terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O QUE CONVÉM PERCEBER, PARA ENTENDER O QUE SE PASSOU NO BANIF
A dificuldade em entender o Sistema Financeiro (tal como em perceber a Teoria da Relatividade ou a Fisica Quântica) não tem tanto a ver com a sua reconhecida complexidade, mas sobretudo por alguns dos seus fundamentos estarem em absoluta e irreconciliável oposição com o nosso estimável senso comum.
Por exemplo, muitos de nós ainda pensamos que o dinheiro que um banco empresta aos clientes é proveniente das notas e moedas que outros clientes lá depositaram, o que não é realmente o caso. O que acontece é que o dinheiro que o banco empresta é criado pelo próprio banco. Surpreso?
De facto não é fácil aceitar com naturalidade que o sr. Saraiva, gerente da dependência bancaria do bairro, tenha o poder miraculoso de criar dinheiro (coisa que tanto nos custa a ganhar) a partir de coisa nenhuma.
Quando, por hipótese, peço um empréstimo de 10 mil euros ao banco, o que o sr. Saraiva faz, depois do pedido de crédito aprovado, é creditar a minha conta à ordem por 10 mil euros, e registar que eu fico a dever ao banco igual importância de 10 mil euros (mais os jurozinhos da ordem, claro).
Donde é que vieram os 10 mil euros que o sr. Saraiva depositou na minha conta à ordem? De lado nenhum. Isto faz algum sentido? De acordo com o nosso senso comum, não parece.
Mas é isto precisamente que acontece, e é isto a base do negócio de todos os bancos, da Picheleira a Wall Street, na sua importante e imprescindível função de financiamento da economia e das famílias.
A facilidade, com que os bancos criam dinheiro a partir do nada, explica em parte o comportamento dos banqueiros que se metem a fazer empréstimos de muitos milhões (é só preencher uns impressos) com poucas, ou nenhuma hipótese de alguma vez virem a ser pagos (nalguns casos tratando-se mesmo de puros e simples desvios de dinheiro).
Negócios ruinosos, e criminosas falcatruas, são registadas nos livros dos bancos como operações normalíssimas que, rendendo alguns juros, transmitem para o exterior e para os benditos reguladores, a ilusão dum negócio próspero e lucrativo, que paga dividendos atractivos aos accionistas e vencimentos e bónus milionários aos administradores.
O que não dá mesmo para entender, não por ser complicado mas por ser inaceitável, é que uma função chave para o regular funcionamento da economia e para o desenvolvimento do país, como a desempenhada pelo sistema financeiro, possa ser deixada nas mãos de privados que a usam e abusam para prosseguir os seus interesses egoístas, e que mesmo se houvesse fiscalização arranjariam sempre maneira de furar as regras e deixarem-nos estes presentes de Natal de milhares de milhões, como é agora o caso do Banif.
Depois para haver dinheiro para tapar os buracos de milhares de milhões criados pela irresponsabilidade e falcatruas de negócios privados (com vantagens e prerrogativas que mais ninguém sequer sonha ter) os governos têm-se endividado, e nós temos sido massacrados com aumentos de impostos, sobretaxas, congelamentos e cortes nos salários e nas pensões, degradação dos serviços públicos, numa espiral de empobrecimento, desemprego, emigração, sem fim à vista.
Por isso quando ouvimos agora a justa indignação de tanta gente contra as falcatruas e encobrimentos ocorridos no Banif, convém também lembrar o crime de lesa pátria que constituiu a privatização da Banca, que até agora já custou (para além do mais) cerca de VINTE MIL MILHÕES aos contribuintes.
Por tudo isto é urgente colocar na ordem do dia a discussão de que o dinheiro é um bem publico (como a água ou a energia), que este poder de criar dinheiro e decidir onde ele é aplicado (muitas vezes apenas na prossecução de objectivos especulativos e de pilhagem) não pode continuar na mão de privados que o usam e abusam de forma socialmente irresponsável e criminosa, e daí a necessidade e urgência do controlo público do sistema financeiro e da nacionalização dos bancos, e da sua colocação ao serviço da economia, dos trabalhadores, e do Povo.
ADENDA
Um outro aspecto do dia a dia da nossa relação com os bancos de que a maioria das pessoas não se apercebe, nem das eventuais consequências, é que quando depositamos dinheiro num banco, o dinheiro passa a pertencer ao banco, sendo simultaneamente criada uma divida do banco ao cliente (depositante) pelo mesmo valor. A partir do acto de depósito o banco passa a dispor desse dinheiro, que então lhe pertence, para os fins que entender.
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
ATIÇARAM A CANZOADA E AGORA NÃO VAI SER FÁCIL TORNAREM A PÔR-LHES O AÇAIMO.
A direita neo liberal e conservadora para além de perder as eleições, perdeu a compostura, a vergonha, o juízo, e a ténue camada de verniz que usa para se tentar fazer passar por democrática e civilizada.
Durante quase dois meses Cavaco e Passos, acolitados pelos seus mais próximos, e seguidos pela turba ululante dos que vêm os seus tachos em risco, têm tentado, com pouco sucesso, incendiar o país.
Mesmo depois do inquilino de Belém ter metido o rabo entre as pernas e se ter resignado a empossar o governo do PS, e o homem da Tecnoforma se ter conformado a ocupar a sua cadeira no parlamento, a canzoada continua por aí desaustinada a ladrar às canelas da esquerda, e não vai ser fácil os donos voltarem a pôr-lhes o açaimo.
Ainda ontem os pasquins ignoraram a profissão de membros do novo governo e anunciaram-nos em títulos garrafais como CEGA e CIGANO, e um abjecto espécimen da direita trauliteira, deputado do PSD e ex-secretário de Estado da Administração Local, de seu nome António Leitão Amaro, sentado na fila da frente da bancada do PSD, em sessão plenária da AR, chama a uma deputada do Bloco de Esquerda: PUTA.
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
OS PARTIDOS SÃO O QUE SÃO, MAIS AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
E a circunstância do PS, resultante da composição da AR saída das eleições de 4 de Outubro, colocava-lhe duas alternativas: ou estabelecer um entendimento explicito ou implícito com a coligação PSD/CDS, o que apressaria a sua pasokização, ou fazer um acordo à esquerda que talvez lhe permita continuar a ter um papel importante, mas não central, no quadro politico partidário português.
Já a circunstância do PCP e do BE era escolher entre a continuação das politicas de desastre nacional do PSD e CDS, ou procurar um entendimento com o PS que permita ao menos travar as politicas de destruição económica e social que arrasaram o país nos ultimo anos.
Foram estas circunstâncias, e não uma inexistente aproximação entre o PS e os partidos à sua esquerda e às suas politicas (e vice versa), que levaram aos três Acordos assinados ontem, 10/11, do PS com o BE, PCP e PEV e à viabilização dum governo PS, o que não sendo uma rotura com a austeridade e a troika, prometem ao menos algum alívio aos sectores mais sacrificados pela sanha neo liberal e reaccionária do governo de Passos e Portas.
Alívio que se traduz num pequeno acréscimo do rendimento de trabalhadores e reformados, nalgumas melhorias nas condições de vida da população, e num travão às privatizações, à degradação dos direitos laborais, e à continuação da destruição do Estado Social.
Melhorias quer em relação à continuação da politica suicidária do PSD/CDS, quer mesmo em relação às propostas do PS pois, apesar das muitas diferenças, tanto o programa eleitoral do PSD/CDS como o do PS eram enformados pela mesma orientação de economia liberal, ou neo liberalismo, vigente.
Por razões praticas e opção política sempre estive do lado dos que defenderam e tentaram praticar a unidade da esquerda, e por isso é com algum desencanto que vejo a reduzida empatia que uma solução de governo à esquerda (que mesmo não sendo um governo de esquerda) está a suscitar entre o pessoal desta área.
Mas, entre um voluntarismo susceptível de esmorecer à primeira dificuldade, e o realismo decorrente da necessidade, prefiro que o entendimento seja fruto da necessidade, pois mantendo-se a necessidade mais hipóteses há de se manter o entendimento.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
O PCP E O BE DEVEM IR PARA O GOVERNO
Se, como disse ontem (6/11) António Costa, o PS está aberto à participação do PCP e do BE no governo, então estes partidos devem assumir em pleno as responsabilidades e dificuldades de pôr em pratica os acordos a que chegaram com o PS.
Durante a campanha eleitoral quer o PCP quer o BE afirmaram-se dispostos a assumir responsabilidades governativas, e é isso que agora esperam deles os cerca de um milhão de eleitores que neles votaram.
É certo que quer o PCP, quer em certa medida o BE, deixaram clara a necessidade dum tipo de rotura com as actuais politicas de austeridade que o PS, maioritário à esquerda, não acompanha.
Mas o facto, de que podemos não gostar mas que temos de aceitar, é que não estão criadas as condições sociais e politicas que permitam pôr na ordem do dia questões como a presença do país no euro ou a rejeição do Tratado Orçamental.
A escolha agora é entre a continuação do governo da direita neo liberal e reaccionária do PSD/CDS, ou um governo à esquerda (não confundir com um governo de esquerda) que embora sem um programa para ultrapassar os bloqueios principais com que o país se defronta, possa ao menos travar as politicas de destruição económica e social que arrasaram o país nos ultimo anos.
