Claro que aos políticos, até pela sua qualidade de representantes dos cidadãos, cabem responsabilidades especiais, e cada acto de corrupção dum politico, e de quem o corrompe, deve ser objecto de severa condenação ética e/ou criminal. E não são apenas os casos de corrupção em troca de qualquer coisa, é também uma outra miríade de situações, como por exemplo os casos de ministros que pelos milhões que deram a ganhar a uma empresa, ou pela informação de que dispõem ou pelas portas que podem abrir e influências que conseguem mover, vão depois de sair do governo para empregos milionários nas empresas beneficiadas.
Mas toda esta corrupção à volta da politica, não é como às vezes se diz um cancro, uma anomalia social, esta corrupção é parte integrante do sistema em que vivemos, é mesmo uma das suas característica marcantes, como se pode constatar pelos casos que, por todo o mundo, são diariamente denunciados, a ponta do enorme e invisível iceberg da corrupção.
Discutir a corrupção, sem apontar os seus maiores beneficiários e escondendo o seu carácter sistémico, é ingenuidade duns, os que estão neste debate de boa fé mas pouco informados, e desonestidade doutros, os que ao centrarem as acusações apenas nos políticos mais não pretendem do que substituir os corruptos dos outros pelos seus próprios corruptos, e ao mesmo tempo manter na sombra os principais beneficiários da corrupção, os grandes interesses económicos.
Em Portugal, num dos muitos exemplos que se pode dar sobre a grande facilitadora da corrupção, a promiscuidade entre os mundos da politica e dos negócios, cerca de metade dos que, desde o 25 de Novembro, passaram pelos governos do PS, PSD e CDS, foram empregados, ou tiveram ligações à Banca. Mais palavras para quê.
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