sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

ESTE BE JÁ NÃO É O QUE ERA


Bastou uma pequena aproximação ao Poder, para logo o BE começar a mudar o discurso e, mais grave ainda, a própria visão do mundo.

Sim, a que propósito um cartaz com um branquelas, quando todos sabemos que Jesus era negro, e muito provavelmente mulher?

Além disso onde o BE vê apenas um casal convencional (os dois pais), o que existiu de facto foi uma família precursora dos tempos modernos: um filho, uma mãe (ausente do cartaz, outra descriminação), e três pais: um homem, uma divindade, e uma pomba (descriminação de espécie e de género).

Em vez da bisonha família nuclear de que nos fala o cartaz do BE, o que nos conta a história é a vida duma jubilante relação pan-poli-amorosa.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

ATIRADOS AO RIO


Com uma Comunicação Social que basicamente é um ramo da Industria de Entretenimento, e em que uma das suas mais profícuas actividades é o espectáculo da desgraça, já (quase) nada nos pode admirar.

Uma mãe em estado de hipotermia, uma criança morta e outra desaparecida, era de facto uma tragédia em que os abutres dos Mass Mérdia não podiam deixar de chafurdar.

Com base em alguns factos e poucos indícios, vão-se construindo as mais desencontradas e destrambelhadas narrativas, que ora põem as culpas na mãe ora as atiram para cima do pai, este último prestando-se inclusive a dar a sua contribuição voluntária para o circo mediático montado à volta do caso.

Hoje, mais uma vez sem quaisquer provas, a versão, que leio no jornal e que ouço na TV, é que as duas crianças foram "atiradas ao rio", o que faz nascer em mim o incontornável desejo de ver todos os que nos Mass Mérdia têm alimentado este repugnante folhetim, serem eles próprios, sem apelo nem agravo, profilacticamente ATIRADOS AO RIO.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

E NÓS RALADÍSSIMOS COM O DÉFICE ESTRUTURAL


É que nem se fala noutra coisa aqui pelo bairro.

Um tipo entra no café do Sr Amadeu e a primeira coisa que lhe perguntam é como vai o seu défice estrutural, à porta da EB1/JI as mães e as avós dividem-se sobre qual a melhor maneira de limpar o pó ao défice estrutural, e até o dono do restaurante chinês me veio perguntar o que achava de passar a incluir na ementa um prato de porco com amêndoas à défice estrutural.

No entanto, e para falar verdade, tenho de admitir que sem estas cenas dos défices estruturais, dos saldos primários e do efeito induzido da TSU, o panorama cultural deste bairro seria uma autentica pasmaceira.

Enfim, o estimado leitor deve ter uma ideia do que estou a falar, tipos pessoal que só anda em transportes públicos, e com quem não se consegue ter uma conversa com a devida elevação técnico intelectual.

Gentinha que, se não tiver os estímulos certos, só fala de tretas como a miséria que ganham a trabalhar que nem uns mouros, do tempo que esperam por uma consulta com o médico de família que não têm, do preço do bilhete da Barraqueiro para ir ao Centro de desEmprego a Loures ou da reforma de miséria que acaba sempre antes do dia 15.

E aí eu pergunto: como estaria o nível intelectual deste bairro, sem o contributo inestimável destas questões técnico eruditas com que os Mass Mérdia nos vão brindando diariamente?