sexta-feira, 4 de abril de 2014

SMAS DE LOURES: OU FOI ASSIM, OU SUSANA AMADOR TEVE UMA EPIFANIA
A propósito do fim do processo de privatização das águas e resíduos sólidos em Odivelas.


Depois de aprovada em reunião de Câmara, a Assembleia Municipal de Odivelas, a 7 de Fevereiro de 2013, decide a denúncia do acordo com os SMAS de Loures e a Concessão a privados dos Serviços de Água e Resíduos Sólidos do concelho de Odivelas, avançando de seguida para o lançamento do Concurso Publico para entregar a privados, durante 30 anos, os serviços assegurados pelos SMAS de Loures.

Claro que o PS Loures se manifestou contra e Carlos Teixeira, a exemplo do que aconteceu aquando da anexação do Parque das Nações por Lisboa, esbracejou também um pouco. Mas tal como o seu lugar na cadeia alimentar do PS o inibiu de enfrentar um peso pesado como António Costa, também no caso dos SMAS de Loures teve de mais uma vez se vergar a decisões superiores, no caso de Susana Amador, Presidente da Câmara de Odivelas, membro do Secretariado Nacional do PS e adjunta de Seguro.

A João Nunes caberia, no caso de ter assegurado a continuação do PS à frente da Câmara de Loures, desempenhar, sob a égide de Susana Amador, o papel de coveiro dos SMAS, com a eventual e provável entrega aos privados do que restasse após a saída de Odivelas.

Só que com a vitória da CDU em Setembro de 2013, o arranjinho ficou de pantanas. Como é óbvio a decisão unilateral de separar os serviços de águas e resíduos sólidos de Odivelas só teria condições de se concretizar sem problemas se contasse com a conivência da Câmara de Loures, e isso era algo que estava completamente fora de questão com Bernardino Soares à frente do município.

Para além da oposição que a separação de Odivelas iria continuar a encontrar por parte da CDU e dos trabalhadores dos SMAS de Loures, pior seriam as dificuldades praticas decorrentes do divórcio litigioso, a inevitável ida para os tribunais, os prováveis e sucessivos recursos para instâncias superiores, o que, tudo somado, podia fazer arrastar o folhetim por longos anos, com pesadas consequências para o processo de privatização que se arriscaria mesmo a ficar sem privatizantes interessados em meter-se em tal imbróglio.

Assim, quando Benardino Soares avança para a negociação com Odivelas, Susana Amador deve ter percebido que, não só estava metida numa camisa de onze varas, como tinha pela frente alguém experiente e genuinamente disposto a negociar, o que não lhe deixava sequer margem de manobra para fingir que sim mas que talvez, e no momento oportuno romper as negociações e atirar com as culpas para cima de Loures e da CDU.

O que terá levado Susana Amador a dar uma reviravolta de 180º, desfazer a decisão de privatizar que já estava tomada, e acordar com Bernardino Soares manter o SMAS que adoptará a forma de serviços multi municipalizados de Loures e Odivelas, só ela poderá dizer, mas cá para mim, ou foi mais ou menos como aqui tentei explicar, ou na estrada do Largo do Rato para Odivelas, talvez ali na Calçada de Carriche onde o burro ultrapassou o Ferrari, Susana Amador terá experienciado uma sublime Epifania que a levou a renegar sem hesitação a sua anterior opção privatizadora, e a converter-se docemente aos benefícios do até aí exprobrado Serviço Publico.

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