quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

OS VIVOS E OS MORTOS NA TOPONÍMIA DO CONCELHO DE LOURES.
(a propósito da nova avenida eng. Carlos Teixeira)

O precedente que podia ter sido invocado: a Avenida de Moscavide

O Engº Carlos Teixeira ainda não morreu (e Deus lhe dê muita saúde), ainda é Presidente da Câmara de Loures, mas o Executivo a que preside acaba de aprovar, apenas com os votos do PS, uma proposta para ser atribuído o seu nome a uma artéria de acesso ao novo Hospital Beatriz Angelo, em Loures.

A proposta conjunta dos vereadores da CDU e do PSD era que fosse atribuída a essa artéria o nome Avenida do Poder Local Democrático, proposta que os vereadores do PS não permitiram sequer que fosse discutida.

Já noutro local manifestei a minha discordância quanto a dar o nome do actual Presidente da Câmara a uma artéria, em primeiro lugar por Carlos Teixeira presidir ao órgão a que coube a deliberação.

Mas o que me traz agora a aqui falar nisto foi, na reunião em que tomaram a decisão, um vereador do PS ter argumentado em defesa da proposta, por ignorância ou má fé, ter sido também em vida de José Augusto Gouveia que foi atribuído o seu nome a uma praceta de Moscavide, o que é inteiramente falso, tal só aconteceu em 1999, 6 anos após a sua morte em 1993.

Houve no entanto em Loures um precedente de atribuição do nome dum Presidente da Câmara, vivo e em exercício, a uma artéria do concelho, que o vereador do PS podia ter invocado.

No tempo do fascismo, anos 60, o então Presidente da Câmara de Loures, Joaquim Dias de Sousa Ribeiro, também quis, e teve, o seu nome numa importante artéria do concelho de Loures, na anterior e actual Avenida de Moscavide.

Passado algum tempo o dito Ribeiro fez, alegadamente, um desfalque e fugiu com o dinheiro para parte incerta, tendo a Câmara de Loures ficado sem presidente uns tempos.

Depois de 25 de Abril o nome daquela artéria voltou de novo a Avenida de Moscavide.

Sobre este assunto ver mais informação no post do Bruno.

11 comentários:

  1. Isto só prova que de socialismo o PS nada tem. É só compadrios. O camarada Cunhal é que tinha razão.

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    1. Ainda faltam as Escadinhas Graça Teixeira, a Rotunda Joana Calçada, o Beco António Baldo, a Praça Maria Monserrat, a Azinhaga Gualdino e quiçá ainda, o Alameda da Família Teixeira.

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  2. O culto da personalidade, lamentavelmente, existe por muitos outros municípios neste nosso Portugal. Caso paradigmático é a Maia onde que o anterior presidente da Câmara, José Vieira de Carvalho, (que exerceu a função durante o fascismo, primeiro, mais tarde pelo CDS e depois pelo PSD até à sua morte) deu o seu próprio nome ao estádio da cidade e à praça central.

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  3. Isto é sintomático da certesa que Carlos Teixeira tem de que após a sua saída da Câmara de Loures, ninguém mais quereria ouvir falar dele. Portanto antes que isso aconteça trata de impor tal medida, só possível de ser realizada por essa via. É a prova da sua fraqueza, de caracter, de um presidente de uma autarquia que deveria em vez de estar preocupado com a sua missão está preocupado com o seu nome que ninguém mais lembrará. É também o complexo de inferioridade neste caso bem justificado pela sua real inferioridade.
    Abraços
    EB

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  4. Está a insinuar que alguém está na fila para o "galardão", ou seja,o sr presidente atual?

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  5. Caro Brites,
    Li e reli o post e não consigo alcançar o que será o "galardão" de que fala.

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  6. Estava mesmo a imaginar-se que tal proposta só seria aprovada pelo próprio e pelo seu grupo. Pergunta-se pois que interesse tem forçar uma coisa destas que não gera consenso evidentemente e, mais do que isso gera oposições várias, ridicularizações, anodotário justificado ?
    É um processo que revela visão estreita, elevação reduzida e um sentido de dignidade parecido com queijo suíço.
    Lamento francamente que o Presidente da minha Câmara Municipal se tenha sujeitado a isto, porque é quase certo que em primeira oportunidade o nome daquela avenida vai mudar para um nome mais consensual e menos oportunístico.

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  7. Relativamente ao último parágrafo do post de 5 de Janeiro de 2012, tenho o maior prazer em esclarecer o seu autor que "parte incerta" significa Rua Manuel Augusto Pacheco, nº 15 - 1º Esqº, na própria (então) vila de Loures. Esclareço também que, no tempo do fascismo, os Presidentes de Câmara, ao contrário do que hoje acontece, não tinham acesso à parte financeira. Aproveito para o felicitar pela forma clara como expõe as suas ideias. Como escritora, é algo que me agrada profundamente. Manuela Ribeiro

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  8. Agradeço o esclarecimento, mas como acho que saberá o que refiro no post foi o que correu à época, daí o alegadamente.

    O fascismo normalmente lavava este tipo de roupa suja em casa, e o pouco que se sabia era pelo ouvir dizer.

    Mas se não foi por ter feito um desfalque, qual foi então a razão para o afastamento de Joaquim Dias de Sousa Ribeiro de Presidente da Câmara de Loures em 1969?

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    1. O então Presidente da Câmara de Loures apresentou a sua demissão por incompatibilidades crescentes com o regime. Do mesmo modo escreveu uma (arrojada)carta a desligar-se da União Nacional, carta essa que, após o 25 de Abril foi uma vez publicada no jornal "Diário Popular". Manuela Ribeiro

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  9. Tive o prazer de conhecer o Dr. Joaquim Dias de Sousa Ribeiro, era um homem honrado. Uma pessoa em quem se podia confiar. Fascista ou não? Não importa, importa muito mais a honra e a Lealdade, recorodo-me dos tempo em que se chegava à Camara e se dizia que se queria falar com o presidente, e só se esperava uns minutos. Hoje se se conseguir falar vamos ter de esperar pelo menos uns anos. O Eng. Carlos Teixeira tem sempre a agenda muito cheia.

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