Julgo ser pacífico
que nos nossos dias os Municípios portugueses, precisam escolher um rumo
estratégico para as suas políticas, tendo em vista estarem em condições de
corresponder às necessidades dos seus munícipes.
Impulsionar economicamente
a sua esfera territorial, com a tão necessária geração de emprego, investir na
cultura, na educação, no ambiente ou em quaisquer outros domínios, requer
meios, que escasseiam, e hoje, mais do que nunca, estando como estamos, numa
camisa de forças austeritária, sob o alto patrocínio de um incontável governo
subserviente.
Se uns conseguem
definir o seu caminho com “naturalidade”, porque ou têm praias, ou têm floresta,
ou têm quaisquer outros factores estruturais distintivos que “naturalmente” podem
potenciar, muitos há que precisam reflectir, interpretar o contexto, definir
com clareza objectivos de médio e longo prazo e estabelecer um rumo para lá
chegar.
Queiram ou não, estão
em concorrência com os demais, pelo desenvolvimento económico, pelo emprego,
pelo investimento (não necessariamente externo, mas também), por fundos
europeus, pela capacidade de proporcionarem acrescidas condições de vida e
bem-estar às suas populações. Os Municípios ineptos, incompetentes ou
retardados a iniciar a marcha, ficam inevitavelmente a perder.
O Município de Loures,
apesar da sua localização geográfica, junto à capital do país, teve de dedicar
décadas a recuperar do atraso estrutural em que o fascismo o deixou. Teve de se
adaptar rapidamente nas décadas de 80 e 90 a um crescimento impulsivo e
irreflectido da Área Metropolitana de Lisboa de que foram pedra de toque a
Ponte Vasco da Gama, a EXPO-98 e todo o conjunto de vias que tiveram um
substancial impacto no território e ainda o PER, que condicionaram fortemente
as direcções do investimento municipal.
Espantosamente, o
novo século, acabou por determinar, uma nova fase, mas de paralisia e anomia,
ausência de ideias e ambições colectivas (que as pessoais e particulares não
faltaram), de projecto ou de rumo. O período 2001-2013, por todas as suas
circunstâncias, que deveria ter sido o período de lançamento das bases de um
desígnio municipal, para a sustentabilidade e progresso da nossa comunidade,
foi um tempo de desorientação e desgoverno.
É por isso que, agora,
não se pode continuar a atrasar o indispensável.
É certo que é
incontornável recuperar a credibilidade da Câmara Municipal, é verdade que é
preciso pagar as dívidas que o anterior executivo deixou, é evidente que é
urgente pôr a máquina municipal a funcionar para os munícipes e não para si
própria, é claro que se está obrigado a ponderar muito cautelosamente todos os
investimentos, obras e iniciativas, mas parece-nos que estabelecer rumo e
objectivos será a melhor forma de assegurar que as iniciativas, obras e
investimentos, mas também a reconfiguração da estrutura municipal e a
credibilidade municipal, se conjuguem já num sentido certo e seguro. Isso há-de
facilitar a missão e aligeirar a tarefa. Correr em todas as direcções, sob o
pesado manto da incerteza, afigura-se-nos pior, mais trabalhosa e menos rendosa
opção…
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