terça-feira, 27 de maio de 2014
ELEIÇÕES PARA O PE NA PORTELA
Porque será que a maior subida da CDU no concelho de Loures foi na Portela?
É certo que os resultados da CDU nestas eleições foram muito bons a nível nacional, e melhores ainda no concelho de Loures, mas as subidas da CDU nalgumas das freguesias de Loures são mesmo espectaculares, como é o caso da freguesia de Loures com uma subida de 55,8%, ou da Portela ainda ligeiramente melhor: 56,7%.
Saber as razões para a subida de 57% da votação na CDU na Portela (6,7% dos votos em 2009 e 10,5% em 2014), é capaz de ser importante, até porque a votação de 2009 já tinha sido melhor do que a de 2004, e provavelmente a de 2004 melhor do que 1999.
De 2004 para 2014, em dez anos, a votação da CDU na Portela, para o PE, passou 6% para 10,5%, um crescimento de 75%. Crescimento efectivo que não teve a ver com o aumento da abstenção, que para o PE se manteve aqui à volta dos 52%, sendo aliás a deste ano, 51,2%, a mais baixa deste período.
Mas afinal o que é que faz crescer a votação da CDU na Portela?
Começando pelo mais simples podemos constatar que a subida deste ano não tem a ver com a campanha eleitoral, por aqui pouco expressiva e até mais fraca que a de 2009.
Não é também devido ao trabalho politico ou intervenção na vida do bairro dos membros locais do PCP, pois embora militantes respeitados, a sua intervenção a nível local é, quando muito, muitíssimo discreta.
Uma das razões poderá ter a ver com as alterações na composição social da Portela, que não corresponde já aquela imagem de há 30 ou 40 anos atrás, de gente maioritariamente privilegiada e conservadora. Muitos habitantes originais já aqui não moram, mudaram-se para outras bandas mais agradáveis ou entretanto faleceram, sendo que no geral foram substituídos por gente de trabalho, nomeadamente profissionais qualificados e empregados dos serviços.
Outra explicação que se poderá eventualmente juntar àquela pode estar relacionada com o facto de a Portela ser a freguesia do concelho de maior nível educacional, 44% de licenciados.
E a hipótese que aqui ponho, e que a concretizar-se poderia ter consequências interessantes a um nível mais geral é: Será que as pessoas com um maior nível de educação, profissionais qualificados, estão a começar a perceber melhor as causas da Crise e as consequências devastadores das politicas do Governo PSD/CDS? E será que algumas delas compreendem ainda que é o PCP a força politica mais consequente e empenhada numa inflexão deste rumo de desastre, e que por isso, ultrapassando preconceitos e receios, começam também a dar-lhe a confiança do seu voto?
Enfim, se os amigos têm uma explicação melhor, o que provavelmente não é difícil, para esta saborosa subida da votação da CDU na Portela, deixem por aqui um comentariozinho a dizer de vossa justiça.
ADENDA
Nos últimos 15 anos a Portela terá perdido cerca de 3 000 habitantes, a maioria do agora demolido bairro precário da Quinta da Vitória, de trabalhadores e outra população de baixos rendimentos. Embora a maioria daquela população tenha saído da Portela antes do inicio do período aqui analisado, 2004 a 2014, uma parte razoável só saiu da Quinta da Vitória nos últimos 10 anos, o que coincide com o crescimento do aumento da votação de 75% na CDU aqui referido, e dá ainda maior relevo ao que aqui se fala sobre o aumento de votação na CDU dos últimos 10 anos.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
A UCRÂNIA EM TUMULTO, por Israel Shamir
Por estes dias Kiev não é um local agradável para estar. A emoção revolucionária acabou, e a esperança por novos rostos, o fim da corrupção, e a melhoria económica, secou. A revolta da praça Maidan e o golpe que se seguiu apenas tornaram a baralhar as mesmas cartas marcadas, sempre à volta do mesmo poder.
