«Com o OE 2012, o governo português está a copiar as piores políticas gregas. Repete que não somos a Grécia, mas acelera no seu encalço.
Repare-se que na Islândia, igualmente
sob uma intervenção agressiva do FMI, a mobilização popular não deixou que os
prejuízos privados passassem para o erário público. Não se salvaram bancos ou
seguradoras, renegociou-se a dívida, apostou-se no reforço da democracia e os
dirigentes do país responsáveis por políticas ruinosas estão a ser julgados.
Hoje vêem-se os resultados.
O problema é que a solução islandesa
aplicada a Portugal implicaria que o actual Presidente – com Sócrates, Santana,
Durão e Guterres – fosse julgado pelas decisões ruinosas que tomou. E com ele a
maioria dos que ainda hoje nos governam sentados à sombra do bloco central.
A solução islandesa aplicada a
Portugal implicaria a nacionalização da banca. As injecções de dinheiros
públicos deixariam de servir para acudir a loucuras, manter os lucros
extraordinários ou limpar prejuízos tóxicos. O Estado assumiria os custos e os
proveitos do que entendesse, em função do interesse público.
A solução islandesa aplicada a
Portugal implicaria uma apertada vigilância democrática que dificultaria a
dança de cadeiras entre cargos públicos e privados e não permitiria que um
banqueiro se sentasse à mesa do Conselho de Ministros que decide o Orçamento de
Estado.
Na Islândia o povo mobilizou-se para
resistir. Na Grécia o povo acordou mais tarde. E nós, chegaremos a tempo?»
Artigo
de opinião do arquitecto Tiago Mota Saraiva, com o mesmo título do post.
Meu comentário: De algum tempo a esta
parte, também tenho referido que nem todos os caminhos vão dar a Atenas, e que
não deve ser ignorada a lição de Reiquiavique, muito embora sejam escassas as
notícias do que lá se passa. Mas ninguém liga! Deve ser porque não sou
banqueiro, politólogo ou comentador desportivo…
Em contrapartida, o ministro Victor
Gaspar, ao não admitir renegociar a dívida portuguesa, está convicto que no fim
da linha deste brutal programa de austeridade - que só trás mais recessão,
desemprego e empobrecimento generalizado - havemos de regressar, com pompa e
circunstância, ao seio dos sacrossantos “mercados”.
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