quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Parece que o Povo não se empolgou com o apelo ao patriotismo, nem se rendeu ao charme do membro da CP do CC do PCP.


No post ISTO DAS ELEIÇÕES É COMO FAZER AMOR o Dédé dá conta do desencanto de apoiantes da candidatura de Francisco Lopes com os resultados das eleições do passado domingo, e do seu, deles, relativo consenso de que a “culpa” é do povo que terá votado contra os seus interesses.

De facto é frustrante ver que a única candidatura que nesta conjuntura de crise assumiu por inteiro as “dores do povo” e conduziu a mais séria, empenhada e combativa campanha eleitoral consegue apenas pouco mais de 300 mil votos, 3,1 % dos 9.622.547 inscritos ou 7,1% dos votos válidos.

Seria uma completa injustiça e falta de seriedade não reconhecer o muito bom desempenho de Francisco Lopes e o trabalho de todos os que contribuíram para a sua campanha; como de uma grande leviandade e autismo assacar o relativo desaire para as costas do “povo que temos”.

Como por aqui se referiu neste blog, a actual conjuntura de crise económica e social e o quadro dos outros concorrentes, propiciavam as condições para a apresentação duma candidatura com um apelo mais abrangente que, mesmo sem comprometer o essencial das linhas do manifesto e actuação da candidatura do PCP, tivesse sido mais efectiva na concretização dos seus objectivos, nomeadamente reforçar a voz dos trabalhadores em luta e alargar a expressão do descontentamento a outros sectores dos que estão a pagar a crise.

Apresentar neste tipo de batalha um importante mas relativamente desconhecido dirigente do PCP, não era certamente “a única alternativa”. Agora não há como voltar atrás, e é por isso completamente inconsequente cristalizar à volta de posições do tipo “eu é que tinha razão”, até porque nada garante que a emenda fosse melhor que o soneto; mas agora é o tempo certo para fazer a avaliação objectiva do que foi esta importante intervenção na vida política do país, nomeadamente das opções de fundo que ditaram a natureza da candidatura e condicionaram os seus resultados.

A justeza das orientações, neste como noutros casos, afere-se na pratica, não em função da autoridade de quem as decide e/ou defende, mas sim dos resultados alcançados. E a questão que nos devemos sempre colocar, em vez de procurar desculpas, é se teria sido possível ter feito melhor, não para atribuir medalhas ou dar raspanetes, mas para aprender com os acertos e as falhas, para fazer melhor no futuro. Na situação de debilidade das forças de esquerda, da difícil conjuntura e das lutas que se impõem, esta parece-me a atitude que, por todas as razões, cabe a cada um de nós.


Nota
A fotografia é dum comício da CDE nas “eleições” de 1969. Na CDE participavam o PCP e outros sectores de esquerda, mas não incluía o Dr. Mário Soares e outros caciques da ASP (que esteve na origem do PS) que concorreram como CEUD.

6 comentários:

  1. OK, OK, escusam de começar a mandar vir com o título do post que admito já que é um bocado provocatório. Intencionalmente, para vos pôr a ler “com as garras de fora” que é sempre a atitude certa para ir à luta.

    Acham que teriam começado a leitura com a mesma predisposição se o título fosse “SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS”?

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  2. Oh Brissos

    Francisco Lopes não era certamente a única alternativa, concordo. Mas era seguramente a melhor. Outra que fosse a emenda não seria melhor que o soneto.
    Publique-se.

    João Pedro

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  3. O povo já conhece muito bem o PCP, já não se deixa enganar com a demagogia tradicional do PCP.

    Este é o vosso eleitorado, bem esticado, não da mais, as pessoas que vos apoiam não esticam.

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  4. E o candidato do Anónimo? Foi grande o entusiasmo? E espectacular o resultado?

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  5. Foi! se fizermos a soma de todos os candidatos, que de certa forma tinham pessoas do PS.
    Já com vocês isso não se passa. Aquilo é o que dá, já não estica.

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  6. Todos? Ah pois, Cavaco, Alegre, Defensor e Nobre?

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