que fez o prezado leitor muitíssimo bem, indignar-se, denunciar o alarve, ameaçar com boicote. É preciso é que não fique só por aí.
O que o padeiro careca diz é o que a maioria dos patrões pensa, faz, ou gostaria de fazer. É essa a lógica do capitalismo, de hoje e de sempre, e se há excepções, que as há, são isso mesmo, excepções.
O episódio do padeiro hipster é também uma boa metáfora do capitalismo neo-liberal-pós-moderno, a versão tuga da fusão do consumismo da moda com a exploração desenfreada dos trabalhadores, que nos USA/Ásia produz iPhones e em Portugal faz papo-secos.
É este o modelo económico e social que nos andam a vender há uma data de anos, o do "empreendedorismo" que conjuga "inovação" com "flexibilidade do trabalho", e que, com um ar mais ou menos modernaço, vai-se a ver, não passa duma remake pindérica do capitalismo que sempre conhecemos.
Para lá da indignação, denuncia e boicote, o que faz falta, além de avisar a malta, é pôr o pessoal a bulir contra todos os "padeiros" do trabalho sem direitos, dos salários baixos e da precariedade.
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
JOSÉ GOUVEIA NA RESISTÊNCIA ANTI FASCISTA E NA ALVORADA DO PODER LOCAL DEMOCRÁTICO
No âmbito das comemorações do Poder Local Democrático, a Câmara Municipal de Loures publicou uma nova edição, a 2ª, da biografia e colectânea de testemunhos sobre José Gouveia, resistente e lutador anti fascista, e no pós 25 de Abril Presidente da Comissão Administrativa da Câmara de Loures.
Aproveitando essa feliz oportunidade decidiram os autores daquela colectânea introduzir no capítulo “Breve Biografia” alguns elementos que, sem a pretensão de fazer História, ajudem as gerações mais recentes a compreender o contexto em que se desenrolou a vida e a luta de José Augusto Gouveia.
O livro está a ser distribuído pela Câmara de Loures a quem podem ser solicitados exemplares, e o 1º capitulo revisto, a Breve Biografia, pode ser descarregado clicando AQUI.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
SER FÃ DE TRUMP OU CLINTON, DE PUTIN OU MERKEL, NÃO SÓ É RIDÍCULO COMO É PERIGOSO
A Crise sem fim à vista em que estamos mergulhados leva inevitavelmente ao agudizar das contradições entre diversas facções do grande Capital, dum país e/ou entre países, contradições que podem desembocar em conflitos mais ou menos agudos, ou até em guerras como as de 14-18 ou 39-45.
Ainda com contornos mal definidos estamos agora a assistir ao estalar de novos conflitos entre as classes dirigentes do chamado mundo ocidental, nos USA entre as facções que apoiam Trump e Clinton, a nível internacional entre o Reino Unido e a Alemanha, entre os USA e a UE, entre os USA e a China.
Não cabe à esquerda instituir-se em claque de apoio de nenhuma daquelas facções (ou pior ainda dividir-se em várias claques, cada uma à volta do seu santinho padroeiro), tomando as dores e servindo de joguete de quem nos pilha e explora e que desse modo poderia ainda mais facilmente fazer de nós gato sapato.
Como também não podemos ignorar o que se está a passar com o argumento de que isso é lá entre eles, que são disputas que não nos dizem respeito, até porque nos dizem respeito, e muito (no fim somos sempre nós a sofrer as consequências e a pagar as contas), e sem complexos nem demasiadas expectativas, não vejo ainda problema, antes pelo contrário, em avaliar positivamente ou apoiar as decisões ou iniciativas que eventualmente nos possam vir a ser favoráveis.
Neste como noutros casos os trabalhadores e a esquerda não se devem atrelar a interesses que lhe são alheios, mas sim definir a sua própria agenda, acompanhar o evoluir dos acontecimentos, e concretizar as formas de intervenção que façam avançar os interesses dos trabalhadores e do povo, no nosso e nos outros países.
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