O novo presidente em exercício era primeiro-ministro em exercício e ex-chefe do SBU (KGB ucraniano). O novo primeiro-ministro interino foi ministro dos Negócios Estrangeiros. O oligarca mais provável de ser "eleito " presidente dentro de dias foi também Ministro dos Negócios Estrangeiros, presidente do banco estatal, e tesoureiro pessoal de dois golpes de Estado, em 2004 (a instalação de Yushchenko) e em 2014 (a instalação dele próprio). O seu principal concorrente, Julia Timoshenko, foi durante anos primeira-ministra, até à sua derrota eleitoral em 2010.
Estas foram pessoas que trouxeram a Ucrânia para o seu abjecto estado actual. Em 1991, a Ucrânia era mais rica do que a Rússia, hoje é três vezes mais pobre por causa da má gestão e roubo dessas pessoas. Agora planeiam um velho truque: obter empréstimos em nome da Ucrânia, embolsar o dinheiro e deixar o país endividado, venderem activos estatais a empresas ocidentais e pedir à NATO para entrar e proteger o investimento externo.
Jogam um jogo duro, soqueiras e tudo. A Guarda Negra, uma nova força armada tipo SS, do neo- nazi Sector Direita, ronda o país, prendem e matam dissidentes, activistas, jornalistas. Centenas de mercenários americanos, da empresa " privada" Academi (anteriormente Blackwater ) estão espalhados pelas províncias do Leste e do Sudeste. As reformas impostas pelo FMI cortam as pensões para metade e duplicam as rendas da casa.
O novo regime de Kiev deixa cair o último disfarce de democracia, expulsando os comunistas do parlamento. Com isto ficam ainda mais bem vistos junto dos EUA. Expulsar comunistas, candidatar-se à NATO, condenar a Rússia, e tudo é possível, até mesmo queimar dezenas de cidadãos vivos, como fizeram em Odessa.
(ler continuação do artigo, aqui: http://bit.ly/1jWU6ee )
sábado, 10 de maio de 2014
LIGAÇÃO PORTELA - MOSCAVIDE: NEM RODINHAS NEM 728 DA CARRIS, O QUE FAZ FALTA É UMA LIGAÇÃO ÚNICA.
À primeira vista até pode parecer uma vantagem, ter duas ligações rodoviárias entre a Portela e Moscavide, o problema é que qualquer delas tem limitações, são uma duplicação desnecessária (o percurso é quase o mesmo), nenhuma delas de per si, nem as duas em conjunto, prestam um serviço aceitável.
O Rodinhas só opera das 7:30 às 19:30 (no verão das 8:00 às 19:00), não funciona ao fim de semana, e para quem tenha passe da Carris, e faça uma ligação por dia ao Metro de Moscavide, ida e volta, representa uma despesa adicional de 1,10 €/dia ou 24 €/mês (sem fins de semana).
O 728 da Carris é mais caro, viagem de 1,25€, ou 1,40€ bilhete comprado no autocarro, em vez dos 0,55 € do Rodinhas, pelo que na pratica é usado sobretudo por quem tem passe da Carris. Além disso o cumprimento dos horários deixa muito a desejar, dado ser uma carreira que atravessa toda a cidade do Restelo à Portela, sendo frequentes tempos de espera de meia hora ou mais, o que é de todo impróprio para um serviço de proximidade e anula completamente a vantagem de termos na Portela o Metro a cerca 2 km de casa.
O que faz falta, em vez de duas ligações, cada uma com as suas limitações, é uma ligação única Portela-Moscavide, assegurada pela Carris, tipo mini bus semelhante aos que a Carris tem nalguns bairros de Lisboa, que obviamente aceite o passe L1, que ofereça igualmente uma tarifa semelhante ao Rodinhas para quem não tenha passe da Carris, que funcione ao fim de semana (como o actual 728), e que ofereça uma ligação Moscavide/Portela das 6:30 à 1:00 da manhã, horário de funcionamento da linha vermelha do Metro.