A saída da Crise (a saída de qualquer crise dum país), exige uma ampla mobilização social, com particular destaque para os trabalhadores e outras forças progressistas. A participação do PCP e do BE num governo do PS deve ser também entendida como um contributo à indispensável mobilização da sociedade portuguesa por um futuro melhor e mais digno.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
PORQUE DISCORDO DAS CÂMARAS ABDICAREM DE PARTE DO IMI
1. A Câmara de Loures não tem (infelizmente) uma máquina de fazer dinheiro. Se o dinheiro que há vai para um lado fica a faltar noutro. E já nem falo de equipamentos essenciais, ou outros investimentos, que aqui tanta falta fazem. Falo de coisas triviais como as pessoas que nas manhãs de Inverno saem de casa para a escuridão das ruas (candeeiros que só se ligam mais tarde por razões de poupança) ou alunos de cantinas escolares que têm de esperar que os colegas acabem de comer para os talheres serem lavados e reutilizados (porque não há dinheiro para comprar talheres para todos).
2. Se no caso da redução da taxa do IMI pela Câmara de Loures até aceito por se tratar dum compromisso eleitoral, já no caso da redução do imposto por numero de filhos o meu desacordo é completo. Embora indo de encontro a uma situação que em principio merece um tratamento favorável, o aliviar os encargos das famílias com filhos, a redução do IMI em função do numero de filhos deixa de fora muitos outros munícipes tão ou mais merecedores de tratamento vantajoso. O apoio às famílias com filhos, não deve ser remetido para o critério de cada câmara mas ser feito através de mecanismos universais como, por exemplo, o abono de família, o ensino gratuito das creches à universidade, os passes para estudantes, ou até em sede de IRS embora duma forma mais justa que a actual.
3. Às câmaras municipais cabem igualmente responsabilidades sociais que devem nortear, em primeiro lugar, a intervenção nas áreas da sua competência directa. Por exemplo em vez da redução do IMI, que deixa muito munícipes de fora e beneficia mais quem tem casas melhores e mais caras, uma forma de conciliar responsabilidade e justiça social seria uma reformulação da tarifas de água, em que os escalões tivessem em conta o numero de pessoas do agregado familiar, o que até beneficiaria também as famílias com filhos. Actualmente uma família numerosa atinge facilmente o 3º escalão e paga (em Loures) TRÊS VEZES mais pela água, embora o consumo por pessoa dessa família possa até ser inferior ao consumo por pessoa duma família pequena e que paga a água pelo 1º escalão.
4. O que está errado no IMI, desde as avaliações às taxas, não se resolve com descontos à peça, como estes que muitas câmaras municipais estão agora a aplicar. São bem conhecidas as injustiças da lei e a irracionalidades da sua aplicação e é isso que deve ser mudado, em vez destes paliativos que muito pouco adiantam e têm o efeito negativo de tratarem os munícipes de forma desigual.
5. Por ultimo ter em conta que dar às autarquias a possibilidade de abdicarem de parte das suas receitas é mais uma das muitas formas que os governos de direita têm utilizado para asfixiar financeiramente o poder local. Cada lista concorrente a uma autarquia é empurrada a oferecer mais descontos do que as outras, e depois quem quer que ganhe fica com a inevitabilidade dos cortes, com o papel de vilão a gerir a desgraça, a prestar cada vez menos serviços, e cada vez serviços de pior qualidade.
Ver noticia da Câmara de Loures, aqui.
sábado, 10 de outubro de 2015
PORQUE É QUE A DIREITA INSISTE QUE GANHOU AS ELEIÇÕES, E DEVE FORMAR GOVERNO?
Simples, porque para a direita os votos e os deputados dos partidos à esquerda do PS, no caso PCP e BE, não contam para a formação dos governos do país.
É a aplicação na sua forma extrema da velha teoria do "arco da governabilidade" que, sem qualquer suporte constitucional ou legal, PSD, CDS e Cavaco Silva querem impor contra a maioria politica saída das eleições de 4 de Outubro.
Nesta versão radical da teoria do "arco da governabilidade" os votos no PCP e no BE são votos de 2ª classe (como os do Povo nos Estados Gerais antes da Revolução Francesa).
Votos de 2ª classe que, na visão antidemocrática dos partidos da direita e de Cavaco Silva, ainda que sirvam para eleger deputados para a AR, em nada podem contar para a constituição do governo do país.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
APRECIANDO O MOMENTO DO PAÍS A ENTRAR, FINALMENTE, NA NORMALIDADE DEMOCRÁTICA.
De repente, quando poucos esperavam, um até agora interdito governo de esquerda, irrompe de chofre no campo das possibilidades.
Um governo de esquerda que, a ser, não será provavelmente mais do que um entendimento dos partidos de esquerda para impedir a continuação do descalabro pelo, agora minoritário, governo da direita PSD/CDS.
Um governo de esquerda que não será certamente o fim da Austeridade, da precariedade, do desemprego, mas que pode ser uma inflexão ao rumo suicidário para que os talibans do neo liberalismo e do Tratado Orçamental estão a arrastar o país.
Mas ainda que tudo não passe dum trunfo do PS nas negociações de apoio a um governo PSD/CDS, mesmo assim, pela primeira vez em quase quarenta anos, fica a nu o carácter anti democrático, anormal e aberrante do chamado arco da governação.
Venha ou não a acontecer um governo PS (com ou sem ministros do PCP e do BE), ontem em Portugal assistimos ao enterro do regime saído do 25 de Novembro e entrámos, finalmente, na normalidade democrática que, com todas as conhecidas limitações, ainda vigora no chamado mundo ocidental.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
SERÁ QUE O VEREADOR FERNANDO COSTA DO PSD DE LOURES
Pensa que a Câmara de Loures é a moderna reencarnação de uma das tias ricas do Vasco Santana?
Lembram-se daquele personagem, interpretado por Vasco Santana, do filme A Canção de Lisboa, que passava a vida a cravar as tias ricas da província, dizendo-lhes que era um médico famoso, quando não passava dum cábula e dum estroina?
Pois é isso que me vem à ideia quando leio um daqueles posts do vereador Fernando Costa sobre qualquer questão do concelho de Loures que seja da responsabilidade do governo, e que acaba invariávelmete com o vereador Fernando Costa a defender que a Câmara de Loures (tal como as tias ricas do filme) deve também suportar os custos daquilo que é da responsabilidade do governo estróina e incompetente de Passos Coelho.
Fala-se do Centro de Saúde de Santa Iria da Azóia, cuja construção é da responsabilidade exclusiva do governo, e logo aparece o vereador Fernando Costa a propor que a Câmara de Loures pague uma parte.
Fala-se do IMI, e lá vem o vereador Fernando Costa de novo propor que a Câmara de Loures abdique de parte dessa receita, presumo que para compensar os contribuintes dos enormes aumentos de impostos de Passos.
Parece que Fernando Costa ainda não interiorizou que nem a Câmara de Loures é uma tia rica (aliás o PS deixou-a quase à beira da miséria), como tem para cima de 200 mil sobrinhos mais necessitados do que Passos e os seus 40 ministros e secretários de estado.
O PESSOAL REFORMADO QUE POR AQUI APELA AO VOTO NO PS
Faz-me lembrar aquela estória dos perus a reivindicarem a antecipação do Natal.
Será que ninguém vos disse que na página 12 do Programa do PS está lá preto no branco o valor que, com o congelamento das pensões, o PS quer tirar aos reformados?
Então eu informo-vos, são exactamente MIL SEISCENTOS E SESSENTA MILHÕES de euros que, se for governo, o PS quer roubar aos reformados.
domingo, 20 de setembro de 2015
O QUE É QUE O "RODINHAS AMIGO DAS BICICLETAS" TEM A VER COM A ESTÓRIA DA RAPOSA, DO COELHO E DA COUVE?
Aparentemente nada, mas se continuarem por aqui comigo, já vão saber.
Começando pelo "Rodinhas amigo das Bicicletas", o Rodinhas é um serviço local de autocarros que no caso de que estou a falar faz a ligação entre Moscavide e a Portela.
Pois este Rodinhas agora passou a ser amigo das bicicletas, mas é assim uma amizade tipos monogâmica, uma amizade de apenas uma bicicleta de cada vez.
Ou seja se eu quiser ir com os dois miúdos e as três bicicletas a Moscavide, só podemos levar uma bicicleta de cada vez. O que devem compreender não dá jeito nenhum.
Para além do tempo que isso demora, como é que eu vou conseguir levar os miúdos e as bicicletas sem deixar o miúdo mais novo ou as bicicletas sozinhos?
Foi aí que me lembrei da estória do camponês que quer atravessar o rio de barco, mas só pode levar um de cada vez: a raposa, ou o coelho ou a couve, tendo em conta que, embora possa fazer várias viagens, não pode deixar o coelho e a raposa sozinhos (a raposa come o coelho) nem o coelho sozinho com a couve (o coelho come a couve). (*)
Mas embora parecidos, e se eu estou a ver bem o problema, para levar os dois miúdos e as três bicicletas da Portela até Moscavide no Rodinhas amigo das bicicletas, sem que quer o miúdo mais novo ou as bicicletas fiquem sozinhas, ainda é mais difícil que o problema da raposa, do coelho e da couve.
Enfim, talvez os amigos aqui da bloga descubram uma solução amiga, para este meu problema com o Rodinhas amigo dos bicicletas.
(*) Claro que esta estória do camponês, da raposa, do coelho e da couve é uma estória antiga. Se fosse agora o coelho comia a couve, a raposa e eventualmente o Rodinhas Amigo das Bicicletas.
sábado, 19 de setembro de 2015
O VOTO ÚTIL DA ESQUERDA, É NOS PARTIDOS À ESQUERDA DO PS
As sondagens são o que são, mas todas as indicações de que dispomos duas semanas antes das eleições, permitem concluir que:
1. A 4 de Outubro nem o PS nem a coligação PSD/CDS vão ter uma maioria absoluta que lhes permita formar governo sozinhos.
