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NÃO POSSO crer que um patriota dos quatro costados como é o caso de José Sócrates, vá aceitar o convite que lhe foi feito, de representar e defender os interesses de empresas estrangeiras - neste caso as brasileiras – não só em Portugal, como em toda a União Europeia. A economia portuguesa apenas perde com isso, e débil como está, não sei se essa intervenção de Sócrates, não corresponde a um definitivo golpe de misericórdia na nossa soberania, já de si tão maltratada. Isto a acontecer, envolvendo um primeiro-ministro acabadinho de sair derrotado de eleições legislativas, não sei se não deverá ser considerada uma retaliação, qualquer parecida com um visceral mau perder, ou mais grave ainda, a expressão de um indubitável conflito de interesses. Sócrates que se cuide. Ai dele! O Brasil é um país-irmão, os brasileiros são nossos irmãos, mas quanto ao resto, irmãos, irmãos, negócios à parte. Tudo o que for além disto, cheira-me a traição de grosso calibre.
Pessoalmente, até acho que ele devia ser convidado para fazer qualquer coisa, explorando ao máximo as suas energias e capacidades de comunicador, pois a preguiça em tempos de crise é um hábito muito feio. No entanto, tudo menos isto, que mexe com os interesses de Portugal e dos portugueses, sei lá, uma função mais simbólica, sobretudo no estrangeiro, onde tenha que discursar muitíssimo, de preferência sem teleponto, para ele ter oportunidade de praticar o seu "inglês técnico".
Os brasileiros que se cuidem. Com a ajuda de Sócrates, o mais certo é apanharem também com o FMI.
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