sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A EQUAÇÃO QUE CONTRIBUIU PARA O DESASTRE FINANCEIRO QUE VAI LEVAR DÉCADAS A PAGAR.


Em 2007, a compra e venda de derivativos no sistema financeiro internacional atingia o valor de um quatrilião de dólares por ano. Ou seja o equivalente a 10 vezes o valor total, ajustado à inflação, de toda a produção acumulada das indústrias de transformação, do mundo inteiro, durante o último século.

O negócio dos derivativos teve um papel central no desenvolvimento duma economia em expansão global, mas também contribuiu para a turbulência dos mercados, e para a crise de crédito que levou ao quase colapso do sistema bancário internacional e à depressão económica. E foi a equação de Black-Scholes, que abriu o mundo dos derivativos.

Foi o Santo Graal dos investidores. A equação fruto da imaginação dos economistas Fischer Black e Myron Scholes, oferece uma maneira pratica de estabelecer o preço dum contrato financeiro antes da sua data de execução, que é como comprar ou vender uma aposta num cavalo a meio da corrida.

Isto abriu um novo mundo de investimentos cada vez mais complexos, florescendo numa gigantesca indústria financeira mundial. Mas quando o mercado de hipotecas do sub-prime azedou, a equação maravilha dos mercados financeiros tornou-se um buraco negro, sugando dinheiro para fora do universo num fluxo interminável.


Quem quer que tenha acompanhado o desenrolar da Crise compreende que a economia real das empresas está refém destes complicados instrumentos financeiros que não são dinheiro ou bens. São investimentos em investimentos, ou apostas sobre apostas.

O estudo de sistemas mostra que a falta de fiabilidade é comum em modelos económicos, principalmente por causa das suas inevitáveis simplificações. Por outro lado a facilidade em transferir milhares de milhões com o clique dum rato pode proporcionar lucros cada vez mais rápidos, mas também faz com que os choques se propaguem ainda mais depressa.

É então aquela equação a culpada pela Crise financeira? Sim e não. Black-Scholes deu o seu contributo para o desastre, mas foi apenas mais um ingrediente dum cozinhado rico em irresponsabilidade financeira, inépcia política, incentivos perversos e falta de regulação, que vai levar muitos anos a pagar.


(Baseado neste artigo do Guardian: The mathematical equation that caused the banks to crash)

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