2. Mesmo que a coligação PSD/CDS tenha mais votos e deputados que o PS, a coligação PSD e CDS não vai conseguir formar governo, a não ser com o PS.
3. Fique o PS atrás ou à frente do PSD/CDS, é o PS que vai decidir com quem quer governar, se com o PSD e/ou o CDS, ou se com os partidos à sua esquerda.
4. O voto útil da esquerda a 4 de Outubro é portanto nos partidos à esquerda do PS, quanto maior a sua votação mais hipótese haverá de o PS rejeitar coligar-se com o PSD e/ou o CDS, e pela primeira vez na sua história entender-se com os partidos à sua esquerda.
5. Ou no caso mais provável de o PS optar por se aliar outra vez à direita, também importante é ter uma boa representação de deputados dos partidos à esquerda do PS na Assembleia da República.
(Os valores no quadro são os da sondagem de 18/09, no Expresso)
SHIT JOURNALISM THEORY
O produto final da digestão de qualquer organismo pode ser designado por vários termos ou expressões, por exemplo o abestalhado Tavares recorre a resultado da digestão, mas no fundo trata-se sempre de merda.
Que a comunicação social está uma merda pegada já nós sabíamos, só não estava à espera é que um dos seus mais destacados jagunços não só o viesse admitir publicamente, como lançar os fundamento duma nova Shit Journalism Theory (em camone para promover a exportação).
A teoria é simples e resume-se em poucas palavras:
Tese 1
A merda que os jornaleiros cagam e publicam é mais importante do que os acontecimentos a que a merda se refere;
Tese 2
A merda que os jornais e TVs difundem tem um alcance muito superior àquilo esteve na origem da merda.
Independentemente de novos desenvolvimento que o abobalhado Tavares entenda acrescentar à sua novel teoria, a sua crónica de ontem (18/9) no Publico é mais que suficiente para lhe assegurar o próximo prémio Pulhitzer.
(Para que não haja mal entendidos o post a não se refere a todos os que trabalham na CS. De fora ficam uns poucos heróis do quotidiano que, nas mais difíceis e adversas condições, teimam em continuar a informar o publico).
domingo, 13 de setembro de 2015
LABOUR ROMPE COM TERCEIRA VIA E NEO LIBERALISMO
A vitória de Jeremy Corbyn, eleito novo lider do Partido Trabalhista Britânico com 59,5% dos votos, contra três representantes do establishment blairista e direitista, seria há três meses atras simplesmente impensável.
Recorde-se que Corbyn nem sequer se apresentou à disputa com a pretensão de ser eleito líder, mas apenas para que na campanha se fizesse ouvir a voz da esquerda trabalhista contra os outros três candidatos de direita.
Dos 30 MPs que subscreveram a sua candidatura (número exigido para ser admitido como candidato), cerca de metade fizeram-no, não como apoio às posições de Corbyn, mas apenas para permitir o pluralismo do debate na escolha do novo líder.
A mobilização popular, e em especial da juventude, e a clareza das propostas de Corbyn, contra a Austeridade e as políticas neo liberais, contra a Nato e as intervenções militares, pelo recuperação do NHS, e renacionalizações, por politicas de criação de emprego e de redução das desigualdades sociais, deixaram a classe política do Labour em estado de choque.
As intervenções de toda a cacicada do Labour, de Kinnock a Blair, de Brown a Milliband, mobilizados em força contra Corbyn, acabaram por ter o efeito oposto, apenas contribuindo para o estrondoso sucesso de Corbyn.
Com uma bancada no Parlamento dominada pela escória que ao longo dos últimos trinta anos se tem dedicado a transformar o Labour social democrata num partido thatcherista e neo liberal, a vida de Corbyn e da nova direcção não vai ser fácil.
A sua única chance é manter e reforçar a ligação à base do partido e ao eleitorado que agora o escolheu para líder, ou seja não repetir o erro de Tsipras e da sua reduzida entourage, que chegados ao governo logo esqueceram a ligação ao partido e desmobilizaram a sua Importante base de apoio.
Para já a eleição de Corbyn é mais uma bem vinda e necessária lufada de ar fresco que contra o desânimo e conformismo de muitos, que o mais que aspiram é a uma versão melhorzinha da Austeridade, mostra que há de facto forças sociais e políticas dispostas a romper com este suicidario rumo neoliberal.
Assim se reforce e alargue o campo dos que estão interessados e dispostos em as mobilizar.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
AQUELE NU NÃO É PARA SE FAZER OUVIR, É PARA SER VISTO
Há imagens, e outras intervenções no espaço mediático, que se destinam a dar a voz a ideias, causas ou politicas, algumas delas até com assinalável êxito e resultados palpáveis.
Não é o caso do nu de Joana Amaral Dias na capa duma revista light, que em nada contribuiu para que as ideias ou propostas da coligação Agir se fizessem ouvir.
O que aquele nu consegue é dar visibilidade, reforçar a notoriedade publica de alguém mais conhecido pela presença mediática, do que pelas suas ideias politicas.
Podia ao menos o nu ter ajudado a chamar a atenção para a marginalização que a comunicação social está a impor aos partidos e coligações fora do "arco do governanço", e muito em particular aos partidos sem representação parlamentar, mas até nesse plano não passou dum acto falhado.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
AS FESTAS DE VERÃO DOS JORNAIS COMUNISTAS
As festas de verão dos jornais comunistas, como as do L'Humanité e do L'Unitá, povoavam a imaginação dos jovens que em Portugal, nos anos 60 e 70, lutavam contra a ditadura fascista.
Escutávamos com devoção os relatos de quem já lá tinha estado, deliciávamo-nos com as poucas fotos, e sonhávamos quando um dia teríamos a nossa Festa do Avante em Portugal.
No início do anos 70, aproveitando uma deslocação em trabalho a Paris por altura da Festa do L'Humanité, consegui estabelecer contacto com o Armando Madeira, que me pediu para levar o que pudesse para o pavilhão do PCP.
Lá fui para Paris com uma mala com pouca roupa e todos os exemplares que lá consegui enfiar dum livro editado pouco antes pela Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos.
A Fête de L'Humanité, então a Meca das festas do jornais comunistas, nos arredores de Paris, foi um deslumbramento, um daqueles casos em que a realidade ultrapassa tudo o que tínhamos sonhado mas, aqui entre nós e sem desprimor para os camaradas franceses, nada que se compare à nossa Grande Festa do Avante.
É que não há mesmo Festa como Esta.
FB 2/9
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
A "SIMPATIA IMPLÍCITA" DO PCP
A chusma de jornaleiros, comentadeiros e opinadeiros não desarma.
Exigem que o PCP lhes diga, JÁ, qual vai ser o seu candidato às eleições presidenciais, e não conseguem digerir a resposta simples e singela que o PCP não pára de lhes repetir: que essa é uma decisão que só irá tomar DEPOIS das eleições legislativas.
Então, como o PCP não diz, eles inventam. Por exemplo, aqui há dias li num pasquim qualquer que o PCP iria apoiar a minha vizinha (a senhora baixinha da laca). Hoje no FB é a vez do ex embaixador Seixas da Costa dar o seu diplomático contributo para esta saga, introduzindo um novel conceito no vasto reportório da nacional manipulação: a "simpatia implícita".
Assim, segundo o Sr. ex-embaixador, Jerónimo de Sousa, na entrevista de ontem, teria manifestado uma "simpatia implícita" por Sampaio da Nóvoa, o que seria, calcule-se, um "beijo da morte" para a candidatura do ex-reitor.
Fazem a festa, lançam os foguetes, pegam fogo à mata, e telefonam à GNR a dizer que foi o PCP.
FB 28/8
Exigem que o PCP lhes diga, JÁ, qual vai ser o seu candidato às eleições presidenciais, e não conseguem digerir a resposta simples e singela que o PCP não pára de lhes repetir: que essa é uma decisão que só irá tomar DEPOIS das eleições legislativas.
Então, como o PCP não diz, eles inventam. Por exemplo, aqui há dias li num pasquim qualquer que o PCP iria apoiar a minha vizinha (a senhora baixinha da laca). Hoje no FB é a vez do ex embaixador Seixas da Costa dar o seu diplomático contributo para esta saga, introduzindo um novel conceito no vasto reportório da nacional manipulação: a "simpatia implícita".
Assim, segundo o Sr. ex-embaixador, Jerónimo de Sousa, na entrevista de ontem, teria manifestado uma "simpatia implícita" por Sampaio da Nóvoa, o que seria, calcule-se, um "beijo da morte" para a candidatura do ex-reitor.
Fazem a festa, lançam os foguetes, pegam fogo à mata, e telefonam à GNR a dizer que foi o PCP.
FB 28/8
terça-feira, 11 de agosto de 2015
A ARTE DE BEM PREVENIR INCÊNDIOS, SEGUNDO OS MAIS RECENTES GOVERNOS DA PÁTRIA.
Penso que foi ainda no tempo de Guterres que o governo decidiu dar télélés aos pastores para, entre o apascentar das ovelhas e as aparições no memorável anúncio da Telecel http://bit.ly/1guITTl , usarem o então novel aparelho para comunicar de que lado soprava o fogo.
Uns anos depois, aí por altura do PEC III de Sócrates, e quando já não havia cão nem gato que não tivesse telemóvel, foi a vez das 150 000 cabras, que sob o alto patrocínio dos governos de Portugal e de Espanha, se iriam dedicar à meritória tarefa de prevenir incêndios.
