quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
A Grande Superfície Comercial
SEM agricultura nem pescas e com o tecido industrial a definhar a uma velocidade alucinante, fruto da recessão desencadeada pela austeridade, sob coação da troika (tudo pelo défice, nada contra o défice), Portugal está a transformar-se numa monstruosa superfície comercial, onde quase só se consomem importações, à medida do poder de compra de quem lá se afoita.
Desde a sua adesão à União Europeia, na sequência da qual foi imposta uma redução brutal daqueles sectores básicos da economia, e com uma maciça injeção de subsídios, que foram parar onde não deviam, ficámos reduzidos a actividades de subsistência, que o país, pouco ou nada produzindo, e com uma actividade económica limitada a serviços e distribuição, caminha a passos largos para a irrelevância.
Com uma economia incipiente, constituída por uma classe empresarial de meia tijela, trafulha e gananciosa, pouco habilitada, pouco dinâmica e inovadora, os trabalhadores portugueses, classificados, de um lado como fonte de receita, do outro como inimigo principal, continuam a tentar resistir à asfixia que o Estado e o patronato lhe tentam impor por todos os meios, seja com escandalosos impostos e taxas, ou com baixos salários e desemprego a condizer.
Tudo isto com a assinatura neoliberal dos governos que por cá têm passado, mandatários da ditadura dos mercados e monetaristas alucinados, apostados na financeirização da economia, e acreditando piamente que esta política de destruição do tecido económico e social, é o caminho mais curto para transformar o deserto em que nos estamos a tornar, numa futura terra de fartura e prosperidade. Digam lá quando e onde, onde?
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