NA TOMADA de posse do seu segundo mandato, Cavaco Silva disse aquilo que já devia ter dito há mais tempo, quando o caldo começou a azedar, para que não chegássemos onde agora estamos. Ontem, esqueceu-se de que passaram cinco anos sobre a sua “cooperação estratégica” com os governos do engenheiro incompleto, o que o coloca na situação de co-responsável com a situação de emergência económica, financeira e social a que chegámos. Disse que há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos, não gaguejou, mas esqueceu-se que todos aqueles sacrifícios foram ratificados com a sua assinatura. Puxou pelos galões e fez um discurso violento, desancando no governo, criticando a política dos compadrios e dos boys, do uso e abuso do espectáculo mediático e das realidades virtuais, sem que durante os últimos cinco anos tivesse questionado tais práticas, quando o regabofe andava (e ainda anda) à rédea solta. Sócrates e o "seu" PS amuaram, indignaram-se, e acabaram a agarrar-se ao "pau para toda a obra" da crise internacional. Já perceberam que não há almoços grátis, e que a partir de agora é sempre para baixo, até baterem no fundo.
Entretanto, passando por cima de Passos Coelho, Cavaco deu orientações para uma futura política económica e traçou as linhas mestras de um futuro governo de direita. À direita não restava outra coisa senão bater palmas efusivamente, pois sabem que o PS tem os dias contados, e não está longe de se concretizar, finalmente, a “santíssima trindade” imaginada por Francisco Sá Carneiro em 1980: um Presidente, um Governo e uma Maioria.
Finalmente, e sem gaguejar, Cavaco pediu para que os portugueses despertassem da letargia e que os jovens fizessem ouvir a sua voz. Apelou à indignação e ao sobressalto cívico. Só faltou pedir, como quem não quer a coisa, claro está, para trazerem o pão, o queijo e o vinho, e também o PSD e o CDS-PP para formarem governo.
Só faltou lembrar o mais importante, que o caminho que nos trouxe a esta situação já vem dos 10 anos em que foi 1º ministro, e que os PECs que aí estão a atirar-nos ainda mais para o fundo tiveram todo o seu apoio.
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