Agora, na era Passos & Portas, quando se fala em recorrer à espécie asinina para o desígnio pátrio de combate aos incêndios, só espero que não haja descriminação inter pares e que além do burro mirandês se mobilizem os burros de todo o país, nomeadamente os que, em São Bento e Belém, mas não só, mais não fazem que estar abancados à manjedoura e enfadadamente ir abanando a cauda para enxotar as moscas.
FB 11/8
sábado, 8 de agosto de 2015
SALSA, MANJERICÃO, E O QUE SERIA DOS GREGOS SEM OS PERITOS DA TROIKA.
Sem os peritos da Troika como é que, por exemplo, os pobres dos gregos iam conseguir determinar qual o IVA a aplicar à salsa e ao manjericão? E quem diz os gregos, diz os portugueses, ou mesmo os espanhóis e italianos.
É evidente que nem o Varoufakis nem o Tsakalotos, nem o Medina Carreira nem o César da Neves, dispõem de ciência bastante para concluir, sem margem para duvida ou contestação, qual o escalão correcto do IVA a aplicar a cada um daqueles apreciados herbáceos.
Para além da incontornável dificuldade que teriam a optar entre os 13% e os 23%, decerto seriam incapazes de atinar com as implicações fiscais das diferenças de aroma, sabor e textura entre a salsa e o manjericão, o que teria as mais funestas consequências no controlo do défice e pagamento da Divida, podendo mesmo comprometer irremediavelmente a imprescindível recapitalização da banca grega.
Afortunadamente nestas encruzilhadas da vida os povos do sul não estão sós, entregues à sua atávica e proverbial ignorância, derivado do que podem sempre contar com a elevada sapiência e abundante experiência dos peritos da CE, do BCE e do FMI, que duma forma cientifica e com bué de rigor, concluíram que, para que tudo corra dentro dos conformes do Memorando e a Grécia possa ser resgatada ao radicalismo do Syriza, o IVA a aplicar vai ser 13% à salsa, e 23% ao manjericão.
(Tudo explicadinho, aqui: V.A.T. absurdity in Greece: Why has Parsley 13% and Basil 23%?)
terça-feira, 7 de julho de 2015
DECLARAÇÃO DE VOTO OXI, NUM REFERENDO MUITO POUCO E MUITO TARDE
Hoje (5/7) na Grécia votava OXI, votava NÃO. Mas um NÃO com Declaração de Voto, de protesto contra este Referendo muito pouco e muito tarde.
Um Referendo muito tarde por o governo grego andar cinco meses enrolado com as "instituições", semeando a ilusão da eminência dum acordo favorável, que sabia melhor que ninguém que nunca iria chegar. Muito tarde por ao ficar obcecado e paralisado com as "negociações" em Berlim e Bruxelas ter negligenciado e adiado a aplicação do seu próprio programa, mesmo em aspectos que não tinham grandes impactos financeiros.
Muito tarde por o governo do Syriza ter assistido passivamente durante 5 meses à fuga do dinheiro da Grécia e só ter agido depois dos cofres estarem vazios. Muito tarde por ter continuado a sangrar-se em vida, fazendo pagamentos da Divida, em vez de dizer aos credores que fizessem um acerto de contas com os 7 000 Milhões que a Grécia tinha a receber da Troika.
Um Referendo muito pouco com apenas uma pergunta sobre a Proposta Ultimato da Troika, e que não permite aos gregos pronunciar-se sobre a Proposta apresentada pelo Syriza à Troika, quase tão má como a Proposta Ultimato (a Proposta da Troika traduz-se em cortes de 8 300 Milhões de Euros; a Proposta do governo Syriza anda à volta dos 7 000 Milhões). Não é com propostas destas, da Troika ou do governo Syriza, que se põe fim à Austeridade ou se inverte o rumo de empobrecimento e declínio da Grécia.
Muito pouco por passar ao lado da questão fundamental que se coloca à Grécia (tal como a Portugal e a todos os países condenados à Austeridade): Com esta UE, com este Euro, estamos todos condenados à continuação do declínio e da miséria com que o neo liberalismo triunfante está a destruir a Europa.
Mas hoje na Grécia votava OXI, votava NÃO, com a certeza de que, apesar de tudo, esse é o melhor voto para a continuação da luta dos trabalhadores e do Povo, na Grécia, e em muitos outros países.
O GATO DE SCHRODINGER, E AS INTERMITÊNCIAS DA VIDA DO EUROGRUPO
Recorrendo a uma complicada equação matemática o físico e Prémio Nobel Erwin Schrodinger conseguiu provar que o seu gato, previamente colocado dentro duma caixa, se podia encontrar num estado de sobreposição de vida, ou seja tanto podia estar morto, como estar vivo, dependendo isso de quem olhasse para dentro da caixa (não me peçam para explicar, que para dizer a verdade também não acredito muito nisto ;) ).
O caso é que o talvez falecido gato de Schrodinger mudou-se para Bruxelas e reencarnou numa coisa chamada EuroGrupo, que todos pensávamos ser um Órgão da UE, em que TODOS os ministros das Finanças da zona Euro tinham assento, mas que afinal tem dias.
Conforme tiveram a amabilidade de nos explicar há pouco mais duma semana, o EuroGrupo não passa de "um grupo informal", e que cabe ao Relvas holandês (presidente em funções da dita coisa) decidir quem participa ou não nas suas reuniões (pelo menos foi a desculpa que deram para não deixar Varoufakis participar na reunião do EuroGrupo dos 19-1=18, de 27/6).
Ora passada pouco mais de uma semana vejo agora ali na TV um gajo da Comissão Europeia a dizer que qualquer proposta sobre a Grécia a ser submetida ao Conselho Europeu terá de ser antes obrigatoriamente aprovada pelo EuroGrupo (com 19 ou com 19-1=18, se perguntar não ofende?).
EuroGrupo que tal como o gato de Schrodinger, que tanto pode estar vivo como morto, também tanto pode ser um dia um "grupo informal", como noutro dia qualquer um Órgão da UE com poder para tomar decisões vinculativas, e que agora, para nossa informação, está de novo vivo e de excelente saúde pronto para moer o juízo ao sucessor de Varoufakis.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
ALGUÉM QUE FALE GREGO, FAZIA-ME A FINEZA DE TELEFONAR PARA O KKE
E explicar aos camaradas dirigentes que estão a arrastar(*) o honrado Partido Comunista Grego provavelmente para a maior burrada da sua longa e heróica existência?
É que aquela rábula do pretenso boletim de voto KKE com duas perguntas (na foto) francamente, não lembrava ao diabo. Apelar ao voto NULO no Referendo do próximo domingo, que é o que o KKE está a fazer, é de facto um erro de proporções "homéricas", com consequências dramáticas para o KKE e trágicas para a luta dos trabalhadores e do povo Grego.
Dir-me-ão, e eu concordo, que tem o KKE toda a razão em defender que o que devia ser referendado era não apenas a Proposta-Ultimato da Troika, mas igualmente a Proposta-Cedência do Syriza, quase tão nefastas uma como a outra e indubitavelmente dentro da mesma linha austeritária e anti desenvolvimento.
Aliás a rocambolesca saga das propostas e contra propostas, em que Tsipras e Varoufakis são exímios, e em que continuam envolvidos mesmo depois da decisão do Referendo, só confirmam muito do que o KKE tem dito sobre o Syriza e a sua politica de capitulação. A quatro dias de distância não é sequer claro se no domingo vai ou não haver Referendo.
Defender no Parlamento as duas perguntas e votar contra a proposta do Syriza de apenas uma pergunta, sabendo à partida que a aprovação da realização do Referendo estava assegurada, tudo bem, é normal e aceitável em termos de luta politica partidária.
É uma forma de levar aos votantes a posição do KKE (de que os eleitores deviam ter o direito de votar as duas propostas) e de realçar que o NÃO à Proposta-Ultimato da Troika, não pode ser em caso algum, como o Syiriza está a tentar, considerada uma aprovação à Proposta-Cedência do governo.
Como todos sabemos a politica não é tomar decisões em função daquilo que gostaríamos que fosse (as duas perguntas), mas decidir sobre aquilo que realmente é, e neste caso o que é, como resultado da votação no Parlamento, é um Referendo com apenas uma pergunta.
A partir daí o KKE devia ter afirmado claramente a posição de voto NÃO, podendo desenvolver toda a sua campanha na base de que quem vota contra a Proposta-Ultimato da Troika está também obviamente contra a Proposta-Cedência do Syriza, até por ambas no fundo serem tão parecidas.
Desse modo, e colocando-se claramente no campo Anti Austeridade e contra o Diktat da Troika, o KKE teria melhores condições de ser ouvido pelo lado maioritário dos que vão votar NÃO (segundo uma sondagem 55% pelo NÃO, contra 33% pelo SIM), sem abandonar ou trair a confiança dos que defendem, tal como o KKE, que o voto devia incidir sobre as duas propostas.
Assim o voto no NÃO não seria automaticamente um voto de confiança ao Syriza (o que acontecerá se o KKE votar NULO), mas um voto mais abrangente e com maior capacidade de capitalizar o sentimento de revolta que este processo objectivamente está a agudizar, num contexto de unidade popular potenciador de novos avanços, muito para além dos cálculos manobristas de Tsipras e Varoufakis.
Ao contrário, defendendo o voto NULO, o KKE isola-se no campo popular, entrega o apoio maioritário do NÃO nas mãos do governo, e coloca-se objectivamente ao lado dos que querem sufocar e subjugar o povo, no que será condenado sem apelo nem agravo pela maioria dos gregos, especialmente se o voto NULO do KKE contribuir para a vitória do SIM.
