terça-feira, 10 de maio de 2011

Programas de Governo

O EXERCÍCIO do poder, mesmo que consentido pelo voto popular, não é um poder arbitrário e caprichoso, e as maiorias, mesmo que absolutas, não significam poder absoluto. Em última instância, o exercício do poder tem que se subordinar aos compromissos estabelecidos com o eleitorado, através de uma espécie de contrato que, habitualmente, se consubstancia num programa de governação, o mais detalhado e rigoroso possível, coisa que entre nós tem valor relativo, pois, habitualmente, ninguém cumpre o que promete. Salvo raras excepções, até agora, os programas não têm passado de meros exercícios de retórica, pois a prática política raramente respeita ou coincide com as intenções formuladas, e os políticos deviam ser penalizados por isso. Ora neste momento, com excepção do PCP e do BE, os partidos PS, PSD e CDS-PP, têm todos os três - embora o neguem - o mesmo programa de governo, isto é, o acordo aceite e subscrito com a “troika” FMI-UE-BCE. E não vale a pena tentarem arredondar as promessas, contornar as evidências, arvorarem-se em patriotas de gema, tentando convencer-nos que a situação não é exactamente essa, porque a realidade está bem à vista, isto é, já não somos senhores do nosso destino, e temos as mesmas prerrogativas que um qualquer protectorado de meia tigela. Este não é o melhor caminho, e por este andar dificilmente o encontraremos. Os exemplos dos outros para alguma coisa deveriam servir. Basta deitar uma olhadela para o que se está a passar com a Grécia e com a Irlanda.

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