ASSIM QUE que passam a fronteira, libertando-se do espaço aéreo português ou da zona económica exclusiva, os políticos portugueses de aviário, entusiasmam-se, ganham asas, entram em devaneio ou perdem as estribeiras. E a passagem do equador, vá-se lá saber porquê, exerce um fascínio muito especial sobre eles! Parece que ainda estou a ver o José Sócrates, numa qualquer cimeira sul-americana, a "vender" aos outros estadistas presentes, sorridentes e condescendentes, o famigerado "magalhães", o tal computador maravilha-tuta-e-meia, que até tinha software mal traduzido.
Ora
bem, agora coube a vez a Pedro Passos Coelho dar um ar da sua graça. Depois de
ter repetido (cá dentro) até à exaustão
que os acordos com a troika eram para cumprir escrupulosamente, sem
cedências nem renegociações (algumas vezes até ficou indignado com as
reticências que lhe colocavam), há dois dias atrás, assim que se viu fora de
portas, aturdido pela exuberância da XXI Cimeira Ibero-Americana que decorreu
no Paraguai (lá fora), entrou em altas rotações e fez uma pirueta acrobática.
Na conferência de imprensa do encerramento do evento, admitiu propor a
renegociação da dívida com a troika, para obter mais vantagens no programa de assistência económica e
financeira. Esqueceu-se de acrescentar, preto no branco, que o que pretende é
fazer jorrar mais dinheiro para as instituições bancárias, e garantir, à conta
disso, mais umas privatizações, mais uns quantos assaltos aos contribuintes e
outros tantos cortes e desvios nos seus deveres distribuitivos, como governo.
Só espero que no seu regresso à pátria, os jornalistas o confrontem - se para
isso tiverem coragem, engenho e arte - com as anteriores posições, o que
duvido.
E
por falar em José Sócrates, também longe do torrão pátrio, congeminando
filosóficamente em Paris, frente a um croissant e uma xícara de café, sobre a
herança que deixou por cá - que continua a fabricar muitas dezenas de milhares
de pobres e uns poucos de bilionários até 2050 - dizem os agentes infiltrados
que se tem desdobrado em contactos com alguns dos seus antigos apaniguados,
qual sniper firme, atento e certeiro, a aconselhar que o grupo
"para-lamentar" do PS [Partido (in)Seguro] vote a rejeição do
Orçamento de Estado para 2012, o que na actual conjuntura, tanto faz. O
diz-se-que-diz já foi desmentido pelo próprio, mas também já sabemos qual o
valor que se pode dar a um desmentido feito por um mentiroso compulsivo, que garantiu
nunca ter conhecido o professor Morais, com quem se relacionou no cambalacho da
Cova da Beira, e que até foi seu professor na Universidade Independente, a tal
que passava diplomas aos domingos. Ele que estude, estude, que bem precisa!
Sejam os Passos do Sócrates ou o Sócrates dos Passos, cada um no seu estilo, um mais educadinho, e outro nem por isso, que venha o diabo e escolha.
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