Claro que o suicídio, incluindo o politico, não é crime, mas as consequências deste harakiri publico para que esta posição irresponsável e sectária está a arrastar o KKE, são absolutamente criminosas e, por todas as razões, incluindo a simpatia e solidariedade com os comunistas gregos, não pode ter a nossa conivência e deve ser combatida com toda a clareza.
(*)
Se de facto a tradução é fiel e o que lemos é mesmo a posição de voto NULO no Referendo de domingo.
(**)
Diz-se que Álvaro Cunhal, nas presidenciais de 1986, aconselhou os mais reticentes que se fosse preciso, no boletim de voto, tapassem a cara de Soares e fizessem a cruz por ele. (conforme recorda Vitor Dias).
Formas de o KKE reafirmar a sua posição, mesmo votando NÃO no Referendo, é coisa que certamente não será dificil de encontrar.
É que aquela rábula do pretenso boletim de voto KKE com duas perguntas (na foto) francamente, não lembrava ao diabo. Apelar ao voto NULO no Referendo do próximo domingo, que é o que o KKE está a fazer, é de facto um erro de proporções "homéricas", com consequências dramáticas para o KKE e trágicas para a luta dos trabalhadores e do povo Grego.
Dir-me-ão, e eu concordo, que tem o KKE toda a razão em defender que o que devia ser referendado era não apenas a Proposta-Ultimato da Troika, mas igualmente a Proposta-Cedência do Syriza, quase tão nefastas uma como a outra e indubitavelmente dentro da mesma linha austeritária e anti desenvolvimento.
Aliás a rocambolesca saga das propostas e contra propostas, em que Tsipras e Varoufakis são exímios, e em que continuam envolvidos mesmo depois da decisão do Referendo, só confirmam muito do que o KKE tem dito sobre o Syriza e a sua politica de capitulação. A quatro dias de distância não é sequer claro se no domingo vai ou não haver Referendo.
Defender no Parlamento as duas perguntas e votar contra a proposta do Syriza de apenas uma pergunta, sabendo à partida que a aprovação da realização do Referendo estava assegurada, tudo bem, é normal e aceitável em termos de luta politica partidária.
É uma forma de levar aos votantes a posição do KKE (de que os eleitores deviam ter o direito de votar as duas propostas) e de realçar que o NÃO à Proposta-Ultimato da Troika, não pode ser em caso algum, como o Syiriza está a tentar, considerada uma aprovação à Proposta-Cedência do governo.
Como todos sabemos a politica não é tomar decisões em função daquilo que gostaríamos que fosse (as duas perguntas), mas decidir sobre aquilo que realmente é, e neste caso o que é, como resultado da votação no Parlamento, é um Referendo com apenas uma pergunta.
A partir daí o KKE devia ter afirmado claramente a posição de voto NÃO, podendo desenvolver toda a sua campanha na base de que quem vota contra a Proposta-Ultimato da Troika está também obviamente contra a Proposta-Cedência do Syriza, até por ambas no fundo serem tão parecidas.
Desse modo, e colocando-se claramente no campo Anti Austeridade e contra o Diktat da Troika, o KKE teria melhores condições de ser ouvido pelo lado maioritário dos que vão votar NÃO (segundo uma sondagem 55% pelo NÃO, contra 33% pelo SIM), sem abandonar ou trair a confiança dos que defendem, tal como o KKE, que o voto devia incidir sobre as duas propostas.
Assim o voto no NÃO não seria automaticamente um voto de confiança ao Syriza (o que acontecerá se o KKE votar NULO), mas um voto mais abrangente e com maior capacidade de capitalizar o sentimento de revolta que este processo objectivamente está a agudizar, num contexto de unidade popular potenciador de novos avanços, muito para além dos cálculos manobristas de Tsipras e Varoufakis.
Ao contrário, defendendo o voto NULO, o KKE isola-se no campo popular, entrega o apoio maioritário do NÃO nas mãos do governo, e coloca-se objectivamente ao lado dos que querem sufocar e subjugar o povo, no que será condenado sem apelo nem agravo pela maioria dos gregos, especialmente se o voto NULO do KKE contribuir para a vitória do SIM.
Claro que o suicídio, incluindo o politico, não é crime, mas as consequências deste harakiri publico para que esta posição irresponsável e sectária está a arrastar o KKE, são absolutamente criminosas e, por todas as razões, incluindo a simpatia e solidariedade com os comunistas gregos, não pode ter a nossa conivência e deve ser combatida com toda a clareza.
(*)
Se de facto a tradução é fiel e o que lemos é mesmo a posição de voto NULO no Referendo de domingo.
(**)
Diz-se que Álvaro Cunhal, nas presidenciais de 1986, aconselhou os mais reticentes que se fosse preciso, no boletim de voto, tapassem a cara de Soares e fizessem a cruz por ele. (conforme recorda Vitor Dias).
Formas de o KKE reafirmar a sua posição, mesmo votando NÃO no Referendo, é coisa que certamente não será dificil de encontrar.
"LOURES EM CONGRESSO": OPINIÃO DUM MUNÍCIPE
Dum munícipe interessado no que se passa na terra onde vive e que, embora não tendo participado em nenhuma das iniciativas do "Loures em Congresso", acompanhou com interesse esta original, importante e oportuna iniciativa da Câmara de Loures.
Oportuna por, depois de 12 anos duma gestão autárquica PS marcada pela incompetência, clientelismo e cedência a interesses lesivos do município e dos munícipes, ser um contributo crucial para inverter a rota de degradação das estruturas camarárias e do generalizado declínio do concelho de Loures.
Original numa escolha que, rejeitando o tradicinal todos numa sala a ler comunicações (umas talvez interessantes, a maioria decerto enfadonhas), preferiu para cada iniciativa escolher, em vez do modelo único, o formato mais adequado à questão que se pretendia conhecer melhor, discutir, e eventualmente chegar a uma conclusão.
Importante porque para além da incontornável e prioritária dimensão politica das questões em que a Câmara intervém, há igualmente para a maioria delas, em maior ou menor grau, a necessidade dum conhecimento técnico detalhado das matérias e das opções concretas que se colocam a quem tem de tomar as decisões.
Juntar à volta de cada questão concreta, e da forma mais adequada ao assunto, para além do Executivo, os técnicos e outros funcionários da Câmara que com elas lidam, os autarcas e activistas de base que as sentem junto das populações, especialistas das matéria e pessoas com outras experiências relevantes, e mesmo nalguns casos os munícipes directamente interessados, foi de facto um achado dos organizadores do "Loures em Congresso", que deve servir de exemplo não só a outras autarquias, mas a outras organizações e instituições empenhadas em melhorar a qualidade da sua intervenção junto das populações.
Muito se fala na Crise da Democracia, e muitas ilusões se criam à volta de formas de intervenção que por vezes se limitam a juntar meia dúzia de desiludidos de partidos em moldes que se esgotam no artificial impacto mediático; e injustamente pouco se valorizam iniciativas como o "Loures em Congresso" que é também um exemplo de como se pode ir além desta democracia de faz de conta em que se afunda a chamada "Europa".
Mas apesar dos muitos méritos do "Loures em Congresso" é de ter em conta que, embora com algumas iniciativas abertas a todos, este foi basicamente um "Congresso da Câmara" e não um "Congresso dos Munícipes". E não se veja nisto nada de depreciativo, antes pelo contrário, duvido muito que fosse possível juntar numa iniciativa única os dois "Congressos", e a começar por algum lado a prioridade era inquestionavelmente este "Congresso da Câmara".
Claro que nem tudo terá sido perfeito, e os organizadores e participantes decerto irão analisar o que correu mais ou menos bem. Da minha parte apenas gostaria de referir aquilo que me pareceu uma falha de palmatória, o não ter a organização do "Loures em Congresso" a preocupação, ou talvez os meios, de ir dando noticia aos munícipes do que ia acontecendo em cada iniciativa, da caracterização das matéria nelas tratadas, das opiniões em confronto, e das eventuais conclusões.
Mas a minha critica principal vai para os munícipes do concelho que não estiveram à altura desta iniciativa da Câmara, e onde, por exemplo, no reduzido espaço publico que ainda nos resta (jornais locais, redes sociais, blogs e FB, à mesa do café) se manteve o pesado silêncio sobre as coisas da nossa terra, que nem o "Loures em Congresso" conseguiu espevitar.
Foi de facto confrangedor ver como, a este nível, os munícipes do concelho, apesar da simpatia e apoio por alguns manifestado, passaram ao lado destes 100 dias de "Loures em Congresso", não aproveitando o grande debate lançado pela Câmara para virem para o espaço publico discutir as questões concretas da sua terra ou falar da sua visão para o futuro do simpático concelho de Loures.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
MORRER INCÓGNITO NA VALORSUL?
Faz hoje uma semana que partilhei no Facebbok uma noticia da FIEQUIMETAL que dava conta da morte dum trabalhador na Valorsul.
Sabem, da Valorsul aqui a meia dúzia de quilómetros donde muito de nós moramos? Da Valorsul que trata o lixo que fazemos diariamente em Loures e noutros concelhos da área de Lisboa? Da Valorsul de que, através das Câmaras da região e do Estado, até somos accionistas?
