EM PLENA crise política o presidente Cavaco levou 2 dias para receber o pedido urgente de audiência do António Seguro, nada mais, nada menos, que o líder do principal partido da oposição. Depois, para quinta-feira está agendado receber o Coelho para a normal reunião semanal com o primeiro-ministro, para a cavacal prestação de contas. Entretanto, como a crise não é grave, sexta-Feira vai passar o dia no fórum dos economistas, a "transar o corpo numa nice", adiando receber os partidos para a próxima semana, talvez lá para segunda-feira, para escutar as queixas, reclamações e sugestões, pois sábado e domingo é para as aulas de crochet. Como a crise não é grave, e o que anda por aí é só fumaça, o Conselho de Estado pode ficar descansado que não é convocado, podendo fazer as malas e ir para férias.
Parece que estamos a assistir a uma peça de teatro do absurdo, mas se calhar não é nada disso. Tudo o que se começou a desenrolar depois da demissão do "excel" Gaspar, da nomeação da "miss swaps" Albuquerque para as finanças e da falsa demissão do "guarda fronteiriço" Portas, não passa de uma encenação, jogo combinado, destinado a deixar espaço para que os opinantes formatem a opinião pública, consolidando a ideia de que as eleições antecipadas são uma coisa a evitar a todo o custo, uma peste, uma desgraça. E quando Cavaco puxar dos galões e decidir, vai presentear-nos com uma solução sem eleições, que passa por um governo de iniciativa presidencial, directamente do produtor ao consumidor, sem passar pela chatice das urnas de voto, e que será apoiado parlamentarmente pelo patriótico acordo celebrado entre o PSD e o CDS-PP, com a respectiva benção cavacal. E tudo isto porque o Coelho não serve, é um paspalho que tem que ir embora, mas o seu legado tem que ficar intacto e disponível para ser aprofundado, continuando a "tratar da saúde" aos portugueses. Como diria Francisco Sá Carneiro, uma maioria, um governo e um presidente, é para isso que servem. Nem mais!
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