sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O PECADO DA DÍVIDA
Depois dos velhinhos pecados Venial e Mortal, a Merkozy criou agora este pecado Orçamental.
Já não bastavam os pecados veniais e mortais da nossa longínqua catequese, vamos passar agora a ter, nas bíblias laicas que são as Constituições, o pecado orçamental da Dívida, que tem em relação a todos os outros o malefício adicional de não ser para expiar depois de mortos, mas enquanto ainda andamos por este vale de lágrimas.
Este novo pecado, que outros cometeram, mas que nos obrigam a nós a pagar, é assim uma espécie de sublimação pós-moderna de alguns daqueles velhinhos pecados nossos conhecidos, como a inveja (que impele a gastar o que não se tem), a gula (que nos leva a espatifar os 60 cêntimos de apoio à família em cerveja e doces), o desejar a mulher do próximo (sempre mais cara que a mulher do próprio), a cobiça (do que vemos nas montras do centro comercial, quando as nossas posses só dão para a loja dos trezentos), ou o falso testemunho (das implausíveis promessas de algum dia pagar o que se deve).
Tal como o pecado Original também o pecado da Dívida toca a todos os que nasceram condenados a esta miséria cinzenta que é a vida de quem trabalha, e de que só ficam isentos os que vivem acima das nossas possibilidades, oportuna e providencialmente absolvidos por uma Bula que também temos de ser nós a pagar.
Agora digam-me lá se não vinha mesmo a calhar uma nova barca de Caronte, que levasse esta cambada exploradora e troikista de volta às profundezas do Inferno, donde jamais deviam ter saído.
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