Pensei na altura que a noticia do sindicato iria gerar já não digo uma onda, mas ao menos alguma simpatia e solidariedade; pensei que a Valorsul ou a Câmara de Loures iriam emitir um comunicado a lamentar a morte e a solidarizar-se com a família enlutada; pensei que seria anunciado um Inquérito rigoroso e independente para que, na eventualidade da morte do trabalhador ter sido provocada por alguma falha evitável, tentar que tal não volte a repetir-se no futuro.
Como se diz no comunicado da Fiequimetal "morrer a trabalhar é intolerável e não pode ser encarado como natural".
Talvez a comunicação social até tenha dado noticia do infausto acidente, talvez os meus amigos do FB tenham ficado chocados e manifestado a sua solidariedade, talvez a Valorsul, ou a Câmara, tenham tomado posições publicas, talvez tudo isso e muito mais tenha acontecido, e seja apenas eu que não dei por nada.
Aliás para ser franco, perante este pesado silêncio, o que eu gostava mesmo é que tivesse havido por aqui um qualquer mal entendido e que afinal nenhum trabalhador precário tivesse morrido na semana passada ao serviço da Valorsul, ao serviço de muitos de nós.
terça-feira, 16 de junho de 2015
CIGANOS NÃO CABEM NO "LOURES LIVRE DE RUMORES"
Pelo que leio no suplemento dedicado ao Projecto "Loures Livres de Rumores" trata-se duma iniciativa louvável e oportuna, um Projecto para identificar e combater os principais estereótipos e preconceitos que se mantêm em torno de imigrantes e minorias étnicas.
Enquanto em Portugal, e duma maneira geral, os imigrantes encontram junto das populações de acolhimento uma boa receptividade, já no que se refere aos ciganos, apesar de há cerca de cinco séculos viverem entre nós, continuam a ser a minoria mais descriminada e sujeita ao tipo de estereótipos e preconceitos que aquele Projecto visa combater.
No entanto, embora quer no suplemento quer na Página do FB deste Projecto, veja referências concretas a diversas comunidades imigrantes que vivem no concelho, não descortino qualquer referência a ciganos (palavra que nem sequer aparece quer no suplemento quer nos posts do Facebook), o que, sendo pena, provavelmente se deve apenas ao facto de o "Loures Livre de Rumores" ser um projecto financiado pela UE dirigido a imigrantes.
Estando agora a Câmara de Loures, na sequência do Projecto "Loures sem Rumores", a preparar um "Plano Municipal para a Integração de Imigrantes", seria bom que o seu âmbito fosse alargado às Minorias, com particular atenção para a tão mal resolvida "questão cigana", comunidade que apesar de pequena (estima-se em 50 mil o numero de ciganos a nível nacional) tem uma expressão com algum significado no concelho de Loures.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
AS MINHAS DIFICULDADES COM OS HISTORIADORES DO PREC
Ao principio pensava que era só eu que tinha dificuldades com os historiadores (do reaccionário Rui Ramos à progressista Raquel Varela) que em Portugal fazem a história do que foi o 25 de Abril e o período revolucionário conhecido como PREC.
E o meu problema, que afinal é comum a outras pessoas, é que aquilo que os nossos historiadores profissionais nos contam sobre a Revolução dos Cravos em muitos casos não coincide, nem de perto nem de longe, com aquilo que foi a minha experiência directa e vivida desses saudosos mas não esquecidos tempos.
Hoje, 28/5, no Colóquio da SPA, mais uma vez constatei o fosso que por vezes separa o que dizem e escrevem os historiadores, certamente baseado nas fontes a que têm acesso, e o que se passou na realidade.
Dum lado Raquel Varela, baseada nas fontes escritas, nomeadamente em documentos diplomáticos dessa época já tornados públicos pelos USA, afirma que a super potência foi apanhada de surpresa pelos eventos do 25 de Abril.
Do outro lado Manuel Duran Clemente garante que a embaixada em Lisboa dos USA foi avisada com antecedência do 25 de Abril, por alguém que por naturais razões de discrição não referiu publicamente (mas que muitas das pessoas que viveram aqueles tempos não terão dificuldade em imaginar quem foi).
Sempre ouvi dizer que era preciso deixar passar algum tempo para se fazer a História do passado mais recente, ideia com que concordo inteiramente.
Será de facto mais avisado para os historiadores, antes de começarem a contar a sua versão do que se terá passado, baseada em fontes irrefutáveis, tratadas de forma rigorosa e cientifica, aguardarem prudentemente que os protagonistas dessa História estejam todos, conveniente e devidamente, mortos e enterrados.
Adenda
Publicado no Facebook onde se seguiu uma animada troca de comentários que vale a pena ver, AQUI.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
HO CHI MINH: COLONIALISMO E O PAPEL DOS PARTIDOS COMUNISTAS EUROPEUS
"Quanto aos partidos comunistas da Grã-Bretanha, Holanda, Bélgica e outros países (colonialistas) - o que fizeram para lidar com as invasões coloniais perpetrados pela burguesia dos seus países?
O que fizeram desde o dia em que aceitaram o programa político (do partido comunista) de Lenin para educar a classe trabalhadora de seus países no espírito do internacionalismo e em estreito contacto com as massas trabalhadoras nas colónias?
O que estes Partidos têm feito neste domínio é quase inútil. Quanto a mim, eu nasci numa colónia francesa, e sou um membro do Partido Comunista Francês, e estou muito triste de dizer que o nosso Partido Comunista tem feito quase nada para as colónias. "
Ho Chi Minh
Ao contrário de outros partidos comunistas das metrópoles coloniais, o Partido Comunista Português foi provavelmente o único que assumiu por inteiro os seus deveres internacionalistas, que se colocou ao lado dos povos que nas colónias lutavam contra o colonialismo português, e que contribuiu decisivamente com a sua luta para a independência da Guiné, Cabo Verde, Angola, São Tomé, Moçambique e Timor.
(Leio no Facebook que na RTP1 está a dar, 25/5, um programa com respeitados lutadores pela independência de ex-colónias portuguesas, sem um único representante do PCP)
segunda-feira, 11 de maio de 2015
NOS PAÇOS DO CONCELHO DE LOURES, FOI ASSIM
Esta é uma foto emblemática do 25 de Abril. Cena da sede da Pide que, no mês de Maio de 1974, se repetiu em milhares de edifícios públicos, limpando para sempre das paredes a escória fascista que as conspurcou por quase meio século. Nos Paços do Concelho de Loures as coisas passaram-se como vou contar.
Num fim de tarde de Maio de 1974, ao passar pela livraria do José Gouveia, em Moscavide, ele tinha novidades. Tinha nesse dia recebido do MFA um documento que o nomeava Presidente da Cãmara de Loures, juntamente com as chaves do edifício dos Paços do Concelho.
O José Gouveia tinha sido proposto e apoiado por aclamação para presidir à Câmara de Loures, num comício realizado na manhã do dia 1º de Maio de 1974 no campo do Desportivo dos Olivais e Moscavide, e posteriormente aprovado em reuniões de democratas de outras localidades do concelho. No mesmo comício eu tinha sido também indicado para integrar a vereação mas (Deus seja louvado) a minha carreira de autarca terminou antes de começar.
De maneira que, e voltando àquela tarde de meados de Maio de 1974, fechada a livraria às 19h, decidimos ir os dois a Loures ver se a chave servia na porta. O edifício dos Paços do Concelho estava fechado e deserto, nesses tempos nem sequer segurança havia, por ali andámos a dar uma olhada àquele ex antro do fascismo e, inevitavelmente, ao passarmos pelo gabinete do presidente, imitando o soldado da foto, subi para uma cadeira e apeei da parede o retrato do Tomaz.
Quando no dia seguinte à noite encontro o José Gouveia e lhe pergunto como iam as coisas na Câmara, ele dá uma gargalhada e responde: Sabes lá, hoje de manhã voltei à Câmara e depois de me apresentar aos funcionários, entro no gabinete do presidente, e não é que lá estava de novo, pendurado na parede, de frente a olhar para mim, o Cabeça de Vaca.
FB 11/5
HOJE SOU SYRIZA
Nas grande movimentações populares, como foi a caso das ultimas eleições gregas, as minhas simpatias sempre estiveram, sempre estão, do lado dos sonhos e aspirações dos trabalhadores e do Povo.
Mesmo sendo por demais evidentes as limitações do Programa do Syriza que, como a vida está a demonstrar, resultam duma análise errada da natureza da UE e do Euro, alegrei-me com a sua vitória, e tenho sofrido com os seus desaires.
Provavelmente esta semana vai ser uma semana decisiva para os Gregos, mas independentemente do que se passou até agora, e do que venha a acontecer, hoje (11/5), com a readmissão pelo governo grego das 595 empregadas de limpeza que durante 20 meses lutaram à porta do seu ministério contra mais um desumano despedimento, hoje sou inequivocamente Syriza.
http://bit.ly/1PeX7Y8
No FB em 11/5/2015
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Sacavém, Cidade a sério ?!...
Nado e criado em Sacavém, foi na Vila de então, Cidade
agora, que vivi com toda a intensidade a Revolução de 25 de Abril de 1974, o
seu desenvolvimento e retrocesso. Tenho viva a memória da imensa esperança, da
pujante vontade, de uma maioria de sacavenenses, pugnando por uma vida melhor
para todos e pelo progresso da sua terra.
E Abril, trouxe uma das mais sólidas e vibrantes
alterações no país. O poder local democrático, que viabilizou um vasto conjunto
de transformações de nível local, que se repercutiram muito positiva e
globalmente no país. Em Sacavém, também assim foi. As transformações ensejadas
e concretizadas no território, na vida colectiva e nas condições de vida dos
sacavenenses, abriram imensas expectativas e oportunidades.
