segunda-feira, 18 de julho de 2011

GILBERTO LINDIM RAMOS
Amigo, vizinho, mestre e companheiro de lutas antigas.

Aqui, 3º a contar da direita, numa reunião da ID com a candidatura de Francisco Lopes.

Em menos duma semana três telefonemas de amigos sobre o Gilberto. O primeiro na 2ª feira de convite para um jantar de Homenagem no dia do seu 80º aniversário, 14 de Julho, depois na 4ª feira um telefonema a desmarcar o jantar pelo facto do aniversariante e homenageado ter sido hospitalizado de urgência. Na 5ª feira um amigo adiantou-me alguns pormenores sobre o estado do Gilberto que me deixaram um pouco menos preocupado, para ainda há pouco um novo telefonema me dar conta do triste desenlace. Fazendo minhas as palavras do Vítor Dias em O Tempo das Cerejas, a minha sentida homenagem:


Morreu ontem, aos 80 anos de idade acabados de perfazer, GILBERTO LINDIM RAMOS, economista e membro da Associação Intervenvenção Democática, com uma vida profunda e coerentemenete dedicada à resistência antifascista, à construção do Portugal de Abril e a ideais de transformação e progresso sociais.

Dele recordo não apenas e vivência directa de cerca de 40 anos de amizade e companheirismo em tantas e tão ásperas lutas mas sobretudo a sua escrupulosa seriedade intelectual, a sua serenidade determinada e combativa e o seu espírito ponderado que, em não poucas circunstâncias, pesou positivamente em muitas orientações, situações e decisões do movimento democrático.

E assim, por força das leis da vida, vão partindo tantos democratas consequentes que, caldeados e formados nas lutas já dos anos 50, serviram de referência ética, política e humana a muitos daqueles que, como eu, chegariam à intervenção cívica e política nos anos 60.

Gilberto Lindim Ramos seria certamente o último a querer saber disso para alguma coisa, mas quando vejo partir amigos e companheiros como ele a quem a liberdade e a democracia tanto devem, o que é que querem, lembro-me sempre destes homens e mulheres a quem o preconceito (ou o amiguismo) de sucessivos Presidentes da República nunca permitiu que, no 25 de Abril ou no 10 de Junho, o Estado lhes prestasse qualquer simbólico acto de reconhecimento, homenagem ou gratidão. Aqui deixo uma abraço de forte solidariedade à sua mulher e filhas e aos seus companheiros da ID. Adeus, Gilberto.

(O funeral realiza-se hoje, segunda-feira, às 11 hs, da capela mortuária da Igreja da Nossa Senhora da Saúde, Praça 5 de Outubro, em Sacavém, para o cemitério de Camarate)"

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