EU ESTAVA convencido que, primeiro que tudo, era necessário ter um emprego, e só depois se poderia pensar na respectiva carreira, mas não. O governo decidiu inverter as prioridades, e para isso vai "transformar" 1.000 técnicos de emprego, e mais 150 dirigentes do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em gestores de carreira dos desempregados, para os ajudar, com uma acção de maior proximidade, a regressar mais rápidamente ao mercado de trabalho. Ora o que o governo parece esquecer é que não se pode fazer uma pessoa regressar ao mercado de trabalho, numa altura em que as prateleiras desse mercado estão cada vez mais vazias de oportunidades. Em menos de um ano, e a propósito de desemprego, passamos da cosmética e demagogia socratina, à cosmética e demagogia coelhal.
Arranjar emprego para um milhão de desempregados (sem contar com os que entretanto vêm engrossar este número), à média de 3.000 mil colocações por mês (estimativa avançada pelo Governo), é objectivo que, feitas as contas por alto, irá levar à volta de 27 anos a concretizar. Nalguns casos, é de prever que o regresso à vida activa, senão mesmo o primeiro emprego, acabe por coincidir com a idade de passar à situação de reforma, isto caso as reformas não tenham sido banidas por qualquer "troika" que ainda ande por cá.
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