Entretanto, muito se esboroou, muito se desperdiçou,
muito se abandonou, mercê das políticas governamentais e inécia autárquica.
Hoje, a minha Cidade, é uma terra deprimida, a passar por dificuldades
inimagináveis há 40 anos atrás e muito depois disso.
Os fugazes lampejos que subsistem aqui ou ali, de
pessoas e instituições, ora resistindo, ora contrariando, o actual caminho de
decadência, são forças sem recursos, impulso e ânimo para se conjugarem, agirem
conjuntamente e retomarem um rumo de regeneração, revivificação e redinamização
da Cidade.
É certo que os executivos municipais liderados por
Severiano Falcão, Demétrio Alves e Adão Barata procuraram, ao tempo, inverter o
curso dos acontecimentos, com o Plano de Salvaguarda de Sacavém, com o PROCOM,
com a resolução da chaga da Quinta do Mocho, com o Museu da Cerâmica e outras
acções qualificadoras, mas remaram sózinhos contra a maré de retrocesso.
Hoje o problema está maior, mais vasto, mais denso.
São precisas soluções audazes, inovadoras, determinadas e mobilizadoras.
Sacavém, bem merecia (e precisava) ter um espaço próprio no Loures em
Congresso, para que fosse discutida a Cidade e, sobretudo o seu futuro. Mas
ainda que não o seja nesta ocasião, é indispensável que o seja num futuro
próximo.
É isso mesmo que aqui proponho à actual Administração
Municipal, que está a chegar a meio do seu mandato e, que estando sujeita a
constrangimentos económico-financeiros muito substanciais que lhe permita uma
intervenção robusta no imediato, deve aproveitar – penso eu – para na segunda
metade do presente ciclo autárquico, lançar a reflexão e o estudo das
oportunidades para a Cidade, o que é preciso fazer e o que é possível começar a
fazer, designadamente, o rumo a seguir no próximo mandato. Sacavém não suporta
muito mais depois disso.
E aos sacavenenses,
caberá “dar alguma coisa para o peditório”. Desde logo, nas próximas eleições
legislativas, optarem entre mais austeridade e mais depressão ou ajudarem o
país e os governos a mudarem de registo. Depois, participando, dando opinião,
informando-se, debatendo. Que esperar se nós próprios nada quisermos fazer por
nós e pela nossa terra ?
publicado na edição 13, Maio de 2015, de Notícias de Loures
sexta-feira, 1 de maio de 2015
1º DE MAIO DE 1966, NO ROSSIO
Era domingo, estava um grupo de amigos no café, em Moscavide, a beber a bica depois do almoço, quando alguém se lembrou, porque é que não vamos ao Rossio? Ao Rossio, claro, onde noutro 1º de Maio, quatro anos antes, em 1962, tinha tido lugar uma grande manifestação anti fascista com centenas de presos, feridos, e um morto. Ver aqui (evocação do Avante em 2012) e aqui (extractos da noticia do Diário de Noticias de 3 de Maio de 1962).
Para o 1º de Maio de 1966 não tinha sido convocada nenhuma manif, mas porque não ir até lá? Talvez outros tivessem a mesma ideia, e mesmo que mais ninguém fosse, caraças, íamos nós. E fomos todos, encontrámos o João Vital, de Oeiras, que já por lá andava, e o José Fonseca fotógrafo à la minuta, amigo do Custódio, que no intervalo da sua actividade profissional de tirar o retrato a putos a dar milho aos pombos, e ao saber ao que íamos, fez questão de tirar esta foto para a posteridade.
Daquele pequeno grupo (quatro operários, dois empregados e dois estudantes) já o Alexandre e a Zé tinham sido expulsos da universidade na sequência das lutas estudantis de 1964, e o Custódio tinha passado meia dúzia de meses em Caxias. Dois anos depois o Madeira, para evitar a prisão iminente, fugia para França. Em 1969, foi a vez do Alexandre e da Zé darem o salto, depois de terem escapado por um triz à pide que foi a casa tentar prendê-los. Outros tiveram pior sorte, até ao 25 de Abril ainda iriam passar por Caxias o Ramiro e eu.
Fui à procura da foto depois de um dia destes numa manif, em conversa com uns amigos sobre a unidade de esquerda, o Ramiro recordar a fuga do Alexandre e da Zé, militantes do MRPP (na altura dum comité ML que esteve na origem do MRPP), que até conseguirem sair do país passaram uns meses escondidos em casas de amigos militantes do PCP e da ARA, rumando depois para Paris onde são recebidos por outro militante do PCP, tudo passado com pessoal que está nesta foto. Depois vão viver para Bruxelas onde mais tarde acolhem outro refugiado politico de Moscavide e militante do PCP.
Na foto, de pé Ramiro Morgado, Maria Emília Morgado, Armando Madeira, Alexandre Gaspar, Maria José Belmute, e João Vital. Sentados: António Manuel Bessa, J Eduardo Brissos, Custódio Santos, e Luísa Ferreira (mais tarde Brissos).
segunda-feira, 20 de abril de 2015
LOURES EM CONGRESSO: MANIFESTO CONTRA (QUASE TODAS) AS CICLOVIAS
Uma grande vantagem, e encanto, de andar de bicicleta é a liberdade de, dentro de óbvias limitações, escolhermos o percurso que mais nos agrada ou convém, quer no "uso quotidiano", para irmos para o trabalho, a escola, às compras, ou encontrarmo-nos com amigos, quer no "uso recreativo" quando a bicicleta é a nossa companheira de agradáveis passeios. Por isso é com grande relutância que encaro a recente moda de construção de ciclovias, a que aderem cada vez mais autarcas ansiosos de apresentarem, entre a sua prolífica "Obra Feita", mais uns quantos Kms de ciclovia.
Claro que há casos em que a ciclovia é o único meio seguro, ou até possível, de permitir o uso da bicicleta, e aí são as ciclovias muito bem vindas. Já quando as ciclovias se destinam a impor caminhos aos ciclistas, a encarneirá-los num percurso decidido por um qualquer burocrata da mobilidade, ou vendedor de ciclovias, os resultados são quase sempre rísiveis, como acontece com a "ciclovia do Teixeira", no meio dum passeio imagine-se, ali na Avenida da Índia em Sacavém, onde até hoje não vi ainda circular uma única bicicleta. Isto já para não falar do dinheiro esbanjado nestes pequenos "elefantes brancos".
Leio agora no jornal de Moscavide e Portela, com alguma surpresa (nunca tinha ouvido falar nisso), haver no concelho de Loures "aprovada uma rede com 217 km de percursos cicláveis", provavelmente uma boa parte em ciclovia, pois diz também o jornal, em titulo, que a tal rede inclui a "criação de uma ciclovia entre Sacavém, Portela e Moscavide". O que até podia ser uma boa ideia se em Sacavém, na Portela e em Moscavide, houvesse, o que não é o caso, ciclistas de "uso quotidiano" que com a construção dessa ciclovia vissem facilitada a circulação entre estas localidades.
O que há no entanto nesta zona do concelho são ciclistas de "uso recreativo", ciclistas de fim de semana, utilizadores habituais da parte ribeirinha da Expo que é provavelmente a zona mais frequentada por ciclistas de recreio de toda a região de Lisboa, e onde, tomem bem nota, não existe NENHUMA ciclovia. O que mostra bem que criar condições para o uso da bicicleta não passa sempre, passa até muito pouco, pela construção de ciclovias.
O mesmo se aplica ao "uso quotidiano" da bicicleta, onde um dos requisitos básicos é a flexibilidade dos percursos, que permitam usar o caminho mais curto para ir de A a B. Por exemplo aqui na Portela para o "uso quotidiano" da bicicleta (que não existe mas que seria positivo promover) optar pelas ciclovias seria ou construir uma ou duas ciclovias, o que era insuficiente, ou fazer uma ciclovia em cada rua, o que seria absurdo.
Mas há uma alternativa melhor. Dizem os especialistas, e a experiência comprova, que para um limite de velocidade de 30 km/h é seguro ter bicicletas a circular misturadas com o tráfego normal, possibilidade que as novas disposições de protecção ao ciclista do Código da Estrada veio reforçar. Ora aqui na Portela (e creio que noutras localidades do concelho de Loures) o limite de velocidade é já hoje de 40 km/h, pelo que bastaria reduzir 10km/h ao limite de velocidade para resolver, sem ciclovias e com poucos custos, o problema do "uso quotidiano" da bicicleta.
Voltando à anunciada ciclovia a ligar Sacavém, Portela e Moscavide, que não se percebe para que serviria, dado não existirem por aqui ciclistas de "uso quotidiano", melhor seria dar prioridade aos ciclistas que de facto existem, os de "uso recreativo", que aos fins de semana vão dar umas pedaladas para o Parque das Nações, e que gostariam de ver melhorada a segurança dos percursos que ligam os lugares de residência à zona ribeirinha. Percursos onde existem diversos "pontos negros" que, a não serem resolvidos, mais dia menos dia ainda podem vir a provocar acidentes graves.
Faço por isso votos que, para além da rede de percursos cicláveis do concelho, se estudem e concretizem medidas que facilitem o uso mais alargado e flexível da bicicleta como meio de mobilidade e de recreio, que levem em conta as condições concretas de cada localidade e respeitem as palavras de Bernardino Soares quando afirma pretender a Câmara de Loures "uma abordagem a novas práticas de mobilidade, mais suaves e alternativas" o que, no que se refere à bicicleta, deverá dar especial ênfase às questões da segurança dos ciclistas, aproveitar e rentabilizar infra estruturas existentes, e não insistir na construção de ciclovias que custam dinheiro e que ninguém usa.
