
Também concordo que "É ao povo cubano que compete, soberanamente, tomar as decisões que considere mais adequadas para prosseguir a construção do socialismo". Só que, no que parece vir a ser uma significativa mudança do funcionamento da economia cubana, e que vai afectar diretamente e a curto prazo cerca de meio milhão de trabalhadores, a ideia com que ficamos é que o Povo não foi visto nem achado.
A procura de novas soluções que respondam aos problemas concretos duma sociedade é, em principio, um facto muito positivo, particularmente se tivermos em conta as dificuldades económicas que Cuba atravessa, e que o seu "modelo económico" seguia de perto aquele que deu com os burrinhos na água na URSS e noutros países do leste da europeu. Se no capitalismo encontramos regimes políticos e modelos económicos tão diferenciados, porque é que no socialismo terá de haver uma receita única?
Mas a questão central neste caso será o sentido das mudanças agora anunciadas. Cá pela nossa terra a mistura de actualização e política costuma ser funesta: actualização das taxas de IRS quer dizer pagarmos mais de impostos, actualização do calculo das reformas significa pensões mais baixas, e actualização da rede escolar acaba no encerramento de 700 escolas.
A "actualización del modelo económico" de que fala o comunicado da Central de Trabajadores de Cuba, terá, espera-se, um significado mais literal. Mas actualizar para que actualidade? Para a aplicação de alguns ditames da actual receita universal e hegemónica do neo liberalismo?
Espero sinceramente que a actualización agora anunciada pelo regime cubano vá no sentido do reforço da economia ao serviço do homem, ou seja na direção oposta à daqui do velho continente, onde todos os dias nos impõem actualizações que acentuam e agravam a submissão do homem à economia do hiper capitalismo dominante.
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