EM
ENTREVISTA dada à SIC, bem conduzida durante 41 minutos por José Gomes
Ferreira, e recheada de perguntas pertinentes e oportunas, para não dizer
incómodas, o ministro das Finanças Victor Gaspar deu algumas respostas ambíguas
ou pouco convincentes. Vejamos um exemplo:
«(...)
José
Gomes Ferreira - O que muita gente está a perguntar é porque razão não existe o
mesmo tratamento para rendimentos de empresas, rendimentos de aplicações
financeiras, sobre quem tem posses e detém este tipo de activos, para que participassem
também no esforço colectivo, e isto não aconteceu. Não seria melhor ter ido por
aí?
Victor
Gaspar - Repare, nós sempre escolhemos no quadro da aplicação deste programa,
usar o sistema fiscal português, tal qual ele existe, isto é, considerar como
indicador de capacidade contributiva, o rendimento reflectido nos contribuintes
passíveis de IRS. Esta forma de proceder causa a menor perturbação possível
sobre o funcionamento do nosso sistema fiscal. Não me parece que seja avisado
procurar alterar fundamentalmente o sistema fiscal, por razões que têm a ver
com medidas de recurso que têm que ser tomadas sob pressão de tempo.
(...)»
Meu comentário - Depois de ter sido dito
que pôr as grandes fortunas a pagar imposto, era uma forma de convidar os capitais
a emigrarem, agora há uma nova explicação. Na óptica do ministro, o tempo para
actuar é muito curto, e arranjar maneira de tributar os ricos iria
"perturbar o funcionamento" da máquina fiscal. Portanto, todos os
contribuintes, excepto os ricos - e também porque já vão estando habituados - é
que devem pagar a crise.
Sem comentários:
Enviar um comentário