terça-feira, 13 de agosto de 2013
UM AMOR ÍMPAR
(Em jeito de homenagem a Lydia Davies, mestre do conto curto).
A Joana e o João foram feitos um para o outro, casaram-se, tiveram duas criancinhas e viveram muito felizes até chegar o tempo de serem mais infelizes do que felizes, infelicidade que para o João acabou quando foi viver com a Paula, e a Joana passou a ser, não a actual, mas a ex ou a 1ª esposa do João.
A Paula e o João, não tiveram filhos, não foram tão felizes como a Paula e o João esperavam ser, até ao dia em que a Paula resolveu ir ser mais feliz para outro lado, deixando o João de rastos por a Paula lhe fazer a ele o que ele tinha feito à Joana.
Depois, nem ela sabe explicar bem porquê, os filhos e tal, a Joana aceitou o João de volta, o que fez da Joana não só a 1ª como também a 3ª mulher do João, embora menos tempo do que tinha sido a 1ª porque entretanto, desta vez em conjunto, sem disputas nem guerras, o João e a Joana decidiram separar os trapinhos.
Acontece que então foi o João a ficar infeliz para caraças, mas para dizer a verdade não por muito tempo, há sempre uma Maria disposta a preencher estes vazios de solidão masculina e, enquanto durou, lá foram os dois, a Maria e o João, felizes, ou infelizes, nem eles próprios sabem dizer bem o quê.
Agora o João ficou outra vez sozinho e a Joana, mesmo sem a desculpa dos filhos, que entretanto cresceram e já saíram de casa, está seriamente a considerar dar uma nova oportunidade ao João, o que, a concretizar-se, fará da Joana a 1ª, 3ª e 5ª mulher da vida do João: um amor verdadeiramente ímpar.
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