José Sócrates saiu no meio de lágrimas e suspiros, porém, tal como nas guerras modernas, deixou o campo todo minado, para ir mutilando quem se afoite nas coutadas e bastiões que foi ocupando ao longo de seis anos. Para pressentirmos isso, basta acrescentar à “boyada” que deixou espalhada por todos os recantos e esconsos do aparelho de Estado, da administração pública, dos institutos, fundações e afins, um olhar sobre a composição do grupo parlamentar do PS, tudo gente escolhida a dedo pelo “chefe”, perante a abulia de um partido semi-narcotizado. Falta saber quem será o senhor que se segue, e qual o seu papel na fórmula que já se está a desenhar.
Passos Coelho, passadas que foram as festividades da sua entronização como futuro chefe de governo, acabaram-se os sorrisos e já entrou a matar. Com Cavaco Silva a dar-lhe gás, diz ele que vai formar governo com rapidez, e já prometeu que além de ir cumprir rigorosamente o que foi acordado com a missão do FMI-CE-BCE, irá “surpreender”, indo mais longe do que o imposto, com o objectivo de voltar a criar uma onda de confiança nos sempre queridos e omnipresentes mercados. Percebe-se pelo tom que que até nem é preciso rabiscar um programa de governo, pois o memorando da troika serve perfeitamente, acrescido das tais surpresas. Para já, a receita não parece divergir muito da que era seguida pelo PS, logo, prevê-se mais do mesmo, com a promessa de agravamento, e os respectivos custos a serem suportados pelas vítimas do costume.
Sem comentários:
Enviar um comentário