Adenda:
O que a noticia do jornal fala é de 217 km de "percursos cicláveis" que se bem entendo é uma designação genérica que incluirá:
a) as pistas cicláveis propriamente ditas (do tipo e com aquele material da "pista do Teixeira" ver foto);
b) outros tipos de percurso, como por exemplo uma estrada ou rua já existente onde se pintam umas bicicletas no chão e se põem uns sinais verticais,
c) ou simples trilhos de terra batida, como aquele à beira do Trancão que começa em Sacavém e vai pela Várzea adentro.
Obviamente a relutância aqui revelada às ciclovias que só servem para "mostrar obra" (tipo "ciclovia do Teixeira" que se vê na foto) não é extensiva, antes pelo contrário, aos outros tipos de percursos cicláveis, que são geralmente boas soluções para a utilização de bicicletas, quer para "uso quotidiano" quer para "uso recreativo".
quinta-feira, 16 de abril de 2015
O PUGRESSO É ASSIM
Já houve tempo em que aqui no concelho de Loures se fazia louça, parafusos, detergentes, tinta para pintar paredes, coisas que como todos sabemos os "chineses" fazem agora por um quarto do preço, derivado do que temos de abraçar as novas tendências de fazer pela vida, pôr a criatividade a render, ou então estamos todos feitos ao bife.
Assim foi com esperançosa curiosidade que li, naquele periódico mensal distribuído à borla com o Expresso, que em Loures se está a criar um "novo paradigma de apoio à inovação e ao empreendedorismo de base tecnológica", que basicamente é uma "forma de disrupção, criando mecanismos de crescimento empresarial a partir de" "spin-offs"," "start-ups" e "clusters".
Tudo aquilo "com forte componente de inovação e empreendedorismo", mais o inevitável "fomento de perfis de empresas de alto valor acrescentado", as esplêndidas "parcerias inovação", os cosmopolitas "mentores de internacionalização", os competitivos "serviços coaching" e, last but not the least, o bendito "seed capital" (que deve ser um capital porreiro, como aliás acontece a todo o capital que se preza).
A coisa organiza-se à volta dos "Eixos Estruturantes" que, ao contrario do que está a pensar, não tem nada a ver com a A1 ou a A8, mas que são outros eixos completamente diferentes: o eixo "HUB l&D ClusterLab" (do melhor que se fabrica em clusters), o eixo "Incubadora Negócios" (que deve estar relacionado com o Aviário do Freixial), e mais uns eixos igualmente fascinantes mas de que agora não me recordo os nomes.
Enfim, e muito sinceramente, só faço votos para que a coisa corra pelo melhor, e que todo aquele esforçado e refinado neo liberalês os ajude a conseguir abichar qualquer coisinha dos fundos comunitários que desta vez têm o nome Portugal 2020 e Horizonte 2020, pois como é do conhecimento geral a massa a sério, essa, irá directa para os empreendedores do costume, que nem precisam de fazer "spin offs", "clusters", ou "portfolios", para que os milhões lhes caiam todos no colinho.
domingo, 12 de abril de 2015
Elas vêm aí…
Contava-me
recentemente um amigo, que na sua terra natal, a respectiva Presidente da
Câmara, fez um magnífico trabalho de incremento da qualidade de vida local. Sem
argumentos face ao desempenho da autarquia, com manifesta de qualidade política
e intelectual, os adversários da gestão autárquica lançaram uma pérola
acusativa: “A Presidente da Câmara fuma em público”.
Ridículo,
claro, mas elucidativo de como às vezes vale tudo. E, bem sabemos, temos na
vida política local – à falta de outras qualidades - verdadeiros especialistas
da maldicência, da intriga, da ínsidia, da chicana, das suspeições.
O Concelho de
Loures, conhece bem, um vasto naipe de atoardas, mexericos, mentiras e
campanhas, visando autarcas, quer na dimensão política, quer mesmo na dimensão
pessoal.
Passado cerca
de ano e meio do actual mandato autárquico, o trabalho já realizado pelo
executivo municipal conduzido por Bernardino Soares, não sendo perfeito, é
globalmente inatacável.
Por isso mesmo,
estou em crer que em breve elas vêm aí. Essas mesmo, as intrigas, as ínsidias,
as mentiras, as suspeições, as chicanas.
Vêm pé ante pé,
sussurantes, insidiosas, por vezes, até mesmo sensuais. Tentam pasto,
insinuam-se, experimentam o “parece que…”, o “ouvi dizer…” e outras entradas
manhosas, até que consigam alimentar-se da irreflexão ou da ignorância.
A resposta dos
autarcas em funções, ao que aí vem, só pode fundar-se numa firme atitude ética:
1. Ter presente que
estão a servir a população do Concelho e não qualquer grupo de interesses;
2. Prosseguir o seu
trabalho e executar os compromissos que determinaram a sua eleição;
3. Estreitar a
proximidade aos eleitores, estar sempre disponível para abordar todos os
assuntos, informando e esclarecendo, conversando, debatendo e interpretando com
humildade democrática as opiniões, advertências, avisos, alertas e aspirações
dos munícipes ;
4. Rodear-se de
equipas de trabalho nas quais possam confiar ética e profissionalmente, que não
omitam, que não finjam, que não mintam, que não ocultem;
5. Escutar (e não
apenas ouvir) os trabalhadores municipais, que são quem está na primeira linha
da execução das políticas municipais e do contacto com os municípes, as
instituições, as empresas e todos aqueles que interagem com o Município;
Elas vêm aí, mas podem ser derrotadas.
Publicado na edição nº 12 do Notícias de Loures
segunda-feira, 6 de abril de 2015
LOURES EM CONGRESSO: A CIDADE DO ORIENTE.
Falta aqui uma cidade, e é tempo de a começar a construir. Não as ruas, os prédios, as infra estruturas e equipamentos, que esses, na sua maioria, já cá estão. O que faz sobretudo falta é promover ligações, complementaridades e especializações, melhorar a mobilidade interna, contribuir para um todo articulado e coerente, a nova Cidade do Oriente aqui à beira do Tejo e de Lisboa.
Na parte oriental do concelho de Loures que vai de Moscavide a Santa Iria de Azoia, passando pela Portela, Prior Velho, Sacavém, Camarate, Apelação, Unhos, Bobadela e São João da Talha, frente ao Tejo e à sua importante Reserva Natural, vivem mais de 130 mil pessoas numa apertada malha de 36 Km2, um continuo urbano só perturbado pelas muitas vias que a cruzam, criando alguns obstáculos à ligação entre localidades, mas com a vantagem de oferecer o mais denso e importante conjunto de eixos rodoviários do país (A1, Eixo Norte Sul, CRIL, IC2 e acessos à ponte Vasco da Gama), a que se juntam as linhas ferroviárias do Norte e suburbana, a linha vermelha do Metro e o Aeroporto da Portela.
Mas tão importante como a riqueza do território, as suas infraestruturas, o número de habitantes ou a proximidade à capital, é a sua marcada identidade. Terras de gente de trabalho, de tradição operária mas também com uma significativa presença de pequenos comerciantes e artífices, de funcionários públicos e empregados de serviços (agora maioritários). Terras de acolhimento de várias e sucessivas levas de migrações, do Alentejo e das Beiras nos anos 50 a 70, depois de África, e mais recentemente do Brasil e países do leste. Terras de quem para aqui veio em muitos casos fugido à fome, à opressão e violência, de gente que resistiu ao fascismo, se empenhou no 25 de Abril, e que não desiste de lutar por uma vida digna e por um futuro melhor.
Vem isto a propósito de Loures em Congresso onde, entre outras coisas, se irão discutir e definir estratégias para o futuro do concelho. Pois o que aqui se propõe é que para a parte oriental do concelho de Loures a estratégia de desenvolvimento e de futuro seja construir a cidade do Oriente. Estratégia em que o objectivo nada tem a ver com a obtenção dum qualquer estatuto administrativo, mas sim o de contribuir para melhorar a qualidade de vida nesta parte do concelho de Loures.
Estratégia a concretizar com medidas como qualificar o espaço publico, suprir insuficiências em equipamentos e serviços e de mobilidade, promover laços de proximidade, realçar os traços identitários, valorizar a diversidade, solidariedade e cooperação entre gentes e gerações. Medidas que olhem para a actual realidade não apenas como localidades próximas, mas como um todo cada vez mais integrado.
Medidas de desenvolvimento que não caiam na lamentável concessão, à empresas, de benefícios, incentivos, e outras "facilidades", que muitas vezes resultam apenas (quando resultam) num efeito temporário, com os "beduínos" que delas aproveitam passado algum tempo a levantar a tenda e ir parasitar para outro lado, deixando atrás um rasto de desemprego e desolação. Medidas de desenvolvimento que, ao contrário, se devem centrar na qualificação do território e das pessoas, tornando por essa via mais atractiva a decisão de aqui localizar empresas, serviços e projectos, de criar mais empregos mais perto dos locais onde vivemos.
Construir a nova cidade do Oriente, multipolar, não hierárquica, autónoma, atractiva e aberta ao exterior, não é um acto administrativo que se decreta num dia e entra em vigor no dia seguinte, nem algo que esteja apenas dependente do poder politico, da Câmara de Loures. É um objectivo que necessita de discussão alargada, dum amplo consenso, e do empenhamento de quem aqui vive e que aqui gostaria de viver ainda melhor. Que o Congresso em Loures, a decorrer até Junho, seja o local para esse debate, são os meus votos.
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