sexta-feira, 4 de março de 2011

"FILM SOCIALISME", DE GODARD
Sábado na Culturgest, em Abril na Cinemateca.


Para já, e como diria o Lauro, let's look at the trailer. Na Cinemateca FILM SOCIALISME está incluído no Ciclo ELOGIO A GODARD que se inicia hoje com DEUX DE LA VAGUE.

"O que é feito de Godard? Podia ser – ou é – a pergunta subjacente a este Ciclo. Não no seu sentido mais imediato porque, embora ele já não “apareça” tanto como “apareceu” noutras épocas em que possuía um apelo mediático de pedir meças a uma “pop star”, e já não faça filmes ao ritmo com que no passado os fez, quem quer saber “o que é feito de Godard” também sabe como há-de fazer para o saber. Mas noutro sentido: o que é que, nos nossos tão dispersos e acelerados dias, se faz de Godard e se faz com Godard? Há poucas décadas atrás era claro que o mundo precisava do ci nema e que o cinema precisava de Godard. Hoje, quando deixou de ser evidente que o cinema seja uma necessidade para o mundo, o passo para o si logismo é mais problemático – como se viu, muito recentemente, na forma violenta como o seu último filme (FILM SOCIALISME), foi enxotado pela imprensa generalista internacional e praticamente apenas defendido pelos nichos da “crítica especializada”. A linguagem da “cultura de massas”, sufocante e agressiva, não tem absolutamente nada a ver com o cinema que Godard pratica e representa. Pior (ou consoante a perspectiva, melhor), é exactamente dessa incompatibilidade que os filmes de Godard falam. Agora e há muitos anos.

Também por isto, a estreia em Portugal de FILM SOCIALISME (que veremos, na Cinemateca, em Abril) era uma oportunidade irresistível para voltarmos, com alguma profundidade e extensão, ao cinema de Godard. A Cinemateca já lhe dedicou duas retrospectivas, a primeira em 1985, e a segunda catorze anos depois, numa espécie de actualização (1985-99) – para além se tratar de uma presença regular, se não mesmo mensal, na nossa programação. Agora, a propósito de FILM SOCIALISME, não nos concentrámos em ne nhum período especial da obra de Godard, antes resolvemos propor uma viagem, variada no tempo e nas épocas, por momentos capitais dessa obra, juntando títulos lendários e muito vistos (À BOUT DE SOUFFLE ou PIERROT LE FOU) a outros de muito mais intermitente visibilidade como alguns filmes dos anos 70 (LE GAI SAVOIR ou COMMENT ÇA VA, que na Cinemateca não são vistos desde o Ciclo de 1985) e décadas posteriores (ALLEMAGNE NEUF ZÉRO ou trabalhos em vídeo como LES ENFANTS JOUENT À LA RUSSIE, que por aqui não passam desde o Ciclo de 1999). Abrimos, da me lhor maneira, com um “bónus” que nos foi proposto pela distribuidora portuguesa de FILM SOCIALISME, a Midas Filmes: a ante-estreia de DEUX DE LA VAGUE, documentário sobre Godard e Truffaut realizado por Emmanuel Laurent e escrito por Antoine de Baecque. A seguir, mergulhamos nas ondas de uma obra que se confunde, como provavelmente mais nenhuma, com o cinema e com o mundo dos últimos cinquenta anos – como Godard disse, “une seule histoire”."

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