terça-feira, 5 de abril de 2011

PARA QUÊ UM ENTENDIMENTO PCP - BE?
Se for para substituir esta austeridade por outra mais fofa, ou patriótica, não contem comigo.


Como muitos dos passageiros a bombordo que partilham o sentimento da importância dum entendimento das esquerdas, tenho acompanhado com interesse e simpatia a actual discussão na blogosfera e comunicação social sobre as vantagens eleitorais duma aproximação PCP - BE. Mas a receptividade a este tipo de iniciativas não nos deve coibir, antes deve obrigar-nos, a tentar perceber para que querem que sirva, ou para que poderá servir, essa aproximação.

Falhada a campanha Alegre, alguns conhecidos quadros sociais democratas do BE decidiram apanhar a boleia das tendências que dentro do seu partido defendem um entendimento com o PCP, e a aspiração sempre presente entre a malta canhota à unidade da esquerda, para lançar na comunicação social e blogosfera, uma onda de fundo que visa convencer o eleitorado daquelas áreas das delícias de "usar a sua força em funções executivas".

Não acreditando os apoiantes da ideia na viabilidade, ou vantagem, duma coligação eleitoral, a ideia mais falada é a apresentação duma plataforma eleitoral mínima a subscrever pelo PCP, BE, e outras organizações e cidadãos, onde se apontassem as condições para o apoio à constituição pós eleições dum Governo de centro-esquerda liderado pelo PS.

Embora se apresente com o objectivo de credibilizar as propostas eleitorais dos partidos mais à esquerda, a consequência mais provável da iniciativa seria dar credibilidade a este desgastado PS nas eleições que se aproximam, apresentado-o como uma alternativa, um cavaleiro branco capaz de resgatar os trabalhadores e outras forças progressistas das garras do bloco neo liberal e conservador PSD - CDS. Isto sem qualquer compromisso do PS de aceitar toda ou parte dessa plataforma, ficando portanto com as mãos livres para depois das eleições adoptar as políticas e escolher os parceiros que lhe permitissem continuar a impor as desgraçadas medidas que forçam os trabalhadores a pagar uma Crise para que nada contribuíram.

Se é isto, dar um novo fôlego ao PS, que Louçã também defende, ou se é algo completamente diferente, é bom que o diga de modo que todos possamos entender. Já quanto ao PCP, apesar dos devaneios patrióticos, acho que nem a mente mais imaginativa estará a conceber que alguma vez iria aceitar umas hipotéticas funções executivas em troca da promoção da paz social, dispondo-se a ser usado como travão do actual processo de radicalização em curso (da classe operária tradicional à geração à rasca) que começa a colocar sérios problemas à continuação das políticas de austeridade, venham elas no futuro próximo do PS, do PSD, ou dos dois, (ou três para dar oportunidade ao Paulo de desta vez comprar um porta aviões).

Se na reunião da próxima 6ª feira, PCP e BE, em vez de se ocuparem a falar das fantasias eleitoralistas do mediático Oliveira, procurarem formas de entendimento e cooperação para que as eleições que aí vêm sejam mais uma oportunidade de chamar à luta todos os que, com maior ou menor consciência disso, têm como interesse vital a construção dum projecto de transformação que ponha a economia ao serviço das pessoas (e não da competitividade e do lucro) e exija que a democracia não seja, como agora, apenas um conjunto de práticas formais, sem conteúdo nem alcance prático na condução dos destinos colectivos; então o povo de esquerda, mais tarde ou mais cedo (mais cedo do que tarde, digo eu), agradecerá.

5 comentários:

  1. O vosso sectarismo é a outra face da vossa inconfessável adesão ao capitalismo.

    "Antes mortos do que vermelhos" assim diziam os fascistas e continuam a dizer. Com a cumplicidade de alguns que se dizem os ultra-radicais de esquerda.

    Eu é que digo, para apoiar a vossa seita, não contem comigo.

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  2. Rocha, este post foi escrito por mim, se tem alguma coisa a dizer aos "vocês" sugiro que vá bater a outra porta.

    Se acha, e tem todo o direito de pensar o que quiser, que o post é sectário, já que se deu ao trabalho de vir aqui escrever, podia ter dito porquê.

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  3. Realmente tanto o BE como o PCP demonstraram uma falta de estrutura e força na luta contra todas as medidas que o Governo anda a tomar.

    Isto vê-se com o pagamento da dívida... Tanto o PCP como o BE defendem uma renegociação. Mas renegociar a dívida é o mesmo que pagá-la (ainda que outros juros e prazos).

    E o problema é que a esquerda parlamentar (que domina os meios de comunicação em fase de eleições) apresenta-se aos cidadãos como as únicas alternativas à esquerda... Mas esta esquerda vazia de estratégia socio-económicas, que cede aos interesses dos grandes grupos financeiros, que não denuncia as péssimas politicas que estão a ser tomadas, e que procura os seus ideais no populismo... esta esquerda não é a solução.

    Reaproximei-me do MRPP exactamente porque é o único partido que disse claramente NÃO PAGAMOS e apresentou uma alternativa sensata e real.

    Gostava que os esquerdistas deixassem de ver a politica como o futebol e se apercebessem que tanto o BE como o PCP, são partidos que esquecem valores em troca de votos!!!

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  4. Não pagavamos eramos vendidos!

    O PCP foi um dos partidos,aliás o primeiro,a opor se a Salazar e à guerra colonial. Eles teem muitas alternativas,inclusive teem um blog cheio de ideias,que elas não lhe agradem é outra história.
    São a oposição agora,visto que o Seguro do PS é muito fraquinho,com tanta divisão ainda abrimos caminho a mais 4 anos de ditadura social democrática.
    A ganhar juízo senhores,todos teem direito à opinião portanto já me estou a adiantar a comentários futuros,não faltei ao respeito a ninguém e ninguém tem de faltar me a mim. Agora que estamos à 40 anos a bater na mesma tecla e não aprendemos vamos lá dar uma chance ao pequeno para ver que fara. Todos os argumentos que usou podem ser usados sobretudo contra os partidos que teem governado. Se me quiserem responder usem factos,senão da me a pensar que ficaram sem assunto.

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