Uma solução deste tipo teria ainda a vantagem adicional, importante nos tempos de correm, de ter menos custos do que a soma das duas ligações existentes: Rodinhas e 728 da Carris (que se manteria entre Moscavide e Restelo). A Carris teria o beneficio de adicionar à receita dos utentes do 728 as dos actuais clientes do Rodinhas, e a Câmara de Loures pouparia umas largas dezenas de milhares de euros, que actualmente paga ao concessionário pelo serviço do Rodinhas entre a Portela e Moscavide.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA VALORSUL, AGORA O QUE FAZ FALTA É TRAZER A LUTA PARA A RUA.
Conforme pode ver nesta informação "Os presidentes das assembleias municipais de Loures, Lisboa e Vila Franca de Xira, pediram no dia 30 de abril, uma reunião com o ministro do Ambiente, demonstrando a sua discordância quanto à privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF) e Valorsul". Discordância que, de acordo com a noticia, assenta no receio de eventuais prejuízos para a saúde publica se a actividade do tratamento de lixos passar para o privado.
Ora o que pode acontecer como resposta a esta linha de argumentação é o governo dizer que não há caso para preocupações e dar, no papel, todas e mais algumas garantias de que os privados vão assegurar o funcionamento impecável da Valorsul. Garantias que depois na vida real têm um efeito pouco mais de nulo, como já estamos habituados com as benditas entidades reguladores que apenas servem para dar a impressão de que, face aos privados, existe quem defenda os direitos e interesses dos cidadãos.
Parece-me por isso que não chega expressar duvidas e preocupações sobre os efeitos da privatização, e que há que pegar o boi pelos cornos, explicando claramente que a lógica empresarial do lucro é incompatível com os requisitos do serviço publico, nomeadamente numa área tão sensível para a saúde publica como a recolha do lixo.
Claro que esta linha de argumentação não contará com grande apoio ou simpatia daqueles que acham que o privado é que é bom, que o Estado não sabe gerir, e que os partidos o que querem é jobs for the boys.
É mais uma batalha da longa guerra que ainda estamos a perder mas de que temos de inverter o rumo, aliás, da guerra que já começa a dar a volta, como se viu há pouco na vitória contra a privatização da parte de Odivelas dos SMAS de Loures. Batalha a travar não só baseados em princípios mas também nos factos do que tem sido o resultado desastroso para os cidadãos da privatização da água, do lixo, e em geral dos serviços públicos.
Mas há outras linhas de defesa da manutenção da EGF/Valorsul na esfera publica que podem contar com um largo apoio dos munícipes, como por exemplo:
a) A questão da propriedade, o facto de o governo estar a espoliar os Municípios retirando-lhe mais esta receita (a Valorsul dá lucro), o que a par dos cortes no financiamento através do OE, forçam as Câmaras ou a cortar serviços ou a aumentar impostos (IMI, derramas, taxas).
b) A inevitabilidade, no caso de a privatização se concretizar de, a curto ou médio prazo, aumentarem os preços dos serviços de tratamento de lixo. O que em Loures vai claramente contra o desejo e expectativa dos munícipes que querem ver reduzida a "factura da água", que como sabem inclui o preço da água, das águas residuais e do lixo.
Por estes ou outros caminhos, o que agora faz falta é não só dar mais visibilidade ao bom trabalho que a Câmara e Assembleia Municipal de Loures, e das outras autarquias sócias da Valorsul, estão a desenvolver contra a privatização, mas sobretudo trazer a luta para a rua, para os principais interessados, os munícipes com muitas e boas razões para lutar pela manutenção do tratamento do lixo na esfera publica.
Ver também: A PRIVATIZAÇÃO DA VALORSUL, A GREVE DO LIXO, E A FACTURA DA ÁGUA.
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