DEPOIS de todo o espectáculo mediático que, quotidianamente, os figurões iluminados da União Europeia, do G8 e do G20 nos têm proporcionado, a propósito da crise e do impasse que a Grécia atravessa, só nos faltava agora este golpe de teatro de Georgios Papandreou, à boa maneira da "ópera bufa". Entalado entre uma periclitante moção de confiança que será votada hoje e a suspensão das tranches de ajuda para se manter com a cabeça fora de água, fez uma viragem de 180 graus e declarou aos parceiros europeus que está disposto a desistir do referendo do plano de resgate, caso se concretize a formação de um governo de unidade nacional, coisa que garantidamente fará apenas com os conservadores, o que não é própriamente um governo de salvação nacional. Direi mais: imagino que a solução que vem a caminho tem mais a ver com um regime autoritário do que com uma democracia, pois na Europa até já se muda de governo sem plebiscitar programas nem recorrer a eleições.
O que ainda ontem
era proposto como uma saída, embora tardia e inconsistente, isto é, o referendo
de “sim” ou “não” à ajuda externa, no curto espaço de 24 horas, Papandreou, sem pestanejar, transformou-a
numa “solução catastrófica”, porque prevalecendo o “não” isso implicaria, quase
inevitávelmente, a convocação de eleições antecipadas, e o país não suportaria
tal encargo. Georgios Papandreou tem demonstrado ser muito mais um
experimentador de lances arriscados do que político, e a falta de estadistas,
sempre implicou a ausência de políticas sérias e verdadeiramente responsáveis,
compatíveis com os interesses dos países e dos povos. Aos gregos (e também aos
europeus) cabe uma tarefa colossal, enquanto se esgota o tempo e se estreitam
os caminhos: enfrentar as feras, tantos as que vivem lá dentro, como as que vêm
de fora.
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