quinta-feira, 10 de maio de 2012

QUANTO VÃO DURAR OS 15 MINUTOS DE FAMA DO SYRIZA?


Para já, e como se aponta no Aspirina B, tivemos Os três dias de Tsipras, que, se tudo lhe continuar a correr de feição, poderão prolongar-se por mais umas semanas e levar o Syriza para uma posição central dum novo Governo da Grécia.

Como desafia o Pais do Burro em Descubram a irresponsabilidade, encontrem o extremismo, não se vislumbra por aqui nada que gente bem pensante e de reconhecidas  virtudes morais não possa subscrever:

"1) A necessidade de cancelar imediatamente a elaboração das medidas do memorando e especialmente das leis vergonhosas que cortam os salários e pensões ainda mais. 

2) O cancelamento das leis que acabam com direitos laborais fundamentais e especialmente da lei que define que, imediatamente, em 15 de Maio, acabam as disposições dos contratos coletivos e os próprios contratos coletivos. 

3) A promoção de mudanças imediatas no sistema político para o aprofundamento da democracia e da justiça social, começando pela alteração da lei eleitoral, o estabelecimento da proporcionalidade plena e o cancelamento da lei da responsabilidade dos ministros. 

4) O controlo público sobre o sistema financeiro, que hoje, apesar do facto de ter recebido aproximadamente 200 mil milhões de euros em dinheiro e garantias, está ainda nas mãos dos gestores que o levaram à falência. Pedimos a publicação do Relatório Black Rock. Queremos transformar os bancos numa ferramenta para o desenvolvimento da economia e o reforço das pequenas e médias empresas. 

5) Por último, mas não menos importante, um quinto ponto de diálogo: a criação de um Comité de Auditoria Pública, que irá investigar a dívida opressora; uma moratória do pagamento da dívida e a defesa de uma solução europeia justa e sustentável."

O problema é que a situação a que a Grécia chegou, a que chegámos, não vai lá com medidas tão simpáticas e indolores. Pela minha parte também me agradaria que as forças que estão a conduzir a maior ofensiva anti trabalhadores de que há memória,  assistissem sentadas à concretização daquele rol de boas intenções, mas infelizmente a realidade não deve estar para aí virada, e um Governo na Grécia norteado por aquelas ilusões, não iria seguramente muito longe.

Uma saída da Crise favorável aos trabalhadores, por muito que isso nos custe, vai exigir sangue, suor e lágrimas: vai exigir não só medidas muito mais eficazes e difíceis, e que não podem ficar pela anulação dos efeitos da Crise como as dos 5 pontos do Syriza; mas sobretudo de forças empenhadas numa mudança efetiva, o que não se vislumbra numa coligação de forças de centro esquerda social democrata.

Embora do ponto de vista tático a recusa de princípio do KKE, ao convite do SYRIZA para integrar uma coligação de esquerda, tenha sido um tiro no pé que o deixa muito mal posicionado para a campanha eleitoral que já se iniciou, parece-me, como lemos em O Castendo, não haver duvida de que o KKE tem uma melhor compreensão da situação quando diz:

"Estamos a mover-nos para uma fase transicional onde haverá uma tentativa de criar um novo cenário político com novas formações, novas figuras com uma orientação de centro-direita ou baseada numa nova social-democracia que terá o SYRIZA como núcleo, destinada a impedir a ascensão do radicalismo do povo que levaria as coisas rumo a um verdadeiro derrube [da reação] em favor do povo (...) destinada precisamente a impedir a criação de uma maioria que lute pela mudança."

1 comentário:

  1. Segundo o Guardian o Syriza enviou uma nova carta
    às autoridades europeias sobre os termos do resgate grego.

    Mas em vez duma rejeição liminar do acordo, conforme declarações na noite das eleições, Tsipras já fala em "repensar o contexto de toda a estratégia existente." http://bit.ly/IMy3Av

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