quinta-feira, 3 de novembro de 2011

NÃO ESQUECER O VATICANO!
(Ou a minha metáfora pessoal para tentar não deixar de fora algum aspecto importante)


A polémica à volta dum artigo de opinião do Jorge Messias no Avante, será hoje pretexto para recordar aqui no blog um episódio antigo, revelador duma certa visão sobre a Igreja Católica e o Vaticano com raízes no velho anti clericalismo republicano, nessa época ainda com algum peso, mas que hoje já não é habitual encontrar por aí.

Mas antes da estorieta, real, um parêntesis para repetir o que já disse noutro local acerca da referida polémica:

"Conheço e sou amigo do Jorge Messias, com quem cheguei a trabalhar algum tempo já lá vão uns bons anos, e posso garantir-vos que não é um texto infeliz que faz do Messias o racista ou anti-semita que nunca foi.
A quem é que nunca aconteceu suscitar leituras que em nada correspondem à intenção do que escreveu?
Como homem dos jornais a sua honestidade e verticalidade, pelas quais pagou elevado preço, estão a milhas daquilo que é hoje a norma de oportunismo e subserviência de boa parte do pessoal que trabalha na comunicação social.
Um grande abraço, Messias."

Voltando ao tal episódio passa-se, já lá vão mais de 40 anos, nas ruas do Beato, encontro semi clandestino com um operário da Sociedade Nacional de Sabões.

Depois de ouvir calado e com toda a atenção, a informação que o jovem maçarico tentava transmitir o melhor que podia, o camarada, quadro calejado em muito anos de luta operária e anti fascista, cabelos grisalhos, voltou-se para mim e falou: Camarada estou de acordo com tudo o que disseste, mas esqueceste-te de falar duma coisa muito importante: O VATICANO.

E aí foi a vez dele de fazer os gastos da conversa, mais ou menos naqueles termos que o Jorge Messias usa às 5ªs feiras no Avante, acusando a nefasta influência da Igreja em todas as sociedades em que está presente, lembrando a total consonância entre Salazar e Cerejeira, e, no plano internacional, denunciando o papel tenebroso do Vaticano, Sede e cabeça da reação internacional.

Quanto ao conteúdo, embora sem negar a validade e importância de muito do que dizia, a argumentação do camarada não teve em mim grande efeito (talvez devido ao convívio regular com amigos e companheiros de luta ligados à Igreja), mas a essência da coisa, expressa naquela frase de abertura, e a convicção com que foi dita, ficaram para sempre.

Quando, na minha vida pessoal ou profissional, tenho de pensar num problema, escrever um relatório, fazer um plano, ou apenas postar aqui na bloga, antes de finalizar, faço uma pausa e, numa ultima tentativa de não deixar de fora algum aspeto importante, evoco a frase que para mim virou metáfora: NÃO ESQUECER O VATICANO!

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