Quadro 1
Não sei se isso também acontece ao estimado leitor mas, por vezes, quando olho para os números duma sondagem não consigo deixar de me interrogar: como é possível? Depois de tudo o que ouvimos na rua, depois das Manifs de 15 de Setembro como é possível que o PSD tenha ainda o apoio de 24% dos portugueses? E a resposta afinal é simples: não tem, agora nem sequer chega aos 10%.
As sondagens tentam prever qual será o resultado duma eleição e, umas vezes melhor outras pior, lá se vão aproximando. O problema maior são as outras ilações que, erradamente, vemos serem tiradas das sondagens, o que em parte decorre da forma como as sondagens são apresentadas.
De acordo com a Ficha Tecnica da sondagem da Católica efectuada de 15 a 17 de Setembro deste ano, dos 1132 inquiridos apenas 9,6% disseram que votariam no PSD e, um pouco mais, 12,4% no PS. Longe, muito longe dos 24% e 31%, como os resultados são apresentados. No quadro seguinte temos as percentagens reais de cada um dos partidos:
Quadro 2
Assim apenas 12,4 % deram o seu "voto" aos partidos da coligação do Governo, e 24,8 % aos partidos que apoiam o programa da troika: PS, PSD e CDS. O que desmente o tão apregoado consenso nacional e a mui enaltecida extrema paciência do povo português.
Mas para além da forma como os dados são apresentados nos sugerir uma imagem bem diferente da realidade, pode também distorcer certos tipos de análise dos resultados. Por exemplo na apresentação da sondagem da Católica de Setembro diz-se que o PSD, entre Maio e Setembro, desceu 12%, que o PS desceu 2%, e que os outros partidos subiram, uns mais outros menos. Será mesmo assim?
Se, tal como fizemos para os dados da sondagem de Setembro, olharmos para os dados da sondagem da Católica de Maio, vemos que nessa altura foram as seguinte as percentagens obtidas por cada um dos partidos:
Quadro 3
Agora, com base nos dados dos Quadros 2 e 3, ou seja nas respostas dadas para cada um dos partidos em Maio e Setembro de 2012, é fácil calcular a evolução verificada nesse período:
Quadro 4
Surpreendido? Também eu que não fazia ideia que os valores fossem tão expressivos. Em 5 meses, entre Maio e Setembro, em vez dos 12% anunciados (ver Quadro 1) o PSD perdeu 45% do apoio; o PS, que muita gente pensa que se aguentou bem, que teria descido apenas 2%, afinal o PS desceu 23%; o CDS é apresentado como tendo subido 1%, quando ao contrário o CDS desceu quase 5%; quanto ao BE também não subiu 2%, o BE não subiu nem desceu, apenas aguentou, bem, o resultado da sondagem de Maio. Tudo visto, apenas a CDU subiu, uns significativos 18%.
Bem visto, fiz aqui umas contas e deu o mesmo.
ResponderEliminarUm exagero da vossa leitura... os 9.6%... sabe-se bem que o PSD teria pelo menos uns 20%... metade dos que não responderam têm vergonha de afirmar-se fo PSD... e quando vamos ás urnas votam neles...
ResponderEliminarTiago os 9,6% que disseram que votariam no PSD não é "leitura", é facto.
ResponderEliminar"Leitura" é dizer que "metade dos que não responderam têm vergonha de afirmar-se do PSD".
Mas faço votos para que a sua "leitura" se confirme e que nas próximas eleições o pessoal que anda há 38 anos a votar nos que nos meteram neste buraco, tenha vergonha na cara e não dê de novo o seu vote ao PSD, PS e CDS.